No dia 20/10/2002, em culto festivo, com a participação de 2 mil pessoas, aproximadamente, encerrou-se o 23º Concílio da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil. Trata-se do órgão máximo da IECLB que se reúne a cada dois anos. Nessa edição compartilhamos a mensagem elaborada pelos conciliares. Ela reflete os conteúdos veiculados durante esse importante encontro..
... fui eu que ensinei o meu povo a andar; eu o segurei nos meus braços. Com laços de amor e de carinho eu o trouxe para perto de mim; eu o segurei nos braços, como quem pega uma criança no colo. Eu me inclinei e lhe dei de comer. (Os 11. 3 4.)
Representando as mais de 1.800 comunidades e os 18 sínodos da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, nos reunimos em Santa Maria de Jetibá, no Espírito Santo, nos dias 16 a 20 de outubro, para a realização de nosso 23º Concílio. Com representantes de igrejas coirmãs do País e do exterior, experimentamos, de forma concreta, desde a nossa chegada, o carinho e o colo que Deus nos oferece, expresso numa acolhida calorosa. Nos impressionamos e nos emocionamos com a afetividade, a musicalidade, espiritualidade, a riqueza cultural e a coragem dos evangélicos de confissão luterana que ousaram buscar, entre as montanhas da serra do mar, o seu lugar para viver e constituir comunidade.
Inspirados por esse ambiente favorável e pelas celebrações envolventes, analisamos a caminhada da IECLB nos últimos anos e planejamos passos para o futuro. Pudemos constatar com alegria que estamos crescendo na compreensão da tarefa missionária da nossa Igreja. Sinais claros, nesse sentido, são o aumento dos campos de trabalho, o incremento da formação com ênfase missionária, a maturidade na discussão das diferenças teológicas e, especialmente, o grande número de lideranças e pessoas das comunidades que colocam os seus dons a serviço de Deus no meio onde vivem. Os desafios colocados para a nova presidência da Igreja, eleita neste concílio, são o aprofundamento e a continuidade do plano de ação missionária, o testemunho público da nossa fé na sociedade, a proposição de iniciativas que fortaleçam a unidade da IECLB e a atenção continuada com a formação de obreiros, obreiras e lideranças
Entre as decisões tomadas por esse concílio, destacamos a nova regulamentação dos quatro ministérios reconhecidos pela IECLB, ou seja, pastoral, catequético, diaconal e missionário. Essa diversidade quer vir ao encontro do testemunho integral do Evangelho nas paróquias e comunidades. O guia prático Nossa Fé Nossa Vida foi reformulado, com a recomendação de que seja amplamente estudado nas comunidades, especialmente com grupos de lideranças e presbíteros. Além disso, após vários anos de estudo e experiência em comunidades, o concílio se posicionou, de forma unânime, no sentido de que não devemos excluir a participação das crianças na Ceia do Senhor. Material para estudos e orientação ainda será enviado às comunidades e paróquias.
Contudo, as alegrias e os avanços que sentimos nesse concílio não nos permitiram esquecer as enormes dificuldades que o mundo está vivendo. Nos inquietam as guerras que estão acontecendo e as que estão sendo pensadas, a violência sob todas as suas formas, a miséria e a exclusão decorrentes da globalização. Nos preocupa e desafia a delicada situação na qual o nosso País se encontra. Sabemos que esses aspectos atingem o povo brasileiro e por isso também os membros da IECLB. Essa realidade pede pelas nossas orações, pelo nosso engajamento em favor da justiça e por sinais concretos de solidariedade.
Por isso expressamos a nossa esperança e a nossa gratidão a este Deus carinhoso e justo que, na sua misericórdia, nos trouxe até aqui, enriquecendo-nos com os diferentes jeitos de ser e de expressar a fé. Conclamamos, por fim, a todas as paróquias e comunidades para colocarem mãos à obra nos dias 7 e 8 de dezembro, no assim chamado Dia Mãos à Obra. E, ao mesmo tempo, convidamos todos os obreiros, obreiras e membros das comunidades para confessarem e afirmarem conosco que o nosso mundo tem salvação. Somos chamados a engajar-nos na superação de toda a violência, injustiça e sofrimento, motivados e confiantes na promessa de que em seu reino o próprio Deus enxugará dos olhos toda lágrima (Ap. 21. 4).
Manfredo Siegle
pastor sinodal do Sínodo Norte-catarinense
da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB)
em Joinville - SC
Jornal ANotícia - 24/10/2002
Diocese Informa - 11/2002