Dezoito músicos luteranos da Europa, África, Ásia e América Latina participaram do Workshop Internacional de Música promovido pelo Centro de Missão e Estudos Inter-Culturais da Igreja Luterana da Baviera, em Neuendettelsau, Alemanha. O professor da Faculdades EST Dr. Werner Ewald, de São Leopoldo (RS), representou a IECLB no evento, realizado sob o tema “Sons de júbilo”, entre os dias 1º e 23 de julho.
Os músicos, homens e mulheres na idade de 21 a 50 anos, receberam a incumbência de preparar o programa para um concerto de duas horas (em oito apresentações), com músicas de diferentes etnias e culturas, usando os mais diferentes ritmos e instrumentos. Entre os instrumentos estiveram violão, acordeão, tambores africanos, flauta chinesa e os mais diferentes instrumentos de percussão. Cantou-se nas mais diferentes línguas, em igrejas, salas de concerto e em palcos ao ar livre. Quatro integrantes do grupo foram destacados para assumir a regência: Bridget Ngeiyamu (Tanzânia) foi a regente da África; Cynthia NG Ling Fung (Hong-Kong), da Ásia; Hans-Georg Stapff (Alemanha), da Europa; e Werner Ewald (Brasil), da América Latina.
Em concerto ao ar livre, Werner Ewald rege os músicos e a platéiaA programação toda foi montada em uma semana de intenso trabalho, das 8h da manhã às 9h da noite. “Não foram férias. Foi trabalho intensivo. Foi uma experiência absolutamente fascinante”, testemunha o professor da EST. Para participar deste workshop, além de ser músico, também era exigência dominar o inglês. Cabia a cada participante apresentar algo da cultura de seu país e do fazer musical de sua comunidade, o que foi inserido nos concertos. Werner levou aos palcos alemães duas canções do folclore brasileiro, “Asa Branca” (de Luiz Gonzaga) e “Cantai ao Senhor um cântico novo” (do Hinário do Povo de Deus I), o “Glória”, da Argentina, e uma peça da Nicarágua. Nos concertos, na maioria à noite, houve música, dança e encenações – com cerca de 25 peças – baseadas nas tradições dos diferentes países representados no workshop.
Os músicos com os seus diferentes instrumentos musicaisA idéia era o ensino inter-cultural e musical. E funcionou muito bem. Reforçou que a música é linguagem de comunicação universal, captada pelos músicos e transformada em sons, aponta o representante da IECLB. Segundo estimativa dos organizadores, em torno de duas mil pessoas assistiram aos oito concertos. As apresentações se deram em Munique, Augsburg, Wittenberg e Neuendettelsau. Além disso, participantes do workshop também puderam falar e ensinar sobre música em encontros com adolescentes e jovens em escolas da região. O propósito deste workshop e dos concertos foi marcar a transferência dos escritórios da Igreja da Baviera de Munique e de Nürenberg para o escritório central, em Neuendettelsau. A ação missionária da Igreja passa a estar sob o slogan “Mission Eine Welt” (Missão um mundo).Segundo Werner Ewald, a intensão da Igreja da Baviera foi não apenas convidar teólogos que fossem falar sobre missão dentro desta nova proposta conjugada, mas, sim, que esta missão fosse cantada e transformada em sons.“A platéia alemã não é fácil de mover, o que não quer dizer que não esteja gostando das apresentações. Mas, para nossa surpresa, conseguimos mover as pessoas, mexer com elas!”, comemora Werner. As peças dos concertos também serão reproduzidas em cd.
Etno-musicólogo, Werner Ewald se diz um privilegiado com a oportunidade oferecida pela Igreja da Baviera e está convicto que esta experiência enriquecerá a sua formação, e, conseqüentemente, a sua atuação na área da música. “Foi-nos dada uma visão mais global sobre o que se está fazendo em termos de música litúrgica nos diferentes países”, emenda. Ele não tem dúvidas de que no Brasil se tem muito a ensinar e a oferecer em termos de música e liturgia. “É preciso, porém, divulgar mais este nosso trabalho”, destaca.Segundo seu testemunho, os músicos que participaram do workshop sentiram-se muito valorizados e gratificados, pela oportunidade de poder mostrar o que se faz em suas comunidades, igrejas e instituições. “Foi uma experiência de grande valorização, da música e dos músicos. Uma valorização do poder que a música tem de comunicar, de mexer, de mover as pessoas”, conclui Werner Ewald. (Texto: Ingelore S. Koch; fotos: divulgação)