A Catedral Metropolitana de Brasília foi palco, na noite desta terça-feira, 1° de setembro, de um culto ecumênico com a presença do secretário-geral do Conselho Mundial de Igrejas, Olav Fykse Tveit, cujo tema foi “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca” (Am 5.24). Tveit fez questão de tratar, em sua homilia, do tema meio ambiente e justiça. A celebração foi aberta pela secretária-geral do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC), Romi Bencke, que fez uma breve apresentação da atuação do CMI e do CONIC.
Diversas instituições marcaram presença, como a Coordenadoria Ecumênica de Serviço (CESE); o Movimento de Mulheres Camponesas (MMC Brasil); a Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB); o Conselho Indigenista Missionário (CIMI); a Iniciativa das Religiões Unidas (URI); a KOINONIA - Presença Ecumênica e Serviço; o Movimento dos Focolares e o Grupo Ecumênico de Brasília (GEB). Também estavam lá representantes de diferentes igrejas, lideranças indígenas, membros de religiões de matriz africana, entre outros.
Num dos momentos mais marcantes da noite, Daniel e Anastácio Kaiowá tiveram a oportunidade de relatar as violências sofridas pelos povos indígenas no Mato Grosso do Sul. “É triste saber que um boi vale mais do que uma criança. A vida vale menos que uma bala. Eles nos matam como se fôssemos animais. O que prevalece é sempre o interesse do grande capital”, disse Daniel. Ele chegou a comparar a situação dos guarani-kaiowá aos tempos do Holocausto perpetrado por Hitler, entre 1939 e 1945, contra judeus e outras minorias durante a II Guerra Mundial. “Mas ainda temos fé. Fé de que pessoas como vocês, verdadeiros cristãos, podem nos ajudar, mesmo diante de tantas burocracias do Estado”, concluiu.
Dando sequência, a presidenta do CMI para América Latina, reverenda Glória Ulloa, fez a leitura bíblica do Evangelho, que se seguiu da liturgia da palavra e culminou na homilia de Olav. “Muitas vezes, grandes projetos como a construção de barragens, canais, estradas e ferrovias trazem à tona desigualdades profundas e conflitos entre poderosos interesses econômicos e políticos, criando claras desvantagens para os mais pobres, como os sem-terra e as pequenas comunidades agrícolas”, declarou Tveit, numa clara referência à passagem de Amós 5:24 – tema da celebração.
“No Brasil, assim como em todos os países do mundo, questões relacionadas à justiça social estão em jogo neste momento. E essas questões se tornam ainda mais dramáticas quando fazemos uma intercessão disso com situações como as mudanças climáticas e a destruição da natureza. Neste cenário, mais uma vez, os pobres são os que mais sofrem”, notou o secretário-geral do CMI.
Essa atividade fez parte de um longo roteiro de visitas da delegação do CMI pela América do Sul, que incluiu também Argentina, Chile e Colômbia.
CONFRATERNIZAÇÃO
Após a celebração, os convidados foram recepcionados para um lanche de confraternização em um salão anexo à Catedral. Os quitutes, feitos com ingredientes típicos da culinária brasiliense e orgânicos foram preparados por integrantes do Movimento de Mulheres Camponesas.
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