Cuiabá, sexta-feira, 29 de janeiro de 2010 (ALC) - A Semana Nacional de Combate ao Trabalho Escravo, aberta no dia 28 de janeiro em todo o Brasil, foi iniciada em Cuiabá com solenidade no auditório da Secretaria de Estado de Justiça, Segurança e Cidadania, nesta capital. O culto ecumênico foi celebrado pelo padre jesuíta João Inácio Wenzel, do Centro Burnier Fé e Justiça, e pelo pastor luterano Teobaldo Witter, da Paróquia Evangélica de Confissão Luterana de Cuiabá.
O auditório lotado contou com a participação de servidores públicos e da sociedade civil organizada. A programação foi elaborada pela Comissão Estadual de Erradicação do Trabalho Escravo de Mato Grosso (COETRAE-MT), que organizou um curso para 30 agentes do Estado, com duração de 600 horas, com o objetivo de preparar para esta tarefa específica. O currículo do curso se concentra em duas ênfases: formação em Direitos Humanos e Atividades de fiscalização, sendo coordenado pelo Ministério Público do Trabalho.
O padre João Inácio fez uma reflexão a partir de Deuteronômio 15. 7-15, destacando o Deus que liberta da escravidão, a necessidade do amor nas relações sociais e a aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC 438/01) que prevê expropriação de terras onde esse crime seja praticado, animando a sociedade a apoiar a proposta e lutar por sua aprovação.
O pastor Teobaldo lembrou a palavra de Jesus em Marcos 2.27: O sábado foi feito para servir as pessoas, e não as pessoas para servirem o sábado, enfatizando que a tarefa do Estado é executar leis que sirvam à vida. Jesus não tem compromisso com ladrões, mas com as ovelhas (João 10.7-10), por isso cristãos devem ser portas humanas aos gritos dos escravizados, e aprofundar a generosidade divina no campo da economia e do trabalho, especialmente para pessoas fragilizadas, lembrando que em nosso país há “Egitos e Faraós escravizando”.
A aprovação dessa PEC será, como os dez mandamentos para o povo hebreu, um instrumento de organização que possibilita a construção da sociedade. “Além de não matar”, enfatizou o teólogo e pedagogo, “é necessário criar condições dignas de trabalho e vida para todos e todas”. E insistiu na “formação dos trabalhadores, no trabalho decente e na possibilidade de vida digna para todos como condição humana para a erradicação do trabalho escravo”.
Antonio Carlos Ribeiro