Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil e Ecumene



ID: 2676

Pela Unidade da Fé

19/07/2007


Querida e querido internauta,

querido bispo Josué, querido pastor Alemar, querida pastora Noeme, querido padre Baltazar, querida irmã Darci, querido irmão Max...

Tenho duas irmãs e um irmão de sangue. São, sem dúvida alguma, uma bênção em minha vida. São um grande presente de Deus. O convívio entre nós quatro, na infância, na adolescência, na juventude a agora na idade adulta sempre foi marcado por altos e baixos. Graças a excelente educação recebida de nossa mãe e de nosso pai, tivemos muito mais momentos de ordem do que desordem, de harmonia do que desarmonia, de bom convívio do que de conflitos. É lógico que todo convívio também traz dificuldades de convivência. Isto é normal e até certo ponto saudável.

Às vezes meu irmão ou minhas irmãs faziam ou diziam algo com que eu não podia concordar. Às vezes esta discordância se tornava tão aguda que surgiam algumas briguinhas (coisa de irmãos!). Mas, só porque eu não concordava com isso ou aquilo, isto não significava que eles deixavam de ser meus irmãos.

Mas também acontecia que às vezes eu fazia algo que desagradava a eles. Ah, quantas vezes eles devem ter ficado muito irados comigo. Mas nem por isto deixávamos de ser irmãos. Nem de longe considerávamos os outros, em tais situações, como irmãos deficientes. Pelo contrário, era sempre uma oportunidade para uma boa e franca conversa. E muitas das vezes a conversa nos ajudava a entender o outro, outras vezes a conversa mostrava que tínhamos opiniões diferentes e que era necessário respeitar estas diferenças.

Creio que muitos já entenderam onde quero chegar. É isso mesmo: a recente declaração do Vaticano (mais especificamente da Congregação para a Doutrina da Fé).

Para quem não sabe, a Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR) afirmou que a única Igreja verdadeira é ela e todas as demais são Igrejas deficientes, incompletas, em outras palavras, não são Igrejas em sentido pleno.

É triste, lamentável e repugnante tal declaração. Esta afirmação (que tenho certeza não ser compartilhada por inúmeros católicos e católicas) mostra que o Corpo de Cristo está doente, ou, falando de outra forma, Cristo mais uma vez está experimentando a crucificação. Na verdade, nestes dois mil anos de cristandade, Cristo sempre de novo está experimentando a crucificação. Muitas e muitas vezes são cristãos e cristãs que estão crucificando-o.

Mas, para ser sincero, este posicionamento da ICAR não é novidade. Não é a primeira, nem a segunda e nem a centésima vez que a ICAR exterioriza seu entendimento de eclesiologia, do que é ser Igreja.

Este posicionamento também não é exclusividade da ICAR. Infelizmente, muitas e muitas Igrejas Evangélicas têm este mesmíssimo posicionamento referente às outras Igrejas, e de forma especial, contra a ICAR. Uma Igreja Evangélica até se retirou de organismos ecumênicos devido à presença da ICAR nestes organismos. Muitas outras não participam destes mesmos organismos ecumênicos devido à presença da ICAR.

Ora, Cristo não quer sua Igreja dividida. Cristo quer se fazer presente na vida de todas pessoas através de sua Igreja.

O apóstolo Paulo sabiamente usou a parábola do corpo humano para descrever a importância de cada membro no corpo. Cada membro tem sua função e importância neste corpo. E nenhum membro deve considerar-se inferior aos outros (1ª Co 12.15) e nenhum membro deve considerar-se superior aos outros (1ª Co 12.21). Mas os membros devem cooperar entre si para que o corpo fique saudável.

Esta parábola muito bem expressa a necessidade de cooperação e de respeito mútuo entre as diversas denominações cristãs. Nenhuma deve se considerar inferior às outras e nenhuma deve considerar as outras inferiores.

A ICAR e todas as Igrejas Evangélicas precisam abrir-se para o sopro do Espírito Santo, afinal de contas, Ele sopra onde quer, quando quer e sobre quem Ele quiser. O Espírito Santo é o animador (dá ânimo!) da Igreja de Cristo e não uma marionete nas mãos das igrejas que se sentem superiores às outras.

O diálogo entre as Igrejas precisa continuar existindo. Precisa ser um diálogo franco, profundo. E neste diálogo vamos continuar descobrindo que existem muitas coisas que unem nossa Igreja a tantas e tantas outras Igrejas de Jesus Cristo. E vamos também continuar descobrindo que existem posicionamentos divergentes sobre certos temas e que estes posicionamentos precisam ser respeitados. Já nos idos tempos medievais Rupertus Meldenius dizia: Nas questões essenciais: unidade! Nas questões de dúvida: liberdade! Porém, em tudo: amor!.

Também o que Raniero Cantalamessa certa vez disse dirigindo-se a um grupo de centenas de pessoas de diferentes denominações vale ainda hoje, para nós, cristãos e cristãs: Quando nós cristãos brigamos, estamos dizendo a Deus: 'Escolhe entre nós e eles!'. Mas o Pai ama todos os seus filhos. Deveríamos dizer: 'Aceitamos como irmãos todos aqueles que Tu, Pai, recebes como teus filhos!'.

Quero encerrar a meditação desta semana com um pequeno texto de Johnson Gnanabaranam, mas antes de transcrever o texto, quero desejar aos irmãos e às irmãs católicas, que irão se reunir na semana que vem em Uberlândia/MG, no grande encontro das CEB's, as mais ricas bênçãos de Deus e que o Espírito Santo possa continuar animando cada participante na sua caminhada do dia-a-dia.

Pela Unidade da Fé

Santo Espírito, Criador da comunhão,
Tu constróis pontes entre raças e povos diferentes.
Guia os povos de todo o mundo à unidade da fé.
Santo Jesus, Salvador da humanidade,
Tu morreste pelos seres humanos de todos os continentes.
Guia a todos nós da perdição à salvação.
Santo Pai, Criador da humanidade,
Tu criaste a todas as pessoas de um sangue só*.
Nós, porém, distinguimos e separamos pessoas de pessoas.
Guia-nos da dispersão e do desmembramento à união.
Velas podem ter cores distintas,
mas as suas chamas têm a mesma aparência.
Ajuda-nos a compreender que todos nós
somos teus filhos amados,
apesar de pertencermos a raças, povos, nações e Igrejas diferentes.
Ouve nossa oração pela unidade da fé,
por tua graça e por teu amor.
Amém!

*Atos 17.26

 

Em, Senhor, Renova-me, de Johnson Gnanabaranam.
Editora Sinodal

 

Um abraço envolvente à todas irmãs e irmãos das mais diversas Igrejas,
Klaus Dieter Wirth, pastor


Autor(a): Klaus Dieter Wirth
Âmbito: IECLB / Sinodo: Brasil Central / Paróquia: Uberlândia (MG)
Área: Ecumene / Organismo: Igreja Católica Apostólica Romana - ICAR
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 7329

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