Estudo Bíblico 8 - Lucas 24.13-35

Mulheres em Tempos de Coronavírus

12/06/2020

Estudo Bíblico 8
Rev. Yamilka Hernández Guzmán
Iglesia Evangélica Unida em Cuba (Sínodo Luterano) - IESUL
Texto: Lucas 24.13-35
Tradução: Sabrina Senger

Estamos no caminho

Contexto

Essa passagem é única e integra o lecionário do tempo litúrgico da Páscoa. Somente o evangelista Lucas apresenta essa passagem bíblica que relata o encontro dos discípulos e discípulas com o Senhor ressuscitado.

Os discípulos e discípulas que aparecem nessa história vivem uma situação realmente dramática. Retornam a casa depois da morte daquele por quem haviam abandonado a segurança de seu lar para segui-lo. Sem dúvida esse retorno ao lar foi a pior caminhada de suas vidas, não pelos 10 km que teriam que percorrer, mas sim pelo acúmulo de sentimentos negativos que estava dentro deles. A tristeza, o medo, a insegurança faziam mais longa e cansativa a caminhada. A crueldade dos atos que aconteceram em Jerusalém deixara-os sem explicações, sem segurança. Não restava outro caminho a não ser voltar para casa com o coração partido e entristecidos.

Todos esses sentimentos transformaram-se de lamentações em festa e alegria a partir do encontro com o Senhor ressuscitado. Essa história é muito conhecida, mas hoje as convido a olharmos com outros olhos e nos aproximarmos ao que NÃO diz o texto. A partir do versículo 13 sabemos que eram duas pessoas as caminhantes nesta história.

Perguntas

1. Versículo 18: Qual é o nome da outra pessoa discípula? O texto não menciona.

2. A partir do versículo 19 se estabelece um diálogo com eles, prestem atenção que as respostas são no plural: nós (versículos 19,21, 22, 24,25, 29, 32). Qual das duas pessoas fala em cada momento? Ou somente uma pessoa fala em nome das duas?

3. Versículo 29: Quem morava naquela casa? As duas pessoas com que Jesus caminhou?

4. Versículo 30: Qual pessoa fez o pão que consumiram na Ceia com o Senhor? Também não é mencionado.

Analisemos os fatos: Há duas perguntas sem resposta. Ambas apontam para a identidade da segunda pessoa entre as pessoas discípulas. Segundo a tradição judia o pão era produzido nas casas pelas mulheres, apenas nas grandes cidades como Jerusalém se comercializava o pão na rua. Então existe a possibilidade de que a outra pessoa discípula fosse uma mulher. Mas ELA, quem é?

Menciona-se uma única vez em João 19. 25 que ELA é Maria, a esposa de Cleopas.

Nossa realidade

Esse fato que pode parecer um esquecimento involuntário revela na verdade um ato de violência. Em diferentes épocas tem sido instaurada a ideia de que à mulher corresponde uma posição de subordinação social. Predominam os padrões culturais patriarcais através do qual se monopoliza o conhecimento pertencente aos homens, este que lhes autoriza a submeter, dominar, escravizar, explorar por natureza através do argumento do sexo. A história das mulheres é história de discriminação. Por isso se faz necessário falar um pouco das mulheres que viveram antes, é preciso recuperar a genealogia das mulheres, reconstruir sua participação.

Reconstruir a participação das mulheres significa recuperar, compreender e aprender das experiências, do conhecimento e do saber das mulheres. Também é necessário conhecer a importância de nosso valor social, a importância do trabalho das mulheres na economia mundial, não do trabalho assalariado, que desempenham tanto homens como mulheres, e sim do trabalho doméstico, onde se localiza uma das maiores injustiças sociais.

Deixar que falem as mulheres e digam quem são, para romper o silêncio que lhes oculta e porque a construção de gênero é o mesmo tempo o resultado de um processo de representação e auto representação. Existe um paradigma falso, que se baseia no desconhecimento ou ausência intencional da presença das mulheres e suas obras. Os silenciamentos sobre as mulheres têm sido uma realidade duradoura, são séculos e séculos de exclusão que temos em nossas vidas; além do mais devemos, ainda que somente com algumas pinceladas, conhecer e reconhecer as mulheres que nos precederam.

Para refletir

1. Como romper o silêncio que oculta a participação das mulheres?

2. Existem histórias de mulheres em nossa igreja que poderiam ser úteis resgatarmos?

3. Minha história de vida tem pontos em comum com a história de Maria (a esposa de Cleopas)?

4. O que posso fazer para não ficar no anonimato?

Deixo-te de presente estas três frases que podem ajudar nesta reflexão:

• No universo, a tirania e a injustiça começaram por uma coisa infinitamente pequena. (Saadi)

• As correntes que nos oprimem são as que menos pesam. (Madame De Swetchine)

• Ninguém montará em cima de nós se não curvarmos. (Martin Luther King)

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