SEMANA DA UNIDADE CRISTÃ
Podemos ser já hoje, agora, verdadeiros discípulos. Ninguém pergunta quem ou o que somos, fomos ou seremos, religiosamente interessados ou não, etc. Que cada um seja e faça o que for. Se formos verdadeiros discípulos, o futuro dirá o que podemos ou devemos ser e fazer.
Discípulos são seguidores, que estão em sua companhia. O que os diferencia dos outros é que ele está em seu meio. E que podem ser suas testemunhas. Pessoas que podem ouvir quem ele é e qual a sua dádiva. Que não confundem mais o tempo anterior e posterior a ele.
Não crêem mais poder ajudar-se a si mesmos, justificar-se. Que também não acreditam mais estar sob o domínio de um destino cego. Para os quais o Reino não pertence mais a uma eternidade distante e fria, porque está em seu meio, porque já viram a vitória desse Reino. Que sabem que o que viram e conhecem deve ser visto e tornado conhecido por todos. Sabem que devem dizê-lo aos outros. Pessoas que têm uma missão (tarefa) na história.
Verdadeiros discípulos (autênticos, legítimos). Poderia haver discípulos ilegítimos, inautênticos, pessoas que se rotulam de cristãos, por quaisquer razões. Que pretendem manter uma certa tradição. Representantes da assim chamada civilização cristã.
Nós não queremos arremessar a primeira pedra. Quem terá a certeza de não ser um cristão de tal calibre? Por nosso próprio esforço, dificilmente alcançaremos algo diferente disso.
Não queremos prosseguir nesta linha.
Verdadeiros discípulos são pessoas que não podem mais colocar Jesus entre parênteses, ignorá-lo em seus corações e consciências, ignorá-lo em suas vidas e no mundo. Que não têm mais escolha, se querem ou não segui-lo, se querem ou não cumprir a missão, a tarefa que lhes foi confiada. E é Jesus mesmo quem nos diz que podemos sê-lo, hoje, agora. Que a oportunidade está às portas.
Como verdadeiros discípulos, conheceremos a verdade. Através das trevas e inseguranças do futuro, contemplamos um futuro claro e certo. A verdade nua e crua, sem véus nem dissimulações nem disfarces. A verdade — bondade de Deus que sustenta todas as coisas. Nossa miséria e culpa irreversíveis. Jesus mesmo — fundamento, sentido e alvo de nossa vida. (e do mundo!).
Mas — futuro. Pois, no presente, temos de reconhecer que deixamos de conhecer a verdade ou ainda não a conhecemos.
Por que isso? Porque a verdade é sempre de novo soterrada, tapada pelos equívocos que povoam nossas cabeças e nossas consciências.
Mas nunca ouvimos a verdade? Indubitavelmente! E até seguido! Mas sempre voltamos a esquecê-la. Não há nada que o homem esqueça mais seguido e mais frequentemente do que a verdade.
No futuro — de uma maneira total. Agora, umas prestações, em parte, tanto quanto necessitamos, sempre de novo, o suficiente para a semana que começa ,para os próximos momentos difíceis.
Nós conheceremos a verdade. Nossos olhos cegos, ouvidos surdos. Nossas mãos insensíveis.
Ele, a verdade, romperá as cadeias, às quais estamos acorrentados, nas quais nos acorrentamos.
Seremos livres (futuro!). A verdade nos libertará (há uma relação). A verdadeira verdade é outra coisa do que aquilo que consideramos como verdade. Ela é uma pessoa que liberta (não nós!)
Como acontece isso? Ele nos demite, nos destrona de nossa posição de senhores e mestres de nós mesmos. Ele toma nosso lugar, assume a direção e a responsabilidade. E dá a permissão de deixarmos tudo por sua conta.
Pois quem (e isso é o caso de todos nós!) continua a querer ser seu próprio senhor, não passa de um prisioneiro de si mesmo. Tal pessoa é um indiciado de seu próprio IPM. Arrastado de um interrogatório a outro. A preocupação. O medo. O desespero. O contraste da liberdade de si próprio! Liberdade dada e não usurpada!
Se permanecerdes na minha palavra! Sem acrescentar ou subtrair, acreditar numa palavra. Sem vagabundear em torno dessa palavra! Sereis meus discípulos.
(Juiz de Fora)
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Era totalmente dedicado à sua comunidade, aos inúmeros amigos católicos, ao magistério e aos alunos. Cristo vivia nele...
(Palavras do Pe. Jaime — Sup. n.° 4 — pág. 27)