Efésios 4.3 - Unidade no Espírito Dia da Igreja, culto de encerramento do XXIV Concílio da IECLB. São Leopoldo/RS,17/10/2004.
Membros da IECLB, vindos de todas as partes, hóspedes e visitantes, irmãs e irmãos em Cristo!
Pelos caminhos da esperança é o tema que nos tem acompanhado neste ano. Preservando a unidade do Espírito no vínculo da paz (Efésios 4.3), o lema que nos tem inspirado.
A unidade do Espírito. Tomemos o exemplo de um buquê de flores: trata-se de um buquê, mas são várias ou muitas as flores. Não é apenas uma flor, mas várias. Não é uniforme, mas tem diversidade, porque cada flor é única. Mais: o buquê pode ser bem colorido, com flores diferentes. Ainda assim, um buquê de flores tem uma unidade. Cada flor é bonita, mas em conjunto as flores são mais belas ainda. E o buquê tem uma só finalidade: enfeitar nossa casa, também nossas igrejas; ou alegrar o coração da pessoa a quem amamos.
A unidade do Espírito. Assim, também nós hoje aqui reunidos somos uma unidade. Viemos de tantos lugares, e cada qual é uma pessoa única e amada por Deus. Está aqui a Comunidade de São Leopoldo; estão caravanas de comunidades do Sínodo Rio dos Sinos, dos sínodos vizinhos e também de sínodos distantes. Apenas para dar alguns exemplos: vieram caravanas de Curitiba e Joinville, de Feliz e Teutônia, de muitos lugares. Conciliares de Rondônia, Brasília, Espírito Santo; de todo país. Somos Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil; somos IECLB.
Somos muitos, somos um. Todos viemos para cá: um propósito, festejar o Dia da Igreja, encontrarmo-nos com novos irmãos e novas irmãs na fé. Ou melhor, já éramos irmãos e irmãs, e agora nos conhecemos pessoalmente. Ou, quem sabe, reencontrar irmãs e irmãos de longa data que há muito não encontrávamos. Compartilhar esperanças, celebrar nossa fé, reafirmar compromissos.
A unidade do Espírito. Acolhemos hóspedes do exterior: Alemanha, Noruega, Argentina. São parceiros de caminhada nossos, vieram unir-se a nós. Somos parte da comunhão luterana no mundo. Há pouco, no momento cívico, acolhemos visitantes: Governador, representante de Ministro, deputados, outras autoridades. São neste momento parte do buquê de flores que constituímos.
Unidade do Espírito. Viemos de coração, trouxemos nossos dons e nossos símbolos. Com nossas vozes entoamos louvor. Com nossos símbolos e panôs damos testemunho de nossa esperança e nossa fé. Na oferta que recolheremos, apoiaremos o trabalho da igreja junto a pessoas com deficiências, pessoas com necessidades especiais. São parte querida de nossa família da fé.
Unidade do Espírito. No vínculo da paz. Num mundo conturbado, assolado por violência e guerra, ansiamos pela paz. Numa realidade de insegurança, em que a cada dia vivenciamos assaltos e mortes, empenhamo-nos por fortalecer nossas famílias e educar nossos filhos e filhas para a solidariedade, e não para a competição. Em meio à dor, buscamos aliviar o sofrimento. Pessoas discriminadas e excluídas, vamos ao seu encontro e as acolhemos em nossas comunidades.
No vínculo da paz. Reconhecemos que não fazemos essas coisas como deveríamos. Muitas vezes assumimos como verdade o que é apenas preconceito, e desprezamos outras pessoas diferentes de nós. Outras vezes, em vez de exercermos a solidariedade, vivemos segundo o princípio de que cada qual se vire como puder. Outras vezes ainda nos omitimos diante do sofrimento e da injustiça, porque preferimos nossa própria tranquilidade. Ah, como necessitamos do vínculo da paz!
Nosso país tem profundos desequilíbrios sociais. É um dos mais desiguais do mundo. Tem graves injustiças sociais. Privilégios incompreensíveis de um lado, carências elementares de outro. Corrupção e evasão de recursos para o exterior, e quanta fome ainda em nosso país. Por onde anda a paz?
Minha paz vos dou, disse Jesus. Não a dou como a dá o mundo. Mas não se aflijam, a minha paz é verdadeira e é eterna. É essa paz que nos abriga, nos anima e nos une. É o vínculo da paz. É a unidade do Espírito. Também a unidade é algo que, em primeiro lugar, vem de Deus. Depois se transforma inevitavelmente em compromisso. Mas primeiro é dom de Deus. Por isso o apóstolo nos exorta: Preservem a unidade. Não a percam; não a destruam; não a desprezem. Preservem a unidade. É algo tão precioso.
Nosso Concílio aprovou ontem um documento orientador para nossa vida como Igreja. Seu título é Unidade: Contexto e Identidade da IECLB. Olhamos para o contexto do país e do mundo; e olhamos para dentro de nossa própria Igreja e nossa história. Vimos que muitas coisas nos unem: fundamentalmente o Evangelho e os Sacramentos. Também hoje ouvimos sua palavra. Também celebraremos a Ceia. Temos a Escritura como norma e fonte de fé. Temos nossas confissões. Mas também temos documentos que regulam a vida de nossa igreja. Nosso culto e nosso canto. Fazemos orações de intercessão comum em toda igreja e recolhemos ofertas nacionais para as mais variadas necessidades. Nossa revista e nosso jornal. Nosso tema do ano e nossa logomarca de identificação. A cruz que era da Irmã Doraci, que trouxemos de Moçambique, onde ela atuou e onde foi assassinada, cruz que trouxemos de lá e que a família deu à IECLB, cruz que nos acompanha hoje neste culto, também ela nos une. E muitas, muitas coisas mais.
Também vimos que temos diferenças internas, mesmo tensões e conflitos. Por isso queremos sempre retornar ao doador de nossa unidade: o próprio Espírito de Deus. E queremos concretamente fortalecer todos os sinais de unidade que já temos.
Unidade do Espírito. Vínculo da paz. Deste dia da Igreja voltaremos a nossas comunidades e nossos lares. Regressaremos revigorados em nossa esperança e nossa fé. E, assim, ainda mais dispostos a servir, empenhando-nos na unidade, para sempre melhor disseminar ao nosso redor a paz e a justiça.
Uma pedra, quando lançada à água, nela forma movimentos em círculos, cada vez maiores. Assim também o buquê de flores que hoje aqui constituímos será espalhado por todos os lados, em nossos lares, nossas comunidades, Brasil afora e, mesmo, no exterior. E levaremos conosco seu perfume, para tornar mais agradável o nosso viver, mas não apenas o nosso viver, também o viver de quem estiver ao nosso redor. Essa a dádiva que recebemos, esse o compromisso que assumimos. A unidade do Espírito, no vínculo da paz. Amém.
Fonte: Palavra a seu devido tempo. prédicas, alocuções e estudos bíblicos. Oikos Editora/Editora União Cristã. 2010.