Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil e Ecumene



ID: 2676

Oração Comum - Do Conflito à Comunhão

Comemoração conjunta luterano-católico romana da Reforma em 2017

19/09/2016

 

PROPOSIÇÃO DE CULTO ECUMÊNICO PARA A COMEMORAÇÃO CONJUNTA LUTERANO-CATÓLICA DA REFORMA EM 2017

DO CONFLITO À COMUNHÃO

Texto elaborado pelo Grupo de Liturgia da Comissão Luterano – Romano-católica da Unidade.
Edições paralelas em Francês, Alemão e Espanhol.
Capa: Kai-Michael Gustmann
Layout: Federação Luterana Mundial

INTRODUÇÃO AO CULTO ECUMÊNICO PARA COMEMORAÇÃO ECUMÊNICA

Esta liturgia marca um momento muito especial no caminho do conflito à comunhão entre Luteranos e Católicos. Oferece uma oportunidade para olhar para trás em ação de graças e confissão, e olhara para frente comprometendo-nos ao testemunho comum e continuando nosso caminho juntos. A comemoração ecumênica dos 500 anos da Reforma reflete na sua estrutura litúrgica básica o tema da ação de graças, do arrependimento e do testemunho comum e o compromisso, assim como foi exposto no documento Do Conflito à Comunhão. Comemoração luterano-católica comum da Reforma em 2017. Relatório da Comissão Luterano – Católico-Romana para a Unidade. Estas características do Culto Ecumênico espelham a realidade da vida cristã:

Formadas pela palavra de Deus, as pessoas são enviadas para o testemunho comum e o serviço. Nesta comemoração particular e única, agradecimento e lamentação pelos erros, alegria e arrependimento, caracterizam o canto e a oração com os quais comemoramos os dons da Reforma e pedimos perdão pela divisão que temos mantido ao longo do tempo. Agradecimento e lamento, contudo, não estão sozinhos: eles nos convidam ao testemunho comum e ao compromisso uns com os outros e com o mundo.

Orientações Práticas

Papéis a serem desempenhados neste Culto Ecumênico

Para esse culto ecumênico, são definidas duas funções: presidência e leitores. A presidência é exercida por duas pessoas, sendo uma de confissão católica e outra luterana. Da mesma forma para a função de leitor: haja uma pessoa luterana e outra católica. E que a função de presidência e leitor não seja realizada pelas mesmas pessoas.

Na segunda parte do culto, outras pessoas, diferentes das primeiras, sejam convidadas para a função de leitura das preces. Caso haja visitantes ecumênicos, também ele(a)s podem ser convidados.

Orientações para o Culto

Música

Os cantos aqui sugeridos são apenas exemplos. São pensados para um contexto multicultural. Cada contexto e língua, cada lugar e cada tempo, vai encontrar seus hinos, cantos e canções que cumprem o mesmo papel dos sugeridos aqui. A escolha de músicas adequadas começa com a compreensão da função do canto na liturgia.

Canto inicial

O canto ou hino inicial seja um canto que nos reúne em ação de graças e no nome do Deus triuno. Podes ser tanto um hino clássico, conhecido por católicos e luteranos, ou uma canção moderna. Por exemplo “Praise to the Lord, the Almighty” (Lobe den Herren) ou um canto mais novo do Brasil, como “Cantai ao Senhor” (Spanish “Cantad al Señor; em English “O Sing to the Lord”). Também é bem conhecida a canção Somos gente da esperança.

Saudação inicial

A saudação inicial pode ser feita de duas maneiras e o diálogo inicial do culto pode ser de várias formas. Em algumas regiões, é praxe iniciar no nome do Deus Triuno. Em outras, é mais usual iniciar a oração com “Abre, Senhor, os meus lábios...” seguido da oração de doxologia ao Deus Triuno. Em seguida, as pessoas que presidem, de ambas confissões, saúdam aos presentes convidando à participação no culto.

Um(a) leitor(a) lê, então, uma passagem do documento de estudo Do conflito à comunhão para explicitar o motivo por que Luteranos e Católicos estamos reunidos nesse culto. Essa passagem inclui também uma leitura da Escritura (1 Cor 12:26). Uma das pessoas que preside conclui essa parte com uma oração invocando o Espírito Santo.

Depois dessa abertura e oração inicial, a assembleia se une para cantar um hino invocando o Espírito Santo a fim de que ilumine os corações e a oração.
Como canções apropriadas sugerem-se “O Living Breath of God/Soplo de Dios viviente” or “Gracious Spirit, Heed our Pleading” ou cantos mais meditativos ao estilo Taizé (por exemplo “Veni Sancte Spiritus”) ou canção como “Come Holy Spirit, Descend on Us” (Iona Community).

Ação de graças

Após a abertura, olhamos juntos para trás em ação de graças e arrependimento. Estas duas seções iniciam com leituras e reflexões tanto do lado católico quanto do lado luterano. A seção de ação de graças conclui com uma oração e um canto de agradecimento. A seção de arrependimento leva à confissão, cantando o salmo 130, a promessa do perdão em Cristo e a saudação (com abraço) da paz.

A seção intitulada Ação de Graças, exprime nossa alegria mútua pelos dons recebidos e redescobertos por diferentes vias através da renovação e dos impulsos trazidos pela Reforma. Depois da oração de ação de graças, toda assembleia se une para agradecer e louvar a obra de Deus. Aqui podem ser usados cantos de louvor conhecidos de toda assembleia. Alguns exemplos: “Thanks Be to You Forever” (Marty Haugen) ou“To God Our Thanks We Give” (“Reamo leboga” de Botswana) ou “Laudate Dominum” de Taizé.

Ato penitencial

Depois de duas leituras que ajudam a contextualizar a confissão dos pecados, o(a)s presidentes convida(m) a assembleia para uma oração em três partes. Em primeiro lugar, se expressa a dor pelo fato de boas ações da Reforma muitas vezes terem consequências negativas involuntárias. Em segundo lugar, a assembleia reconhece a culpa do passado. E em terceiro lugar, confessa sua própria acomodação que tem mantido a divisão do passado e tem colocado ainda mais obstáculos nos dias atuais. A assembleia se une aos presidentes respondendo a cada invocação com o canto do Kyrie Eleison [ou uma outra resposta correspondente].

Segue-se o canto do Salmo 130 (Das profundezas). Recomenda-se o texto do próprio Salmo ao invés de paráfrases, pois existem várias versões cantadas disponíveis, seja em canto gregoriano ou outras versões mais elaboradas com antífonas e responsórios cantados (por exemplo, Gelineau, Farlee, Haugen, Joncas). [Considerar também versões brasileiras]

Ao Salmo segue a promessa do perdão em Cristo pronunciada em conjunto ou alternadamente pelo(a)s presidentes, que convidam a assembleia a partilhar a paz e a reconciliação. Durante o gesto de paz pode ser cantado “Ubi Caritas” (Taizé). Esse canto enfoca o tema da unidade: onde estão o amor e a caridade, Deus aí está. Pode ser repetido enquanto dura o gesto de partilha de paz.

Testemunho Comum e Compromisso

A ação de graças e o arrependimento conduzem a assembleia ao testemunho comum, ao compromisso e ao serviço.

Seguindo ao gesto de paz, a assembleia escuta o texto do Evangelho lido por algum do(a)s leitore(a)s. O Evangelho de João 15, situa Jesus no centro. Sem Cristo, nós não podemos fazer nada. Em resposta à leitura do Evangelho, o(a)s presidentes fazem uma homilia comum (ver as orientações para homilia).

A assembleia professa a sua fé comum nas palavras do Símbolo Apostólico.

Segue um canto preparando a comunidade para passar da escuta da Palavra a assumir compromissos bem específicos que são enunciados nos Cinco Imperativos encontrados no texto Do conflito à Comunhão. O caráter do canto com que se introduz esse momento pode orientar a assembleia para o serviço no mundo. Por exemplo, “O Lord, We Praise You” (Lutero) ou “Lord Keep Us Steadfast” (Lutero) ou “We All Are One in Mission” (hino finlandês).

[Nota: Se a profissão de fé é cantada, um outro canto não é necessário ou pode ser cantado depois da introdução dos Cinco Compromissos, como por exemplo, “Our ecumenical journey continues...”].

Anunciam-se os Cinco Imperativos à assembleia.

Jovens podem fazer a leitura dos compromissos.

Depois de cada leitura, alguém acende uma das cinco grandes velas que estão ou no altar ou num bonito arranjo próximo. (Para acender a vela, pode convidar-se uma criança ou alguma família, especialmente famílias ou casais que representam casamentos ecumênicos católico-luteranos). O círio pascal pode servir como a luz principal na qual as velas são acesas, refletindo assim a leitura do Evangelho, pois sem Cristo nada podemos. O círio pascal pode ficar próximo da pia batismal.

Depois dos cinco compromissos, canta-se um hino com o tema da luz. Por exemplo, “Christ Be Our Light” (Bernadette Farrell) ou “Come Light, Light of God” (Community of Grandchamp, Switzerland) ou “Kindle a Flame” (Iona Community) ou “Within our darkness night, you kindle a fire that never dies away” (Taizé).

A Assembleia ora. As intercessões são dirigidas a Deus cuja misericórdia permanece para sempre. Podem ser adaptadas ao tempo e ao lugar, acrescentando ou editando intercessões conforme as necessidades da situação local e do momento da situação mundial.

Segue-se a oração do Senhor – o Pai Nosso.

O culto se encerra com os agradecimentos e a bênção pronunciada pelo(a)s presidentes1.

O canto depois da bênção é um canto que, na alegria, envia ao mundo. Se o culto ecumênico foi iniciado com um canto tradicional bem conhecido, o canto de despedida pode ser um hino mais recente que aponta para o futuro de Deus. Por exemplo, se no início, a assembleia cantou “Praise to the Lord, the Almighty” [Lobe den Herren], pode concluir com “Cantai ao Senhor”.

Observações sobre a homilia

A homilia deve refletir o vínculo entre Jesus Cristo como o centro e fundamento da Igreja (Jo 15) e a comemoração dos 500 anos da Reforma como parte do caminho do conflito à comunhão, conduzindo a assembleia reunida a um compromisso continuado de testemunho, serviço e oração pela unidade.

A comemoração da Reforma deve celebrar Jesus Cristo uma vez que para os reformadores sua principal tarefa consistia em apontar para Cristo como “o caminho, a verdade e a vida” e em convocar as pessoas a confiarem em Cristo. Cristo seja celebrado. Martinho Lutero e outros reformadores queriam somente ser “testemunhas de Cristo”.

Uma vez que a homilia (ou as duas homilias) não devem ser muito longas, quem prega deve focar em Jo 15 e sua conexão com o caminho Do Conflito à Comunhão como descrito acima.

Os elementos de ação de graças e penitência, mencionados anteriormente na liturgia, podem ser ilustrados com exemplos da própria comunidade. Contudo, não devem ser muitos tópicos. A homilia tenha uma linha clara: deve levar, de uma parte, a focar em Cristo, no testemunho de Cristo, buscando a unidade de uma única videira, e, de outra, no envio para o serviço comum com e para os outros em comunhão com Cristo.

O capítulo 5 do texto Do Conflito à Comunhão pode ser particularmente útil para estabelecer a estrutura de uma homilia conjunta pelo fato de apresentar várias posições sintéticas.

O(a)s pregadore(a)s podem refletir também a respeito dos Cinco Imperativos, encontrados no Capítulo 6. Esses imperativos podem ser desenvolvidos em referência específica ao contexto local.

O texto da Escritura é Jo 15:1-5.

- Cristo aplica a si próprio a expressão “verdadeira videira”, mas a videira não pode existir sem ramos: Cristo não quer ficar sem a Igreja, assim como a Igreja não é nada sem Cristo; sem Cristo nós nada podemos.

- Só existe uma verdadeira videira. Todos os ramos são ramos da videira, e, portanto, são chamados à unidade. À medida que nos aproximamos de Cristo, nós também nos aproximamos uns dos outros. O evangelho de João se concentra na comunhão com Cristo que é o rosto da misericórdia do Pai.

- Os ramos não existem para si mesmos, mas para produzir frutos. O fruto é duplo: testemunho e serviço. Quem crê em Cristo e a Igreja como um todo são testemunhas do dom recebido. São testemunhas da vida com Cristo e da salvação por Cristo. O mundo que sempre de novo esquece a Deus, precisa desesperadamente desse testemunho. Em comunhão com Cristo, nós somos chamados a servir aos outros como Cristo faz conosco. No contexto atual, um fruto importante dos ramos é o anseio pela unidade, a busca da unidade e o compromisso para continuar o caminho para a unidade. A imagem da videira e dos ramos é uma imagem de crescimento. No caminho do ecumenismo nós nos comprometemos com o crescimento, com tudo o que o crescimento implica.

- Os ramos precisam ser constantemente limpos: ecclesia semper reformanda (a igreja precisa sempre de reforma). A ênfase de Jo 15 nos frutos e na limpeza dos ramos nos põe ante o desafio de nos examinarmos autocriticamente. Isso nos permite voltar ao tema do arrependimento no culto, mas deve ser mais orientado em direção ao futuro: o chamado a cada um para, com a força do Espírito Santo, nos convertermos novamente a Cristo e ao próximo como superação da atitude de sempre estarmos centrados em nós mesmos (como também acontece nas igrejas). Aqui os imperativos [do documento Do Conflito à Comunhão] podem servir para descrever esse chamado à conversão e à unidade.

- No coração do texto lido está a afirmação de que sem Cristo, nós nada podemos. Nosso caminho de fé, nosso caminho conjunto, nosso compromisso para o testemunho comum e o serviço tudo tem sua fonte em Jesus Cristo.

- Esta comunhão ou relação não é somente individual, mas comunitária. Reflete-se no compromisso comum e no testemunho, num objetivo comum e serviço em e para o mundo.

- “Unidade” no objetivo e serviço testemunham a Deus que é amor. “Que sejam um para que o mundo creia...”(Jo 17:21).

- Permanência: Permanecer em Cristo implica permanecer em comunidade uns com os outros, comprometidos na comunhão e reconciliação, a fim de que sejam produzidos bons frutos. Uma árvore boa se reconhece nos seus bons frutos. Uma árvore boa é uma árvore não dividida em si mesma.

[Em relação ao canto comunitário, a sugestão por parte da Presidência da IECLB é que se dialogue fraternalmente entre as comunidades, e se decida em conjunto, priorizando melodias conhecidas].

Theo Dieter
Dirk Lange
Wolfgang Thönissen

Nota 1: O diálogo conclusive é reproduzido a partir de A Wee Worship Book. 4. ed. Wild Goose Publications, 1999. Texto (adaptado) John L. Bell, c 1999 WGRG, c/o Iona Community, Glasgow G2 3DH, Scotland. www.wildgoose.scot.



CULTO ECUMÊNICO
DO CONFLITO À COMUNHÃO: COMEMORAÇÃO LUTERANO-CATÓLICA DA REFORMA

Abertura

Canto inicial

Presidente I:

P. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
R. Amém
P. O Senhor esteja convosco!
R. E contigo também

[Opcionalmente podem ser usados outros diálogos dependendo do contexto e da língua]

P. Abre, Senhor, os meus lábios.
R. E minha boca proclamará o teu louvor.
P. Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo;
R. Assim como era no princípio, agora e sempre. Amém.

Presidente I:

Prezadas irmãs e irmãos, em Cristo! Sejam bem-vindos, bem-vindas a este culto ecumênico, em comemoração dos 500 anos da Reforma.
Durante mais de 50 anos Luteranos e Católicos percorreram um caminho que fez passar do conflito à comunhão. Com alegria, reconhecemos hoje ser de longe muito mais aquilo do que aquilo que nos separa. Nesse caminhar, cresceram a compreensão e a confiança mútuas.

Presidente II:

Assim, hoje é possível estarmos juntos para a oração. Viemos com pensamentos e sentimentos diferentes: agradecimento e lamento, alegria e arrependimento; alegria no Evangelho e tristeza pela divisão. Nós nos reunimos para comemorar em memória, em ação de graças e em confissão, em testemunho e compromisso comuns.

Leitor(a) I

No documento Do Conflito à Comunhão (Editora Sinodal e Edições CNBB, 2015), nós lemos: “A Igreja é o corpo de Cristo. Assim como existe apenas um Cristo, assim também ele tem apenas um corpo. Pelo Batismo homens e mulheres se tornam membros desse corpo” (n. 219). E, em continuação, lemos no mesmo documento:

“Se católicos e luteranos estão vinculados um ao outro no corpo de Cristo como seus membros, então é verdadeiro o que Paulo diz a respeito deles em 1Cor 12:26: ‘Se um membro sofre, todos os membros sofrem com ele; se um membro é honrado, todos os membros se regozijam com ele’. O que afeta um membro do corpo também afeta todos os outros. Por essa razão, quando os cristãos luteranos relembram os eventos que levaram à formação particular das suas igrejas, eles não desejam fazê-lo sem seus irmãos católicos. Ao recordarem com cada um deles o início da Reforma, eles estão levando a sério seu batismo” (n. 221)

Presidente I:

Oremos! [Breve silêncio]

Jesus Cristo, Senhor da Igreja, envia o teu Espírito! Ilumina os nossos corações e cura as nossas lembranças. Ó Espírito Santo, ajuda a nos alegrarmos com os dons recebidos pela Igreja com a Reforma, e prepara-nos para nos arrependermos pelos muros da separação que nós e nossos antepassados construímos e concede-nos os meios para o testemunho e o serviço comum ao mundo.

R. Amém.

Canto de invocação ao Espírito Santo

Ação de Graças

Leitor(a) I:

Leitura de um texto do documento Do Conflito à Comunhão:

“Os luteranos são gratos em seu coração por aquilo que Lutero e os outros reformadores lhes tornaram acessível: a compreensão do Evangelho de Jesus Cristo e a fé n’Ele; a compreensão do mistério do Deus Triuno que se entrega a si mesmo a nós seres humanos por graça e que somente pode ser recebido na confiança total na promessa divina; a compreensão da liberdade e da certeza criadas pelo Evangelho; a compreensão do amor que vem da e é despertado pela fé; da esperança na vida e na morte que a fé traz consigo; e o contato vivificante com a Sagrada Escritura, os catecismos e hinos que levam a fé para a vida” (n. 225), no sacerdócio de todos os fiéis batizados e seu chamado para a missão comum da Igreja. “Os luteranos têm consciência de que o motivo de seu agradecimento a Deus não é um dom que eles podem reivindicar apenas para si. Eles querem compartilhar esse dom com todos os outros cristãos” (n. 226).

Leitor(a) II

“Católicos e luteranos têm tanto em comum na sua fé que podem juntos... ser agradecidos” (226). Encorajados pelo Concílio Vaticano II, os Católicos “reconheçam com alegria e estima os bens verdadeiramente cristãos, oriundos de um patrimônio comum, que se encontram nos irmãos de nós separados. É digno e salutar reconhecer as riquezas de Cristo e as obras de virtude na vida de outros que dão testemunho de Cristo, às vezes até à efusão do sangue. Deus é, com efeito, sempre admirável e digno de admiração em Suas obras” (Unitatis Redintegratio n. 4). Neste espírito, Católicos e Luteranos abraçam-se um ao outro como irmãs e irmãos no Senhor. Juntos se alegram nos dons verdadeiramente cristãos que ambos receberam e redescobriram por diferentes caminhos por meio da renovação e impulsos da Reforma. Estes dons são motivo para ação de graças. “O caminho do ecumenismo possibilita a luteranos e católicos apreciarem juntos a compreensão e a experiência espiritual de Martinho Lutero a respeito do evangelho da justiça de Deus, que é também misericórdia de Deus” (n. 244).

Presidente I:

Oremos! [Breve silêncio]

Obrigado, Senhor, pelos muitos impulsos teológicos e espirituais que todos nós recebemos pela Reforma. Obrigado, Senhor, pelas transformações positivas e as reformas que foram desencadeadas pela Reforma ou pelos esforços em torno dos desafios que ela nos pôs. Obrigado, a Ti, Senhor, pela proclamação do Evangelho que aconteceu durante a Reforma e que desde então, deu força a inumeráveis pessoas para viverem uma vida de fé em Jesus Cristo.

R. Amém.

Canto de ação de graças.

Ato Penitencial

Leitor(a) I:

“Como a comemoração de 2017 traz à expressão alegria e gratidão, assim também deve deixar espaço para que luteranos e católicos experimentem a dor a respeito de faltas e ofensas, culpa e pecado nas pessoas e eventos que estão sendo lembrados” (n. 228). “No século XVI, católicos e luteranos frequentemente não apenas entenderam mal, mas também exageraram e caricaturizaram seus oponentes para expô-los ao ridículo. Repetidas vezes violaram o oitavo mandamento que proíbe levantar falso testemunho contra seu próximo” (n. 233).

Leitor(a) II:

Luteranos e católicos muitas vezes se concentraram no que os separava uns dos outros ao invés de olharem para o que os unia. Aceitaram que o Evangelho fosse misturado aos interesses políticos e econômicos daqueles que estavam no poder. Suas faltas resultaram na morte de centenas de milhares de pessoas. Famílias foram separadas, pessoas foram encarceradas e torturadas, fizeram-se guerras e instrumentalizaram-se a religião e a fé. Foi causado sofrimento a muitas pessoas e o Evangelho caiu em descrédito, com consequências que repercutem ainda hoje sobre nós. Lamentamos profundamente o mal que luteranos e católicos nos fizemos uns aos outros.

Presidente I:

Oremos! [Breve silêncio]

Presidente II:

Ó Deus de misericórdia, nós lamentamos que mesmo boas ações de reforma e renovação tenham tido muitas vezes consequências negativas não intencionadas.

R. Kyrie eleison (Senhor tem misericórdia).

Presidente I:

Cristo, trazemos diante de ti os fardos da culpa do passado quando nossos antepassados não seguiram tua vontade de que todos sejam um na verdade do Evangelho.

R. Christe eleison (Cristo tem misericórdia)

Presidente II:

Senhor, confessamos nossa própria maneira de pensar e agir que perpetuam as divisões do passado. Como comunidades e como pessoas individuais, construímos muros em torno de nós: muros mentais, espirituais, físicos e políticos que produzem discriminação e violência. Perdoa-nos, Senhor.
R. Kyrie eleison (Senhor tem piedade)

Salmo 130

[O salmo pode ser cantado em salmodia ou lido alternadamente verso a verso]

Presidentes I e II

[Essas palavras podem ser ditas alternadamente por Presidente I e II.]

Cristo é o caminho, a verdade e a vida. Ele é nossa paz, que derruba os muros de divisão, que pelo Espírito Santo nos concede sempre um novo começo.
Em Cristo nós recebemos perdão e reconciliação e somos fortificados para um testemunho fiel e comum em nosso tempo.

R. Amém

A paz

Presidente II

Deixai a paz de Cristo reinar em vossos corações uma vez que membros de um só corpo vós sois chamados à paz.
A paz de Cristo esteja sempre convosco!

R. E contigo também!

Presidente I

Demo-nos uns aos outros um sinal de paz!

Abraço da paz

[Durante o abraço de paz, pode ser cantado “Ubi caritas” ou um outro hino adequado.]

Evangelho

Leitor(a) I:

Pretendemos continuar nosso caminho do conflito à comunhão. Ouçamos, então, o Evangelho segundo João 15:1-5.

“Eu sou a verdadeira videira e meu Pai é o vinhateiro. Todo ramo que, em mim, não produz fruto, ele o arranca. E todo o ramo que produz fruto ele o poda, o purifica a fim de que produza mais. Vós já estais purificados pela palavra que eu vos disse. Permanecei em mim como eu permaneço em vós! Do mesmo modo que o ramo não pode produzir fruto por si mesmo, se não permanecer na videira, assim também vós, se não permanecerdes em mim. Eu sou a videira, vós sois os ramos: aquele que permanece em mim, e no qual eu permaneço, esse produzirá fruto em abundância, pois separados de mim, nada podeis fazer.”

Evangelho do Senhor!

R. Graças a Deus!

Homilia conjunta.

Depois da homilia:

Presidente I:

Juntos professemos nossa fé, recitando o Símbolo Apostólico.

Canto

Compromissos: Cinco Imperativos.

Presidente II:

Nosso caminho ecumênico vai continuar. Neste culto comprometemos a nós mesmos a crescer em comunhão. Os cinco imperativos listados no documento Do Conflito à Comunhão, servirão de guia para nós.

[Uma grande vela é acesa depois da leitura de cada compromisso. A luz pode ser acesa no círio pascal. Pode-se pedir a algum jovem ou alguma jovem para ler os cinco compromissos. E as velas podem ser acesas por crianças e famílias. O órgão, teclado ou algum outro instrumento pode tocar a melodia de algum canto como “In the Lord I’ll be ever thankful” (Taizé) ou um outro para acompanhar o acendimento das velas.]

1. Nosso primeiro compromisso: “Mesmo que as diferenças sejam mais facilmente visíveis e experienciadas, a fim de reforçar o que existe de comum, católicos e luteranos devem sempre partir da perspectiva da unidade e não da perspectiva da divisão” (n. 239).

Acende-se a primeira vela

2. Nosso segundo compromisso: “Luteranos e católicos precisam deixar-se transformar continuamente pelo encontro com o outro e pelo testemunho mútuo da fé” (n. 240).

Acende-se a segunda vela

3. Nosso terceiro compromisso: “Católicos e luteranos devem comprometer-se mais vez na busca da unidade visível, para compreenderem juntos o que isso significa em termos concretos, e buscar sempre de novo esse objetivo” (n. 241).

Acende-se a terceira vela

4. Nosso quarto compromisso: “Luteranos e católicos busquem juntos redescobrir a força do Evangelho de Jesus Cristo para o nosso tempo” (n. 242).

Acende-se a quarta vela

5. Nosso quinto compromisso: “Católicos e luteranos, em sua pregação e serviço ao mundo, devem juntos testemunhar a misericórdia de Deus” (n. 243).

Acende-se a quinta vela.

Canto

Oração de intercessão

[Uma pessoa diferente das anteriores leia as intercessões]

Presidente I:

“O engajamento ecumênico para a unidade da Igreja não pode servir apenas à Igreja, mas também ao mundo, de tal modo que o mundo creia” (n. 243) Oremos agora pelo mundo, pela Igreja e por todas as pessoas em necessidade [nomes ou situações, se for o caso...]

1. Deus de misericórdia, ao longo da História a tua bondade prevaleceu: abre os corações de todos os povos a fim de que encontrem a ti e à tua misericórdia que permanece para sempre.

R. Escuta a nossa prece!

2. Deus de paz, dobra o que é inflexível, retira as barreiras que dividem, os entraves que impedem a reconciliação. Traze paz a este mundo, especialmente [citar nomes de países, lugares, cidades...]. Restaura a plenitude entre nós e mostra-nos a tua misericórdia.

R. Escuta a nossa prece.

4. Deus, rocha e fortaleza, protege os refugiados, os sem teto e sem segurança, todas as crianças abandonadas. Ajuda-nos a defender a dignidade humana. Mostra-nos a tua misericórdia.

R. Escuta a nossa prece!

5. Deus criador, toda criação anseia na esperança. Converte-nos da exploração, ensina-nos a viver em harmonia com tua criação. Mostra-nos tua misericórdia!

R. Escuta a nossa prece!

6. Deus de misericórdia, fortifica e protege as pessoas que são perseguidas por causa de sua fé em ti e também aquelas perseguidas que são de outras tradições religiosas. Dá-nos coragem para professar nossa fé. Tua misericórdia permanece para sempre.

R. Escuta nossa prece!

7. Deus da vida, cura nossas lembranças dolorosas, transforma toda complacência, indiferença e ignorância, e derrama sobre nós o teu espírito de reconciliação. Mostra-nos tua misericórdia.

R. Escuta nossa prece!

8. Deus de amor, o teu Filho Jesus revela o mistério do teu amor em nosso meio. Fortifica aquela unidade que só tu podes sustentar em nossa diversidade. Tua misericórdia perdura para sempre.

R. Escuta nossa prece!

9. Deus que nos alimentas e sustentas, faze que possamos reunir-nos na mesa de tua Eucaristia, fomenta em nós e entre nós uma comunhão radicada em teu amor. Tua misericórdia permanece para sempre!

R. Escuta nossa prece!

Presidente II:

Na confiança de que tu, ó Deus, escutas nossas preces pelas necessidades do mundo e para que todos os cristãos sejam um só em seu testemunho, queremos orar como Jesus nos ensinou:

R. Pai Nosso....

Presidente I:

Por tudo o que Deus pode realizar em nós e por nós, por tudo o que Deus pode realizar sem nós,

R. Demos graças a Deus!

Presidente II:

Por todos em quem Cristo viveu antes de nós, por todos em quem Cristo vive ao nosso lado,

R. Demos graças a Deus!

Presidente I:

Por tudo o que o Espírito nos quer trazer, para onde o Espírito nos quer enviar,

R. Demos graças a Deus!

Presidente I e II:

A bênção de Deus, Pai, Filho e Espírito Santo, desça sobre vós e permaneça convosco em vosso caminho para unidade agora e para sempre.

R. Amém.

Canto

[Podem cantar-se outros hinos ou tocar uma música enquanto as pessoas se despedem.]



 


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Deus é um forno ardente repleto de amor, que abraça da terra aos céus.
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