“Deus não fala através de um vírus. Deus fala através de Jesus Cristo”, como revelado nas Escrituras, frisaram o presidente da Federação Luterana Mundial (FLM), arcebispo Dr. Musa Panti Filibus, e o secretário-geral, Dr. Martin Junge, reagindo a tendências teológicas que interpretam o Covid-19 como um castigo divino contra nacionalidades específicas ou étnicas.
Reportando-se a interpretações que vinculam a pandemia do coronavírus à segunda vinda de Cristo ou ao fim do mundo, Filibus e Junge instaram, em carta pastoral dirigida às 148 igrejas membros, em 99 países, a permanecerem firmes nas palavras de Cristo: ninguém, a não ser Deus, sabe o dia e a hora em que esse momento chegará.
Eles conclamaram as igrejas membro a rechaçarem qualquer acusação contra indivíduos ou grupos apontados como culpados ou responsabilizados pelo Covid-19. “Este é um momento para estarmos junt@s e apoiarmo-nos mutuamente. O mundo não necessita mais estigma nem violência, mas cooperação e solidariedade”, defenderam.
Filibus e Junge manifestaram grande preocupação com àquelas comunidades que insistem em se reunir fisicamente para culto. Esse desafio se alicerça, às vezes, na suposição de que o vírus só afeta pessoas de determinadas regiões do mundo, ou numa narrativa teológica segundo a qual o sangue de Cristo limpa a vida de crentes e, por isso, @s protege do Covid-19.
Os líderes luteranos instaram as igrejas que atentem às restrições divulgadas por autoridades sanitárias e sigam as medidas de contenção à propagação do vírus. Solicitaram, ainda, que as igrejas ensinem, com diligência, humildade e responsabilidade, a narrativa da tentação de Jesus no deserto. Ela ajuda a compreender que “a fé nunca deve ser propícia a provar e tentar o poder de Deus. A fé em Deus Trinitário, ao contrário, capacita-nos a passar esse tempo de prova em esperança e com coração amoroso às pessoas mais vulneráveis ao Covid-19 e suas consequências”.
No domingo da Páscoa, 12 de abril, a Federação Luterana Mundial (FLM) sugere às igrejas membro relembrarem a história do Cristo ressuscitado, que vai ao encontro dos seus discípulos reclusos numa casa, com as portas trancadas, pois tinham medo do que poderia lhes ocorrer.
“Que história para ler e sobre ela refletir nesses dias. É como se tivesse sido escrita para nós: fechad@s, às vezes sentindo medo ou ansiedade, perguntando o que virá em seguida. Ainda assim, somos visitados, encontrados pelo Senhor ressuscitado”, arrolaram Filibus e Junge.
Edelberto Behs, jornalista.
Veja aqui a íntegra da Carta Pastoral da Federação Luterana Mundial