Nesta sexta, dia 3 de agosto, uma comitiva brasileira foi recebida pelo Papa Francisco, para entregar documentos denunciando violações de Direitos Humanos no país. O grupo esteve integrado por Marinete Silva, mãe da vereadora Marielle Franco, assassinada em março deste ano e que ainda aguarda justiça; a jurista Carol Proner, que levou ao Papa os livros A Resistência Internacional ao Golpe de 2016 e Comentários a uma Sentença Anunciada - o Processo Lula; Paulo Sérgio Pinheiro, ex-ministro de Direitos Humanos e ex-coordenador da Comissão Nacional da Verdade; e a secretária executiva da Fundação Luterana de Diaconia, pastora Cibele Kuss, representando o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC), que entregou o documento Intolerância e Violência Religiosa no Brasil e a publicação Fé, Justiça de Gênero e Incidência Pública – 500 anos da Reforma e Diaconia Transformadora.
O documento Intolerância e Violência Religiosa no Brasil afirma que em um contexto de absoluta incerteza em relação aos rumos da democracia brasileira, o Brasil vive situações cada vez mais graves de violações de Direitos. “As perseguições à espiritualidade afro-brasileira e indígena, por meio da crescente destruição de Terreiros e de Casas de Reza, e o próprio assassinato de Marielle, são apenas alguns exemplos da violência que atravessa o país, em toda sua extensão, e isso precisa ser denunciado internacionalmente”, disse Cibele.
O fundamentalismo neo pentecostal e seu ultra-conservadorismo têm resultado em uma extrema violência cultural e simbólica, a partir do interesse em aumentar a “conversão” de mulheres e homens negros. “Templos da religião afro-brasileira são continuamente destruídos, lideranças religiosas são obrigadas a abandonarem suas casas, seus templos, e estão acontecendo assassinatos em ‘nome de Deus’”.
O mesmo se passa em comunidades indígenas, como a dos Guarani Kaiowá, que, na tentativa de preservarem sua religião tradicional, têm sofrido varias formas de pressão, caracterizadas como intolerância religiosa. “É uma política de genocídio”, afirmou Cibele. A submissão do Estado ao agronegócio mantém milhares de pessoas confinadas em reservas, nas quais a sobrevivência física e cultural é insustentável.
O Fórum Ecumênico ACT Brasil (FE ACT), juntamente com o CONIC e organizações parceiras, têm denunciado de forma contundente a situação. Uma das ações são as missões ecumênicas, realizadas desde 2015. A I Missão Ecumênica ocorreu no Mato Grosso do Sul, e desde então outros locais foram visitados, entre os quais Pau D´Arco, no Pará, e comunidades Kaingang e Guarani, no interior do Rio Grande do Sul. A participação é de representações de igrejas, organismos ecumênicos e inter-religiosos, organizações da sociedade civil e defensoras e defensores de direitos humanos.
Fonte: Comunicação FLD