O Evangelho de hoje quer nos ajudar a refletir sobre esse simples gesto: olhar “olho no olho”, “cara a cara”. Foi isto o que Jesus e a Mulher Samaritana fizeram. Eles se comunicaram “face a face”.
Diferentemente é o que acontece nos dias atuais na com as mídias de comunicação na palma da mão. Hoje em dia as pessoas não levantam mais o olhar para se ver (entreolhar). Hoje as pessoas não levantam mais os olhos nem para pedir, nem para receber. As pessoas não estão mais dispostas a trocar olhares e ter uma relação de simultânea troca de conhecimentos.
Dias atrás estava numa uma cidade vizinha querendo fazer algumas compras numa loja e a atendente prestava mais atenção no “tablet” do que em mim.
Quando a gente liga para um estabelecimento (call center), não é mais uma pessoa que nos atende, é uma gravação que me dá várias opções sempre querendo que eu não seja atendido por um ser VIVO.
No aeroporto, as empresas fazem de tudo para que você ocupe menos possível os funcionários e faça tudo pela Internet, pelo celular... Se desse pra você despachar as malas pela Internet, eles também fariam isso.
Aqui em Alta Floresta, quando você vai ao banco ainda é atendido por funcionários (tanto internamente, como nos caixas)... Porém, em cidades maiores, onde é tudo eletrônico, você não vê mais as pessoas.
Já pensou se a cena entre Jesus e a Mulher Samaritana acontece hoje? Será que os dois iriam pedir e receber água com um tablet? Será que a conversa iria acontecer pelo whatsapp?
O Evangelho de João, com frase “Dá-me um pouco da tua água” (Jo 4,7) quer nos ajudar a refletir sobre como estamos nos relacionando nos dias atuais.
O encontro entre Jesus e a Samaritana, a beira do poço, e a frase “Dá-me um pouco da tua água” leva em consideração o encontro que Jesus quer ter conosco. Jesus quer o diálogo entre as pessoas; Jesus quer o respeito entre culturas e religiosidades diferentes.
O Evangelho nos ajuda a entender a importância de que cada pessoa conheça e compreenda, em primeiro lugar, a sua identidade, para que a identidade do outro e da outra não seja vista como uma ameaça. Quando eu me compreendo posso compreender também os outros e ninguém é ameaça para outrem.
Precisamos do encontro, da partilha, da fraternidade e da comunhão. Sozinha, uma pessoa ou uma cultura não se bastam! Enquanto pessoas, comunidades, culturas, religiões e etnias, necessitamos uns dos outros, umas das outras.
Ter o encontro e a comunhão com os outros pressupõe trocas. No entanto, nem sempre estamos dispostos ou preparados para trocar experiências com as outras pessoas. O convívio com o outro significa, às vezes, ter que renunciar a algumas certezas e verdades que estão consolidadas em nós.
O encontro entre o judeu Jesus e a samaritana mulher, retrata o encontro no qual uma pessoa necessita da outra. Até mesmo antes de nascer já dependemos do que outras pessoas podem fazer por nós. Mas, às vezes, nos falta sabedoria e dizemos coisas absurdas como: Eu não preciso de ninguém!
Imaginemos Jesus à beira do poço, pedindo água, porque tem sede. Um ser humano, alguém como nós, poderá atendê-lo. Nós podemos atender ao pedido de Jesus quando nos relacionamos bem e fraternamente uns com os outros.
Jesus pede água, mas tem uma água bem mais preciosa a oferecer. A água que vem do Evangelho é rica de bênçãos que podem orientar as nossas vidas e nossos relacionamentos. Peçamos a Deus, em Cristo: “Dá-me um pouco da tua água” (Jo 4,7)
(Elaborado com base no Caderno de Estudos da SOUC 2015)
Pastor Marcelo Peter