No mundo das relações ecumênicas existem sinais de fadiga e de canseira. A experiência assemelha-se àquela vivida pelo filho pródigo, conforme Lucas 15, antes de sair de casa.
Porém, há janelas abertas; é possível vislumbrar a paisagem marcada por novidade. Janelas abertas convidam a sonhar. No contexto das pequenas ou grandes crises, os sonhos apontam à necessidade de transformação, de arrependimento e de busca de novidade. Enfim, Deus veio morar entre nós humanos como príncipe da paz. Diante da cegueira que vitimou Saulo, o perseguidor dos cristãos, ele reagiu. Colocado diante do paralítico, Jesus ordenou ao doente: levanta-se, tome o teu leito e vai...
Na comunidade de natureza ecumênica, há pessoas que anseiam o sonho de shalom, o sonho da paz! A existência do povo de Deus depende do shalom. Embora o termo nos faça recordar a ausência de conflitos, de adversidades ou de guerra, o shalom de Deus é mais abrangente. O conceito shalom indica para a justiça que foi reconstruída, aponta a relacionamentos equilibrados e recompostos; é oferta de Deus que promove alegria, esperança, oferece o que é necessário á vida individual e coletiva.
É contrato cumprido entre as partes. Deus Javé é o sujeito da meditação. É ele que traz a paz para dentro do mundo. Shalom é muito mais do que só um bom desejo, um abraço amigo; é realidade nova para inaugurar um novo tempo. A cruz e a Páscoa tansforma-se em elementos fundamentais para a existência do shalom e permitem qualidade nova nas relações ecumênicas. Se o shalom de Deus assume, em Israel da aliança antiga, a base para uma esperança nacional, quanto maior a esperança para nós povo luterano, católico romano, presbiteriano, metodista, batista ou pentecostal! Esperança também para aquelas pessoas que nada crêem.
Os profetas do antigo Testamento anunciaram que diante da novidade os caminhos estariam aplanados e retos. E caminhos aplanados contrastam com as pedras, com os altos e baixos dificultando a caminhada. O profeta Ezequiel ao enxergar a passagem do vale dos ossos ressequidos faz perfilar uma vida nova; é a esperança de novidade à vista que determina o relacionamento entre o povo e Deus. Porque o povo que andava em trevas viu uma forte luz, a luz brilhou sobre os que viviam nas trevas.
Em razão da Páscoa, nos sentimentos animados a conviver no Jardim da Ressurreição. A partir dele somos enviados à cooperação na missão de Deus. Em Cristo Jesus, Deus restabelece o shalom, a verdadeira paz! Por isto é possível vivenciar, no cotidiano da vida em sociedade, o ministério da reconciliação. Cumpre-se o que anuncia o apóstolo Paulo quem está unido com Cristo é nova pessoa: acabou-se o que era velho, e já chegou o que é novo.
Manfredo Siegle
pastor sinodal do Sínodo Norte-catarinense
da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB)
em Joinville - SC
Diocese Informa - 05/2007