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ID: 2676

Em Oração e Solidariedade pelo Pranto

Dia Mundial de Oração 2021 - Vanuatu - ''Construir sobre um firme fundamento.'''

05/03/2021

EM ORAÇÃO E SOLIDARIEDADE PELO PRANTO

Dia Mundial de Oração 2021 - Vanuatu - ''Construir sobre um firme fundamento.''

Texto base Mateus 7.24-27.

A obra do cartaz do DMO 2021 mostra uma mãe reclinada que ora com seu filho nos braços; enquanto as ondas se encrespam sobre eles, uma palmeira se encurva e os protege. A pintura apresenta a mulher vestida com uma saia segundo os padrões tradicionais de Erromango. Na referida obra podem ser vistas pequenas cruzes que representam as vidas ceifadas pelo ciclone em 2015. Durante esse ciclone, a artista plástica Juliette Pita e seus vizinhos se refugiaram em um container. O ciclone Pam havia se movimentado até Vanuatu durante a noite e não se podia ver nada, apenas orar. Pela manhã, saíram do container e viram que praticamente tudo havia sido destruído. Restou apenas uma cabana atrás do ateliê de Juliette, construída da forma tradicional, com folhas de palmeiras, que resistiu ao ciclone graças ao arvoredo que a cobria e desviou o vento. Juliette crê que Deus escutou suas orações e a natureza protegeu-os naquela noite.

Podemos imaginar a dor, a tristeza, o sofrimento, o choro que houve naquela situação. O choro, em nossa vida, existe por vários motivos: desastres naturais, doenças, perdas de vidas, perda de emprego, perda de bens materiais, separações, divisões, disputas de poder, frustrações, decepções, violências, injustiças, opressões, etc.

Neste ano de 2021, em pleno crescimento da pandemia somos convidadas a orar com as mulheres das ilhas de Vanuatu e a refletir sobre o firme fundamento no qual queremos construir nossa vida. Elas sugerem o texto de Mateus 7.24-27 e apontam para a sabedoria de construir a “casa”, a vida e as relações sobre fundamentos firmes e duradouros, a Rocha, comparada com Jesus Cristo e seus ensinamentos.

Fiquei pensando no relato acima exposto, da experiência de vida da artista plástica que, com sua família, chorou de desespero diante do terrível ciclone de 2015 e, com a proteção divina, sobreviveram.

Quantas situações de sofrimento e dores nós já vivenciamos? Quantas estamos vendo ao nosso redor, no mudo, em nossos país?

Faz parte da vida cristã sermos pessoas solidárias, cheias de empatia com a dor e o sofrimento de outras pessoas. Atualmente 260 mil pessoas já perderam suas vidas por causa do vírus da Covid-19 no Brasil. Diante de tantos sofrimento, dor e luto podemos ser fieis ao preceito evangélico de Rm 12.15b: “Chorai com os que choram”!

Este preceito, este convite, esta ordem só é possível porque temos um Deus cheio de misericordioso, que desce das alturas, vê e sente a dor de seu povo cf. Êx 3, e não fica indiferente a nossa dor, quer nos salvar, que nos auxiliar em meio aos sofrimentos e opressões. Ao enviar Jesus Cristo ao mundo com sua missão, este mesmo se compadece das dores do povo, da situação da multidão cf. Mt 9.36; ele mesmo chorou diante da triste situação da morte de seu amigo Lázaro e do pranto das amigas Marta e Maria, cf. João 11.31-35.

No dia mundial de oração não apenas nos unimos em preces para que cessem os prantos de mulheres no mundo todo, mas de todas as criaturas, em toda e qualquer situação. De forma especial, oramos para que haja acesso a vacinação para todas as pessoas. Diante de tantas mortes não podemos se insensíveis e indiferentes. O Deus da Vida não foi insensível e indiferente ao choro de tantas mulheres, que choraram a perda de seus sonhos, de entes queridos, diante de injustiças e opressões, opondo-se a elas e lutado por vida digna e paz.

Diante do lamento, do choro que hoje habita povos, lares e corações, lembremos do pranto de mulheres, histórias de vidas registradas na Sagrada Escritura e que nos fazem ter um coração sensível para a dor para que, diante dela, possamos confiar que Deus enxugará dos olhos toda a lágrima (Ap 21) e que como a mãe consola o filho e a filha, Deus quer nos abraçar e consolar, hoje e sempre, cf. Is 66.13.
 

Assim diz Javé: Escutem! Ouvem-se gemidos e pranto amargo em Ramá: é Raquel que chora inconsolável por seus filhos que já não existem mais”. Jeremias 31.15

Em Ramá se ouviu uma voz, Lamentação, choro e grande pranto: Raquel chorando os seus filhos, E não quer ser consolada, porque já não existem”. Mateus 2.18

Jesus voltou-Se para elas e disse-lhes: Mulheres de Jerusalém, não choreis por Mim; chorai antes por vós mesmas e pelos vossos filhos. Pois dias virão em que se dirá: Felizes as estéreis, as entranhas que não tiveram filhos e os peitos que não amamentaram. Nessa altura, começarão a dizer aos montes: Caí sobre nós, e às colinas: Encobri-nos. Porque se fazem assim no madeiro verde, que será no madeiro seco? Lucas 23. 28-31

E perguntaram-lhe eles: Mulher, por que choras? Respondeu- lhes: Porque tiraram o meu Senhor, e não sei onde o puseram. João 20.13

“Assim diz o Senhor dos Exércitos: Considerai, e chamai carpideiras que venham; e mandai procurar mulheres hábeis, para que venham.
E se apressem, e levantem o seu lamento sobre nós; e desfaçam-se em lágrimas os nossos olhos, e as nossas pálpebras destilem águas.
Porque uma voz de pranto se ouviu de Sião: Como estamos arruinados! Estamos mui envergonhados, porque deixamos a terra, e por terem eles lançado fora as nossas moradas.
Ouvi, pois, vós, mulheres, a palavra do Senhor, e os vossos ouvidos recebam a palavra da sua boca; e ensinai o pranto a vossas filhas, e cada uma à sua vizinha a lamentação;
Porque a morte subiu pelas nossas janelas, e entrou em nossos palácios, para exterminar as crianças das ruas e os jovens das praças.
Assim diz o Senhor: Até os cadáveres dos homens jazerão como esterco sobre a face do campo, e como gavela atrás do segador, e não há quem a recolha.
Assim diz o Senhor: Não se glorie o sábio na sua sabedoria, nem se glorie o forte na sua força; não se glorie o rico nas suas riquezas,
Mas o que se gloriar, glorie-se nisto: em me entender e me conhecer, que eu sou o Senhor, que faço beneficência, juízo e justiça na terra; porque destas coisas me agrado, diz o Senhor.
Jeremias 9.17-24

E, estando por detrás, aos pés de Jesus, chorando, molhava-os com as suas lágrimas e os enxugava com os próprios cabelos. Ela beijava os pés de Jesus e os ungia com o perfume.Lucas 7.38

Vendo, pois, os judeus, que estavam com ela em casa e a consolavam, que Maria apressadamente se levantara e saíra, seguiram-na, dizendo: Vai ao sepulcro para chorar ali.
Tendo, pois, Maria chegado aonde Jesus estava, e vendo-o, lançou-se aos seus pés, dizendo-lhe: Senhor, se tu estivesses aqui, meu irmão não teria morrido.” João 11. 31,32

“Um dia o seu marido Elcana lhe perguntou: - Ana, por que você está chorando? Por que não come? Por que está sempre triste? Por acaso, eu não sou melhor pra você do que dez filhos?” 1 Samuel 1.8

“Também me disse: — Você verá abominações ainda maiores, que eles estão fazendo.
Levou-me à entrada do portão norte da Casa do Senhor, e eis que estavam ali mulheres assentadas chorando pelo deus Tamuz.
Ele me disse: — Você está vendo isso, filho do homem? Você verá abominações ainda maiores do que estas”
. Ezequiel 8. 13-15

A história de Rispa que vela os corpos de seus filhos até poder enterrá-los2 Samuel 21.1-14:

Davi teve de escolher sete homens da família de Saul para serem enforcados, para que a chuva pudesse novamente cair sobre a terra de Israel. Davi escolheu os cinco filhos de Merabe, netos de Saul, e os dois filhos de Rispa, sua concubina. A Bíblia diz que foram mortos nos primeiros dias da ceifa da cevada. Seus corpos foram esquecidos pelos seus executores; foram deixados no madeiro, ao relento. Então Rispa, a mãe de Armoni e Mefibosete, “tomou um pano de saco e o estendeu para si sobre uma penha, desde o princípio da ceifa, até que sobre eles caiu água do céu” (v.10). Rispa assistiu ao milagre da chuva caindo, após a execução do castigo consequente da ira irrefletida de Saul e de seu “zelo” pelo Senhor, levado a efeito fora da sua suprema vontade. Rispa pôde ver o valor de uma aliança feita diante de Deus e as consequências do rompimento de uma palavra empenhada.

A Lei exigia que os corpos fossem retirados até o pôr do sol e sepultados (Dt 21.22,23). Mas, a fim de ter certeza de que todo o possível havia sido feito para tratar do crime de Saul, Davi permitiu que os corpos ficassem expostos até virem as chuvas, indicando que o Senhor havia voltado a abençoar seu povo. Durante todo esse tempo, Rispa protegeu os corpos de seus filhos e sobrinhos, num ato de amor e de coragem, e isso durou cerca de seis meses.

Rispa significa “pedra quente”, e, firme como uma rocha, ela colocou pano de saco sobre a penha em frente aos cadáveres de seus filhos e os ficou guardando de dia e de noite: “e não deixou as aves do céu pousar sobre eles de dia, nem os animais do campo de noite” (v.10).

Você pode imaginar a dor dessa mulher diante dos corpos em decomposição, dia e noite? Pode imaginar o que se passava em seu coração de mãe? Suas lágrimas e o desejo de vê-los com um sepultamento digno, pelo menos?

Testemunhamos, como mulheres cristãs que oram, que queremos construir nossas vidas, comunidades e ralações sobre o firme fundamento da paz, solidariedade, empatia e compaixão para com as pessoas que sofrem e choram neste mundo, hoje e sempre.
 

Jesus Cristo disse: Bem aventuradas as pessoas que chora, porque Deus as consolará.” Mateus 5.4.


Pa. Ma. Cristina Scherer
São Francisco do Sul-SC


Autor(a): Cristina Scherer
Âmbito: IECLB
Área: Ecumene
Área: Missão / Nível: Missão - Mulheres
Área: Espiritualidade / Organismo: Dia Mundial de Oração - DMO
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 61372

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