Disse-lhe: Mulher, por que está chorando? Quem você está procurando? Pensando que fosse o jardineiro, ela disse: Se o senhor o levou embora, diga-me onde o colocou, e eu o buscarei.
Jesus lhe disse: Maria! Então, voltando-se para ele, Maria exclamou em aramaico: Rabôni! (que significa Mestre ).
Jesus disse: Não me segure, pois ainda não voltei para o Pai. Vá, porém, a meus irmãos e diga-lhes: Estou voltando para meu Pai e Pai de vocês, para meu Deus e Deus de vocês. Maria Madalena foi e anunciou aos discípulos: Eu vi o Senhor! E contou o que ele lhe dissera. (Evangelho de João 20: 15-18)
Que a graça e a paz de Nosso Senhor Jesus Cristo sejam com cada um e cada uma de nós! Amém!
Queridas irmãs e queridos irmãos, as histórias da ressurreição sempre me fascinaram, e quando as leio vejo-as como uma mistura perfeita de sensações, reações e ações humanas em face do divino, que ano após ano assume um novo significado para mim e me desafia a lê-los sob novos pontos de vista. São histórias tão profundas que só podem ser compreendidas pela fé, pois não apenas descrevem situações que vão além da racionalidade humana, mas, de fato, permitem vislumbrar uma pequena parcela do divino.
Esta passagem do Evangelho de João é especialmente desafiadora porque nos convida a ver, sentir e ler a história da ressurreição na perspectiva de uma mulher. João conta, é verdade, mas os acontecimentos foram vividos e experimentados por Maria, uma mulher que acompanhou e seguiu Jesus, que testemunhou seus milagres e aprendeu com ele. Ela havia sido discípula de Jesus e naquele exato momento estava sentada ao lado do túmulo chorando. Ela chorou porque aquele que lhes deu esperança de uma realidade diferente, onde todos eram dignos de respeito, havia morrido. Talvez o choro dela fosse também de decepção de ver que no final tudo tinha acabado. Maria é aqui uma personagem totalmente humana, que está de luto diante da morte, que é irreversível e irremediável. Sua dor e tristeza são tão profundas que não permitem que ela veja os arredores e não perceba que Jesus está ali com ela e VIVO. Ele a chama pelo nome e é então que ela o reconhece, o toca e, embora João o omita, ela possivelmente se alegra de tal forma que as palavras não podem descrevê-lo.
Maria não o percebeu naquele momento, mas ela, sendo uma mulher em um contexto hostil para as mulheres, foi a primeira testemunha do fato mais representativo e sobre o qual se baseia a fé cristã: a ressurreição de Jesus.
Penso na expressão do rosto de Maria ao reconhecer a voz de Jesus. Eu não posso deixar de tentar imaginar seus olhos marejados se arregalando de surpresa e olhando para Jesus. Estremeço ao imaginar a torrente de sentimentos contraditórios que deve tê-la invadido. Ele ficou com medo? Como teríamos nós reagido?
A ressurreição de Jesus foi um fato inigualável, único e incomparável que transformou a vida de Maria naquele dia e transformou tantas outras vidas ao longo da história, inclusive a nossa. Penso e estou cada vez mais convencida de que Jesus veio para ensinar aos seres humanos como serem mais humanos uns com os outros.
É por isso que hoje e sempre devemos estar vigilantes e atentos porque, como Maria, o Ressuscitado também nos chama e nos desafia a abrir os olhos e reconhecê-lo em nosso entorno, em nossos vizinhos e vizinhas. Não tenhamos medo porque o Ressuscitado está ao nosso lado e nos impulsiona a lutar por uma vida plena e digna para todos.
Vamos então professar com palavras e ações que Jesus, nosso Senhor e Salvador, ressuscitou. Sim, ele realmente ressuscitou. Amém!
Pastora Karla Steilmann Franco, da Igreja Evangélica do Rio da Prata na Argentina, Paraguai e Uruguai, é membro do Conselho da FLM.