A guerra do Iraque é imoral e ilegal
O secretário geral do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), Samuel Kobia repudiou a guerra do Iraque em nome dos 560 milhões de cristãos representados pelas 348 igrejas filiadas ao Conselho. O conflito é ilegal e imoral, enfatizou na coletiva do último dia do evento (23 de fevereiro), quando apontou as linhas de atuação do Conselho e das igrejas para os próximos sete anos. Kobia anunciou que a América Latina será um dos focos principais do CMI nos próximo anos. Os povos indígenas igualmente devem merecer atenção especial. Esta assembléia apontou muito claramente o tema dos indígenas e vamos orientar os nossos programas e trabalhos para atender esta questão aqui na América Latina, declarou o secretário. Há dois anos o CMI criou um escritório em La Paz, de onde coordena a questão indígena para a América Latina e Caribe.
Três área prioritárias foram destacadas pelo secretário geral. A primeira é o combate à pobreza. Entendemos que muito já foi feito, mas mesmo assim os níveis de pobreza, no Brasil e na América Latina, continuam crescendo, disse Kobia.
A segunda área apontada pelo secretário geral é a da violência - não somente nas cidades, mas em geral. Em 2007, a América Latina vai ser o foco do programa do CMI, a Década para Superação da Violência, e conclamamos a todas as igrejas que participem ainda mais ativamente desta iniciativa.. O terceiro foco está relacionado com as questões indígenas.
Pastor Dr. Walter Altmann, presidente da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, presente à coletiva, complementou a fala do secretário geral. Também é importante dizer o que a realização da Assembléia significou para as igrejas e para esta região, disse Altmann.
Não tivemos apenas a oportunidade de debater inúmeros temas importantes durante o evento. Desde a sua preparação, as igrejas já estavam trabalhando juntas. Posso dizer que vejo um novo vigor no compromisso ecumênico de todos e tenho certeza de que o ecumenismo latino-americano recebeu um impulso muito grande, confirmou Altmann. Por outro lado, a 9a. Assembléia de Porto Alegre passa a ser referência futura para todos do CMI.
E o que ficou, para o secretário geral Dr. Kobia, desta Assembléia? Destaco, em primeiro lugar, o envolvimento dos jovens. Mesmo que não tenhamos atingido o percentual esperado, houve uma excelente participação da juventude, afirmou. Também considero muito positivo a decisão de se criar um organismo integrado por jovens que estarão funcionando como assessores nas questões ecumênicas.
Outro ponto enfocado como positivo pelo secretário geral foi a realização do mutirão. O fato de outros grupos e outras pessoas que não apenas os delegados estarem participando da Assembléia deu uma outra dimensão a este encontro, afirmou. Da forma como foi organizado, o mutirão mostrou a vitalidade e a dinâmica do movimento ecumênico.
O secretário geral também considerou importante a recomendação repassada a ele no sentido de, no futuro, realizar eventos em combinação com outras organizações. Se isso se concretizar, daqui a alguns anos, vamos poder dizer que esta assembléia realmente fez história.
Documento final da Assembléia aborda terrorismo e América Latina
A manhã de quinta-feira foi produtiva para os delegados da 9a Assembléia do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), reunidos em Porto Alegre. Depois de muito debate, a plenária aprovou o relatório do Comitê para Assuntos Públicos, que congrega os seguintes temas: Declaração sobre a América Latina; Declaração sobre a responsabilidade de proteção; Declaração sobre o terrorismo, direitos humanos e contra-terrorismo; e declaração sobre a reforma das Nações Unidas.
Na ocasião, os delegados também aprovaram uma minuta sobre respeito mútuo, responsabilidade e diálogo com pessoas de outras denominações cristãs. Outras duas declaraçãos trabalhadas pelo comitê - Água para a vida e Eliminação de armas nucleares - já haviam sido aprovadas nos dias anteriores.
Declarações públicas são uma das formas pelas quais o CMI se posiciona sobre temas críticos que tem destaque na pauta internacional. Responsável por um dos relatórios mais complexos elaborado e aprovado na Assembléia, o Comitê para Assuntos Públicos trabalhou muito durante estes dias para avaliar, discutir e incorporar - ou não - sugestões no longo documento de 24 páginas.
Na declaração sobre a América Latina - uma das mais aguardadas pelo público local, o CMI agradece às igrejas por terem acolhido o evento, ao Conselho Latino-americano de Igrejas (Clai) pelo seu trabalho na unificação de igrejas cristãs, e ao Conselho Nacional de Igrejas Cristãs no Brasil (Conic), que generosamente fez o convite para a assembléia ser realizada no Brasil.
Entre as recomendações, o relatório encoraja as pessoas da América Latina a continuarem na sua luta, buscando construir novas sociedades, com respeito e dignidade por toda a criação, prestando atenção especial aos mais vulneráveis e excluídos.
Uma Babel que deu certo
A 9a Assembléia do Conselho Mundial de Igreja (CMI), que aconteceu de 14 a 23 de fevereiro, em Porto Alegre, foi uma Babel ao contrário. Embora os 4 mil participantes, vindos de 110 países falassem idiomas diferentes, exercitaram um diálogo internacional tendo o cristianismo como linguagem-mãe. Líderes religiosos e seguidores de 348 igrejas debateram sobre o tema Deus, em tua graça, transforma o mundo. E deixaram claro que esta metamorfose exige espiritualização mas também ações concretas, como sinalizam os documentos finais do encontro.
A proposta estava implícita já no tema da Assembléia que, além de orações, estudos bíblicos, plenárias e diálogos inter-religiosos, apresentou o trabalho dos movimentos sociais apoiados pelas igrejas em uma grande feira – o Mutirão - com 120 estandes de exposições e 225 oficinas.
Realizadas desde 1948, quando nasceu o CMI, as assembléias acontecem a cada sete anos. Em 2006, pela primeira vez, teve a América Latina como sede. O Brasil foi escolhido entre todos os países do continente porque acumula uma trajetória ecumênica singular. A igreja Católica Apostólica Romana, que não faz parte do CMI, é membro e uma das fundadoras do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (Conic). Porto Alegre acolheu o maior encontro ecumênico do planeta devido à experiência em grande eventos voltados para causas sociais, como é o caso do Fórum Social Mundial.
A preparação da 9a Assembléia começou há mais de dois anos. Cerca de 300 pessoas – 200 delas voluntárias brasileiras – envolveram-se na organização. Os números não deixaram dúvida quanto ao tamanho e a importância do evento, realizado na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Pucrs). O total de inscritos somou 4.014 pessoas, sendo 1.369 latinos e 875 brasileiros. Os delegados oficiais das igrejas representantaram 691 dos participantes. Mais de 300 jornalistas, metade deles estrangeiros, acompanharam os debates.
A tradução visual destas estatísticas foi um espécie de colméia multiétnica, onde indianos e africanos, em suas vestes coloridas, cruzaram com chineses, indígenas de toda a América Latina, ortodoxos de longas barbas e batinas negras. Não se ouviam discussões ou vozes alteradas nos incontáveis idiomas falados por esta população. A tentativa para o entendimento foi além do esforço para encontrar palavras inteligíveis. A meta era reunir os seguidores de Jesus Cristo, fracionados em múltiplas igrejas ao longo dos séculos.
Guerra e Paz
Entre tantas guerras e ameaças imperialistas, os latino-americanos desejam uma voz de esperança, resumiu o bispo metodista Federico Pagura, que até o final da Assembléia ocupou o cargo de presidente do CMI para a América Latina. Como outros líderes religiosos, ele participou das preces matinais e vespertinas, realizadas diariamente sob uma grande tenda de circo com capacidade para abrigar 4.500 pessoas.
Nem só de cristãos viveu a a Assembléia, porém, A programação abriu espaço para o diálogo interreligioso. O próprio secretário geral do CMI, Samuel Kobia, em um dos seus pronunciamentos, destacou a presença de autoridades do mundo muçulmano, judeu e budista. Não somos mais estranhos. A globalização tornou todos os povos vizinhos. Precisamos viver como uma comunidade, aceitando nossas diferenças sem impor nossos valores, sublinhou Aram I, católicos (líder espiritual) da Igreja Apostólica Armênia e moderador do CMI.
Exercitando este clima de paz, os participantes da Assembléia integraram manifestações e compartilharam momentos culturais festivos. Na tarde de domingo, dia 19 de fevereiro, o espetáculo Plenária da América Latina utilizou a linguagem do humor crítico, tão característico dos brasileiros, para contar a saga do povo latino, em especial a luta contra os diversos tipos de dominações políticas e econômicas desde a época da conquista espanhola, a luta dos povos indígenas, das mulheres e das crianças. A pantomima juntou vídeos de diversos países com música e teatro de bonecos.
À noite, ritmos nacionais e latinos animaram o Campus da Puc, onde ocorreu a Noite Cultural. E na terça-feira, dia 21, a Caminhada pela Paz se espalhou pelo centro de Porto Alegre, contando com a participação de dois prêmios Nobel: o arcebispo anglicano da África do Sul Desmond Tutu e o ativista dos Direitos Humanos Adolfo Pérez Esquivel. As chamas das velas carregadas pelos caminhantes simbolizaram uma fagulha de transformação que deve ser espalhada entre os povos.
Fontes
Cláudio Becker (fala sobre a participação da Juventude) 51 9121 9617
Ervino Schmidt ( secretário do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs – Conic) 61 9972 6998
Carlos Bock (Membro do Comitê Organizador da 9a Assembléia, Assessor Teológico da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil e doutor em Ecumenismo) 51 9911 8218
Francisco Assis da Silva (Membro do Comitê Organizador da 9a Assembléia) 51 9971 2772
Carlos Dreher (fala sobre Diálogo Inter-religioso, Noite Cultural e Coral) 51 9222 0104
Marcos Oliveira (fala sobre Caminhada pela Paz) 51 3590 1505
Álvaro Petersen ( fala sobre Plenária da América Latina) 51 9931 5256
Rui Benhard (secretário-executivo da 9a Assembléia) 51 9999 9628
Cristina Winnischofer (secretária geral da Igreja Epicospal Anglicana) 51 9988 7893
Dom Onéris Marchiori (presidente da Comissão Ecumênica e Diálogo Inter-religioso da CNBB) 49 3222 5758 3225 8483
Luiz Vergílio Batista da Rosa (Bispo Metodista) 51 8121 3949
Margarida Ribeiro (Metodista, fala sobre envolvimento da mulher nas igrejas) 11 9651 4339
Cláudio (assessor da Igreja Anglicana) 51 9956 1628
Sonia Mota (Igreja Presbiteriana Unida) 51 9997 1683
Dom Orlando de Oliveira (Bispo Primaz da Igreja Anglicana) 51 3318 6199
Valdir Lima (representante da Igreja Católica – pode repassar fontes católicas) 51 8157 8001
Elaine Neuenfeldt (Pastora da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil – fala sobre a participação das mulheres) 51 8167 1428
Martin Domke (fala sobre o espetáculo A Bola está rodando - Futebol Justo. Comunica-se só em inglês mas tem uma assessora que fala em espanhol e se chama Anija Mahn) 51 8176 4418
Eliana Rollemberg (Membro do Forum Ecumênico Brasil - Fé Brasil - e fala sobre contexto brasileiro das igrejas) 71 9161 7216
Dimas Galvão (Membro do Comitê Organizador) 71 9161 7563
Marta Palma (Coordenadora para assuntos da América Latina do Conselho Mundial de Igrejas – CMI) 51 8457 6451
Beth Ferris (Fala sobre o Mutirão) 51 8412 0118
Naci Cardoso Pereira (Pastora Metodista) 81 240098
Louis Marcelo ( É um dos maestros do Grande Coral ) 51 9306 5287
Sílvio Schneider (pastor Luterano e secretário executivo da Fundação Luterana de Diaconia - fala sobre Mutirão) 51 9829 9966
Eugênio Poma (bispo metodista boliviano de origem indígena)
Caetano (Conselho Latinoamericano de Igrejas - Clai) 43 99 94 9213
Walter Altmann – assessora Carol Strussmann - 51 9812 0797
Os documentos finais dos comitês, maiores informações e fotos podem ser obtidas no site www.wcc-assembly.info