O jornal Folha de São Paulo deu destaque ao encontro ecumênico a ser realizado durante a primeira visita ao Brasil do papa Bento XVI, entre os próximos dias 9 e 13 de maio. O líder católico romano participará de um encontro com representantes das religiões judaica, muçulmana e cristãs de diversas denominações. A saudação ocorrerá no mosteiro de São Bento, no dia 10, às 12h30.
Segue trecho do artigo do jornalista Leandro Beguoci:
Francisco Borba, do Núcleo Fé e Cultura da PUC-SP, afirma que um evento ecumênico desse porte, em que um xeque e um rabino estarão juntos, não aconteceu em nenhum outro lugar do mundo em uma visita pastoral deste papa. Para o especialista, tal encontro é importante porque sublinha o caráter dialogal que seria próprio a Bento 16. Existem dúvidas no Brasil sobre esse caráter. É muito oportuno que isso ocorra, portanto, para a boa compreensão do que significa seu pontificado.
O pastor luterano Carlos Möller será um dos presentes ao encontro, representando outras denominações cristãs. Ele é presidente do Conic (Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil). São membros do órgão, por exemplo, a Igreja Católica, a Igreja Luterana e a Igreja Anglicana. Pentecostais como a Igreja Universal do Reino de Deus e a Renascer em Cristo não fazem parte do Conic --e não participarão do encontro com o papa.
Walter Altmann, pastor luterano, também fará parte do encontro. Ele é moderador (presidente) do CMI (Conselho Mundial de Igrejas), órgão que reúne 350 igrejas ortodoxas, protestantes, evangélicas e, em menor grau, pentecostais do mundo inteiro, representando aproximadamente meio bilhão de fiéis. Altmann se mostrou cético com relação ao atual estágio do diálogo inter-religioso. Nos encontramos num momento de transição. O entusiasmo da primeira hora passou e há desapontamentos em relação ao ecumenismo no seio da cristandade. Esperava-se avanços mais significativos no reconhecimento mútuo das igrejas. Mas os avanços registrados não são desprezíveis e alentam à continuidade dos esforços.