Deuteronômio 1. 19-35: Deus marcha a tua frente e te carrega.
Salmo 145. 9-20: Deus é o apoio de todos os que caem.
Tiago 1. 9-11: O rico passará como a flor dos prados.
Lucas 19. 1-10: O olhar de Cristo fez Zaqueu descer da árvore.
Falar em pobreza e exploração econômica na atual conjuntura política parece chover no molhado. Muito se tem falado sobre isso. As notícias do crescimento do desemprego viraram rotina. Direitos adquiridos estão sendo tirados. Notícias de assassinatos e violência viraram rotina e podem estar cada vez mais próximos. Corrupção e impunidade parecem ter virado rotina. Somos convidados no meio de tudo isso a refletir sobre pobreza e exploração econômica. Para tanto, gostaria de convidar para refletirmos a partir do encontro de Jesus com Zaqueu, relato encontrado no Evangelho segundo Lucas 19. 1-10.
Reflexão
Esse encontro de Jesus com Zaqueu deve ser um dos mais conhecidos em nossos dias. Há alguns anos uma música sobre esse encontro fez tanto sucesso que estava entre as mais tocadas no Brasil. A letra dizia “Como Zaqueu, quero subir o mais alto que eu puder”. O publicano Zaqueu era possivelmente bem conhecido em Jericó. Mas certamente não era benquisto. Sua função era cobrar impostos. Ele aproveitava para que as cobranças fossem um pouco mais altas do que eram para garantir um bom extra para ele. Isso causava revolta entre seu povo, o que lhe trazia isolamento social. Ele havia feito fortuna explorando economicamente os menos favorecidos do seu povo. Por isso, creio que este relato nos ajuda nessa reflexão. Com certeza, é mensagem também para os nossos dias. Diante disso, fica a pergunta sobre o nosso papel enquanto igrejas cristãs.
Creio que o grande anseio que vivemos é o da justiça. Esse tem sido o discurso forte do momento. Para isso, podemos olhar para a atitude de Jesus. Ela nos ajuda. Como igreja é impossível falar de justiça sem levar em conta a centralidade do Cristo que olha para o ser humano e transforma vidas e realidades. Justiça provém da cruz. Transformação social começa com a transformação do ser humano e isso só pode acontecer se este se coloca diante da Cruz.
O olhar de Cristo fez Zaqueu descer da árvore. A mensagem do texto deveria ser enfocada no ato de descer, não no subir, como diz a música. Para encontrar a Cristo e experimentar a salvação, libertação, Zaqueu foi chamado a descer daquela árvore. Como igreja, o nosso papel consiste nisto: convidar todas as pessoas a descerem dos seus pedestais para experimentarem esse encontro com o Cristo, descerem daquilo que os faz estar numa posição de colaboradores do sistema de injustiça que continua para servir como servos em amor. Esse precisa ser o foco principal. Talvez como igreja temos esquecido este fundamental valor fraternal, focando muito em conjunturas e esquecendo de cuidar das pessoas.
Incrível é a transformação de Zaqueu. Restituiu o que era indevido. Compartilhou parte de seus bens aos necessitados. Praticou um amor que é impossível sem o encontro com Jesus Cristo, o verbo eterno de Deus. É Ele, enquanto fonte de amor, que inspira a cada um e cada uma de nós a vivenciarmos e construirmos sinais do seu reino neste mundo, enquanto lutamos para quebrar os sistemas de injustiça e instauramos um mundo de mais justiça. Isso começa por pequenos atos. Pequenas atitudes. Pensar para além do próprio eu. Ser um em Cristo e de todos irmãos e irmãs.
Oração
Senhor, nosso Deus, que a nossa oração seja sim por justiça. Esta justiça, que vem do Cristo que transforma vidas em realidades! Fazei com que a Igreja de Cristo (pensando aqui além dos muros dos templos) seja o espaço onde vidas, onde histórias e realidades sejam transformadas pela ação de Deus. Que sejamos todos nós instrumentos nas mãos de Deus. Sejamos braços e abraços do Deus da Justiça! Amém.
A mão de Deus está elevando nossa terra, erguendo os caídos um por um; cada um tem seu nome conhecido, e é resgatado agora da vergonha pela elevação da mão de Deus que une e liberta.