Estamos em plena Quaresma; nossa lembrança nos leva ao símbolo mais destacado na Igreja de Jesus Cristo: a Cruz! Cruzes fazem parte da arquitetura dos nossos templos, se destacam nas vestes e nos gestos litúrgicos.
A cruz sempre foi um dos sinais mais presentes, firmando comunidades e pessoas cristãs, em especial, nos tempos difíceis.
Por que este destaque conferido à cruz, sobretudo na comunhão dos discípulos e das discípulos/as de Jesus?
A cruz lembra o estranho agir de Deus na história da humanidade; situa-se num contexto de mundo doente, porém, amado por Deus. Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para envergonhar os sábios e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar os fortes, citando palavras do apóstolo Paulo, em sua primeira carta aos cristãos em Corinto. A cruz de Cristo revela o compromisso de Deus com a fraqueza humana e com os fracos.
A fé cristã não se alimenta de uma religiosidade medíocre, onde nada de novo e transformador acontece. A confiança das pessoas cristãs é motivada pela ação de um Deus diferente e estranho.
A razão da história das comunidades cristãs remonta ao Cristo crucificado, no entanto, vencedor sobre o poder da morte. A Sexta-Feira Santa, o tempo da Quaresma e o evento da Páscoa andam de mãos dadas. Por detrás da caminhada ecumênica, descobrimos muita dedicação de pessoas humanas. O Cristo da cruz, nos percalços e nas dificuldades, assim como nos avanços e nas alegrias, e razão maior dos nossos esforços conjuntos; um bom testemunho da fé.
Cristãos e cristãs apostam na graça e no amor repartidos por este Deus, de atitudes tão estranhas. As propostas que determinam o desenvolvimento na sociedade moderna tem gerado pessoas vidradas no orgulho e na exaltação própria, onde eu cresço e os demais precisam viver por baixo.
A presença da cruz aponta à miséria humana e, ao mesmo tempo, testemunha o amor ilimitado de Deus para com todas as criaturas e criações.
Discípulos do Cristo crucificado não vivem sob o espírito derrotista; a fé não leva à negação do mundo. Seguidores e seguidoras de Cristo não se fecham em relação às expressões da cultura, da arte e da ciência. O Deus da cruz mostra que seres humanos são incapazes de promover vida abundante, incapazes de produzir a salvação, por mérito próprio. A graça de Deus irrompe, na cruz e na Páscoa, neste mundo onde quase nada mais acontece de graça!
Desde que foi erguida a cruz, em Gólgota, vale a pena viver e servir, em nome da fé, nas comunidades, na Igreja, dentro do movimento ecumênico. A cruz de Cristo nos liberta a viver, não o amor ao poder, mas de vivermos juntos o poder do amor!
Manfredo Siegle
Pastor Sinodal do Sínodo Norte-Catarinense
da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB)
em Joinville - SC
Diocese Informa - 03/2008