As memórias fazem parte do que chamamos de “bens imateriais da humanidade”. De certo modo, a Bíblia é uma coleção de memórias. O próprio Cristo disse “fazei isto em memória de mim” (1Co 11.24-25). Cada pessoa é uma “coleção” única de memórias e experiências. As memórias nos remetem ao passado, nos ajudam a entender o presente e nos projetam para o futuro, sempre com a esperança e o compromisso de evitar erros. Locais que marcam memórias são importantes, pois não nos deixam cometer as mesmas atrocidades de gerações anteriores.
O maldito coronavírus não faz distinção, ele ataca e é letal. Vivemos em um país em que há dificuldades de se compreender e aceitar questões científicas. Muitas pessoas agem por crendices em questões que deveriam ser guiadas pela razão simples. Com o advento das redes sociais, muitas pessoas, desprovidas de formação específica, se sentem autorizadas a emitir opiniões sobre quase tudo. Alguns temas são irrelevantes, já outros atingem e podem significar a morte de pessoas.
No último dia 06 de maio, diversas lideranças religiosas da cidade de São Paulo participaram da inauguração de um grande painel, executado pelo artista de street art Eduardo Kobra, nos muros da Paróquia Católica São Paulo da Cruz (Igreja do Calvário). O mural de 28 metros de largura por 7 metros de altura fica na esquina da R. Cardeal Arcoverde com a Av. Henrique Schaumann, na zona Oeste de São Paulo. Kobra retrata crianças usando máscaras com o símbolo de cinco religiões – islamismo, budismo, cristianismo, judaísmo e hinduísmo.
Com mais de 420 mil mortes em decorrência do coronavírus, o mural representa as memórias dos que morreram, a humanidade unida, um grito das religiões pela ampla vacinação e, com as máscaras, um destaque à importância da ciência. Estamos no mesmo oikos (grego: “casa comum”) e, mais do que nunca, precisamos deixar as diferenças de lado e nos unir. Que Cristo tenha compaixão da humanidade que sofre.
Dr. Gustavo Schmitt
Ministro Candidato na Paróquia de Vila Campo Grande e Igreja da Paz