Concílio da Igreja



ID: 2273

Mateus 11.28 e Mateus 28.18-20

Prédica - Culto de Encerramento do XXVI Concílio da Igreja

15/10/2008

XXVI Concílio da IECLB
Estrela, 15 de outubro de 2008

PRÉDICA NO CULTO DE ABERTURA

Carlos Augusto Möller
Pastor 2° Vice Presidente
Pastor Sinodal do Sínodo Brasil-Central

Mateus 11.28 e Mateus 28.18-20

Incumbidos para a Missão


1. Que a graça do nosso Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vocês, Amém!

2. Somos IECLB, que vive da graça e da misericórdia de Deus; Somos IECLB que se encontra e planeja sua missão. Pastor Sinodal Marcos Bechert compartilhou conosco por ocasião da reunião dos sinodais no mês passado que “a comunidade aqui entende como um privilégio receber o concílio”.

E agora, estamos juntos, Conciliares e Comunidades, agradecendo e louvando a Deus, o Criador, nosso bondoso e misericordioso Pai, que nos guiou e iluminou com seu Santo Espírito até aqui, já durante os preparativos e a própria realização do XXVI Concílio, e agora para o seu Culto de Encerramento, celebração de gratidão, louvor e envio para a Missão de Deus – nossa paixão!

Para nós, delegados e participantes do XXVI Concílio da IECLB é motivo de muita alegria e gratidão tomar parte nessa manhã nesse encontro, nessa festa da IECLB, na qual são acolhidos representantes de todo o Brasil, acolhidos por vocês Comunidades do Sínodo Vale do Taquari. Eu repito o que já afirmara por ocasião de vossa última Assembléia em Paverama: “De acordo com a concepção global da Escritura, se atribui a Deus somente uma intenção: salvar as pessoas” . A Comunidade é o carro chefe na missão da IECLB!

Sim, aquele mandato missionário, dito por Jesus Cristo aos discípulos “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as cousas que vos tenho ordenado ” para que eles dêem expressão em “palavra, ação e testemunho”, é imutável e não ligada a determinada época da história da Igreja, mas foi também no nosso Concílio atualizado e planejado através do PAMI. Assim fazendo, somos fortalecidos enquanto igreja – corpo de Cristo.

O PAMI convida para revisarmos nossas práticas isoladas, desconectadas, construindo laços, rede, integração, conjugando esforços.

3. A missão é marca fundante da Comunidade

Martim Lutero disse: “Graças a Deus, cada criança de sete anos sabe o que é a Igreja”. Aparentemente não somos mais crianças. Apesar do perigo e das dificuldades inerentes a missão, estamos, mais e mais, caminhando como “Igreja de Jesus Cristo no Brasil em todas as consequências que daí resultarem para a pregação do evangelho neste país e a sua co-responsabilidade para formação da vida política, cultural e econômica do seu povo”, como afirmou o P.Hermann Dohms por ocasião do Primeiro Concílio Eclesiástico da Federação Sinodal em 1950 – segundo nossos historiadores, data do nascimento da IECLB .

Percorremos, desde então, como comunidade dos seguidores de Jesus Cristo, o caminho de reformas internas e transformações estruturais na própria igreja, facilitando a concretização do Reino de Deus e engajando-se nas transformações da sociedade.

Como luteranos, vivemos no Brasil como pessoas relacionadas à ação salvífica realizada na cruz e, mais e mais, fortalecemos nossa consciência batismal, ou seja, a consciência que a comunidade luterana tem de si mesma. E como o batismo é simultâneamente dom de Deus e resposta/engajamento humano quando falamos – e agimos! – na missão, é aguçada também a consciência que a comunidade luterana tem da sociedade na qual e para a qual vive . Batizados vivemos, isto é, respondemos como tal às necessidades do momento. Experimentamos de norte a sul e de leste a oeste que “a vida é transformada quando se descobre uma missão que vale a pena cumprir” .

Vemos, como IECLB, sentido na Missão de Deus tal como os seres humanos tem no “desejo por sentido” o impulso dominante na sua vida humana.

4. A missão de Deus é envio ao não, ainda NÃO ou NÃO MAIS tocado ou determinado mundo. Aqui ela também está exposta às provações/tentações contra o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Destaco três:

1a. provação da Igreja: tiranos, sangue derramado pelos mártires. Lembro aqui a nossa Irmã Doraci, assassinada em Moçambique.
2a. provação da Igreja: hereges, a mais destruidora.
3a. provação: a paz. Os judeus esperam a paz imediata com o Messias. Jesus lembra em Mat 10.36 que o maior inimigo das pessoas serão: “os da sua própria casa”, viver sem lei e sem a Palavra.

Lutero: “meus sofrimentos foram para mim um bom ensinamento. Eles me fizeram humilde”. Precisamos, na Igreja, reaprender a capacidade de sofrer. Isso me ficou claro nas dificuldades e no sofrimento de obreiros e presbíteros no seu trabalho em uma das Assembléias Sinodais.

5. A Missão transforma: pessoas, estruturas, posturas e relacionamentos.

Além de afirmar que “ou a Igreja é missionária, ou ela não é Igreja” é preciso que ela seja pastoral. Pois: o que o ser humano é, ele o é, através de pessoas. É necessário que a missão seja transformadora. Compartilho um testemunho de um jovem de Terezina, PI, transformado pela evangelização:

“ Eu estava no caminho deles, eu seria um mala (bandido). Os jovens da minha idade e que moravam na mesma rua que eu, estão mortos. E, se não fosse a intervenção de Deus, eu não estaria vivo hoje, pois experimentei a transformação que só Jesus pode realizar”.

Nossa missão, constantemente renovada e repensada, não se limita a programas missionários, a competição com outras religiões, não é atividade de conversão, de expansão da fé, uma “guerra egocêntrica” (Bonhoeffer, que considerou o empreendimento de sua igreja no exterior como uma luta pela autopreservação); tampouco é atividade social, econômica ou política. A missio dei coloca a igreja sob a cruz – lugar de humilhação e do juízo, mas também é o lugar do refrigério e do renascimento; é a participação das pessoas na missão libertadora de Jesus. Ela é a boa nova do amor de Deus, encarnado no testemunho de uma comunidade, em prol do mundo .

9. A Missão educa, forma e emancipa

a. Dados do PENAD, divulgados em Brasília em 18/09/08, revelam que 14 milhões de brasileiros não sabem ler nem escrever.

A Pesquisa “Perfil da Juventude Brasileira” os jovens apontam a educação em quarto lugar entre suas preocupações, atrás da violência, do emprego e das drogas; mas é o primeiro entre os assuntos que mais interessam atualmente; 27,1% dos jovens nas regiões metropolitanas de POA, RJ, SP, Salvador, Recife, BH, Belém e DF, nem trabalham e nem estudam.

b. Participando na Câmara de Missão, 23 participantes, em uma das Assembléias Sinodais ouvi o depoimento de um delegado: “a formação, antes do membro chegar no Presbitério, é muito fraca, aí ele vai pescando, e não teria condições lá fora de explicar o que é ser luterano”.

Outros na mesma Câmara complementaram: ‘nós mesmos não sabemos o que é ser luterano hoje’. “É preciso preparar os presbíteros e promover a atualização bíblica, teológica e a identidade confessional de Presbíteros e Obreiros”.

10. A Missão é pastoral.

Será pastoral na medida que ouve o evangelho – “a fé vem pela pregação”. Essa é a razão do Pastor Presidente ter pregado no culto de abertura desse concílio – tb nas Assembléias sinodais – e a mim coube nesse culto. “Vinde a mim todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei” (Mt 11.28).

A sinodalização da nossa Igreja nos coloca juntos e a caminho. Como nos testemunha a Carta ao Hebreus, somos o povo peregrino de Deus que necessita unicamente de duas coisas: apoio para a jornada e um destino no fim dela. O apóstolo Paulo desafiou a comunidade cristã a oferecer a si mesma como um “sacrificio vivo, santo e agradável a Deus” . Para tanto, Deus concede a individuos muitos dons para o benefício de todos: o ensino, a cura, o apostolado, etc.

É justo hoje perguntar quanta lei suporta uma comunidade e como a lei favorece a missão.

Vinde a mim todos...

Ordem ou convite?
Realmente todos?

Existe uma restrição: todos os que estais cansados e sobrecarregados.

E se a gente, ao ouvir, se sente novo, piedoso, alegre e sem carga?

A força do texto não permite muitas perguntas: a resposta è bem mais forte:

e eu vos aliviarei

Aliviar, no Aurélio, significa, tornar leve ou mais leve, tirar o peso de, descarregar.

Alívio, ao invés de peso e sobrecarga. Que consôlo, que conforto. Jesus quer nos aliviar.

Tomai sobre vós o meu jugo

Que nessa troca singular, sejamos fortalecidos e capacitados para missão.

Somos incumbidos para a missão! (Tira da caixa um avental e aponta para o serviço - na missão, lembrando todos que servem nos grupos de senhoras, oase e demais grupos na IECLB). Incumbidos para a missao!

E a paz de Deus que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e as vossas mentes em Cristo Jesus. Amém!


Autor(a): Carlos Augusto Möller
Âmbito: IECLB / Instância Nacional: Concílio
Testamento: Novo / Livro: Mateus / Capitulo: 28 / Versículo Inicial: 18 / Versículo Final: 20
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Prédica
ID: 16217

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A vida cristã não consiste em sermos piedosos, mas em nos tornarmos piedosos. Não em sermos saudáveis, mas em sermos curados. Não importa o ser, mas o tornar-se. A vida cristã não é descanso, mas um constante exercitar-se.
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