O Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic) e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) promoveram o Fórum Ecumênico da Água, evento que marcou a véspera da abertura do Fórum Social Mundial (FSM) 2009, em Belém.
Segundo a Organização das Nações Unidas, em 20 anos o número de pessoas que sofrerão a falta e a dificuldade de acesso à água pode chegar a um bilhão, dado que preocupa os dois organismos eclesiais.
A troca de experiências entre parceiros e protagonistas das iniciativas ecumênicas em torno do tema da água, em nível regional ou internacional, foi uma das principais características do encontro que reuniu vozes de diferentes países para mostrar as múltiplas faces de um problema crescente.
O evento serviu também para partilhar caminhos, vislumbrar um outro futuro que já está em construção.
Para Asa Elfstrom, da Igreja Luterana da Suécia e membro do comitê dirigente da Rede Ecumênica da Água, ligada ao Conselho Mundial de Igrejas (CMI), as três principais tarefas que o movimento ecumênico tem diante de si no que tange à questão da água vão do esforço e articulação política para colocar o tema entre as prioridades programáticas das igrejas até o questionamento ético da dinâmica da comercialização e da privatização da água, passando pelo apoio a iniciativas de comunidades cristãs.
O trabalho do Conic e da CNBB vem sendo desenvolvido em alianças internacionais. As principais parcerias são com a Confederação Suíça de Igrejas Evangélicas, as Conferências de Bispos da Suíça e da Bélgica e a Rede Ecumênica da Água.
O evento em Belém respirou a velocidade da própria história que pretende protagonizar, pois um dia depois da aprovação da nova Constituição da Bolívia, em 25 de janeiro, que estabeleceu, de maneira inédita, legalmente a água como bem humano e público, o senador boliviano Abraham Coella Araujo, presente no Fórum Ecumênico da Água, ratificou que o consenso em torno da urgência deste tema fez com que o Estado de seu país criasse o Ministério da Água.
O fórum do Conic e da CNBB situa-se entre o Fórum Mundial de Teologia e Libertação e o FSM não por acaso. “Além da sintonia com todos os eventos que o Pará acolhe nesta época, estar em Belém hoje é a mais rica expressão que podemos dar para a dicotomia entre abundância e escassez de água. Esta região também sofre com as limitações de acesso a este bem universal”, afirmou o secretário-geral do organismo ecumênico nacional, reverendo Luiz Alberto Barbosa.