A ONG Viva Rio, em parceria com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic) e a Visão Mundial, pretende recolher 12 mil armas durante o mutirão pelo desarmamento, agendado para o próximo dia 21 de maio. Mais de 200 igrejas do país vão servir como postos de coleta no mutirão. A iniciativa faz parte da Campanha Nacional pelo Desarmamento, um dos temas centrais enfocados pela Campanha da Fraternidade Ecumênica de 2005. No total, foram arrecadadas 340 mil armas em todo o Brasil desde o final do ano passado. A meta da campanha é que até o próximo dia 23 de junho meio milhão de armas sejam recolhidas.
A IECLB Também está participando desta mobilização em prol do desarmamento.
A Comunidade de Brasília, por decisão unânime do presbitério, estará atuando como posto de recolhimento de armas. Serão recebidas armas tanto no templo da comunidade quanto no Centro Social Cantinho do Girassol cujo coordenador, Gert Wolfgang Antonius, integra o Conselho Distrital de Assistência Social do Distrito Federal. - confira os endereços:
*Comunidade Evangélica de Brasília - EQS 405/406 – Asa Sul – Brasília, DF
*Centro Social Luterano Cantinho do Girassol - QNM 30 Módulo B – Ceilândia, DF, uma cidade satélite que possui alto grau de violência.
A Paróquia da Paz, de Porto Alegre, também está engajada nesta mobilização em prol do desarmamento e estará recebendo armas no próximo dia 21, das 9 às 17 horas. Cofira o endereço da Paróquia da Paz: Av. Sertório 345, Bairro Navegantes. Informações podem ser obtidas pelos fones 3342 2168 ou 3325 5515.
Segundo o Coordenador de Religião e Paz da Viva Rio, André Porto, o ato de desarmar é também um ato espiritual, uma afirmação de fé na paz e de fé na vida. O brasileiro tem medo da polícia e fica constrangido de entrar numa delegacia para entregar uma arma, disse. Já as igrejas são espaços neutros, templos de paz, anotou.
Todas as armas entregues nas igrejas serão destruídas a marretas no próprio posto de coleta, o que garante a sua inutilidade. Não existe posto de coleta sem um policial militar ou federal, destacou André Porto.
Em entrevista à ALC, Porto disse que o Brasil vive uma tragédia diária, ao registrar 104 assassinatos todos os dias. Para a Viva Rio, a violência é uma epidemia e a arma de fogo é o vírus dessa epidemia. Se você controla o vetor, controla a epidemia, analisou.
A ONG carioca está divulgando o mutirão em todos os jornais e canais de mídia brasileiros. Mais de 4.500 jornalistas estão sendo informados, via e-mail, sobre as atividades previstas para o próximo dia 21. Para o Domingo de Pentecostes, dia 15, a idéia é que a revista eletrônica Fantástico, da Rede Globo, mostre padres e pastores convidando cristãos a se desarmarem.
A estratégia da ONG Viva Rio é mobilizar as igrejas para que permaneçam com os postos de coleta abertos por mais cinco sábados, a fim de pressionar o Governo Federal para que prorrogue o prazo de entrega espontânea de armas no país.
Na quarta-feira, 11, a Comissão de Justiça da Câmara aprovou o decreto legislativo que autoriza a realização de referendo sobre a proibição da venda de armas de fogo no país. O referendo está agendado para o primeiro domingo de outubro. Essa será a primeira vez que uma nação será consultada sobre a política de controle de armas que ela deseja, frisou o coordenador de Paz e Religião da Viva Rio.
Num ranking de 54 países consultados pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), o Brasil é proporcionalmente o segundo país com o maior número de mortes decorrentes da utilização de armas de fogo, ficando atrás apenas da Venezuela.
No Brasil, 21,72 pessoas são mortas por armas de fogo em cada grupo de 100 mil habitantes. Na Venezuela, são 34,3 óbitos por 100 mil habitantes; no Uruguai 13,91; no Equador 13,39; na Argentina 11,49; no Paraguai 8,26; no Peru 1,80 e em Cuba 0,98. O Japão registra o menor índice dentre os países pesquisados: 0,06 mortes por armas de fogo em cada grupo de 100 mil habitantes.
Segundo pesquisa do Instituto de Estudos da Religião (ISER), estão em circulação no Brasil 17,3 milhões de armas pequenas. As Forças Armadas e a polícia detêm 1,7 milhão dessas armas, ficando os outros 90% em mãos privadas. Das 15,6 milhões de armas pequenas que circulam na sociedade, em torno de 6,8 milhões seriam legais, 4,7 milhões informais, e 4 milhões estariam a serviço do crime
Fonte: ALC/IECLB