Corpo de Cristo que transforma a realidade
A Ação Missionária precisa estar ancorada. Não é possível falarmos sobre Missão sem perceber como isso irá ocorrer organicamente. Se nos entendemos como parte do Corpo de Cristo, é a partir do Corpo de Cristo que a Missão poderá e deverá ocorrer.
O Corpo de Cristo se torna visível e palpável por meio da Comunidade. Na vida comunitária, enxergamos a comunhão, o convívio e o apoio mútuo. Igualmente, na Comunidade, alimentamos a nossa fé e a nossa espiritualidade, integramos a família de Deus, somos reconhecidos e reconhecidas como filhos e filhas, partilhamos corpo e sangue de Cristo.
A Missão se articula a partir da Comunidade. Enquanto Sínodo e demais instâncias da IECLB, precisamos construir a partir daquilo que nos foi confiado, por isso vale dizer que, na vida em Comunidade, temos o começo, o percurso e o término das nossas Ações Missionárias.
Se a Comunidade, por meio dos seus membros, não souber atrair e incluir, não teremos Ação Missionária nem Missional. O potencial está nas Comunidades, onde pessoas são chamadas a colocar os seus dons, os seus recursos e a sua energia a serviço da Missão abraçada por nós como IECLB.
Tudo que realizamos no Sínodo Planalto tem como objetivo melhorar, inovar ou ampliar o que ocorre ou deveria ocorrer nas Comunidades. Os Setores organizados não vivem em função de si mesmos. De igual modo, as Comunidades e os seus grupos não vivem em função de si, ou seja, Setores e Comunidades existem para transformar a vida das pessoas, para transformar famílias e para transformar a realidade em que estamos inseridos e inseridas. Tudo que ocorre para além das Comunidades, seja nas Paróquias ou no Sínodo, precisa considerar este propósito.
Para o Sínodo Planalto Rio-grandense, a Consciência Missionária é o maior desafio neste momento. Se membros não se reconhecem como indispensáveis no processo missionário, jamais teremos êxito na tarefa essencial da Igreja de Jesus Cristo.
Alguns desafios são permanentes e constitutivos da nossa tradição luterana. Logo, a pregação fiel da Palavra é e continuará sendo decisiva. Devemos nos perguntar se a mensagem está chegando ao coração das pessoas. Neste sentido, não podemos nos acomodar e nos contentar somente com quem está presente e tem sido alcançado nos espaços formais das nossas Comunidades.
Temos percebido o quanto o Batismo não tem sido acolhido como início de um relacionamento íntimo e pessoal com Deus. Cabe superar a constatação e definir estratégias claras para modificar esta realidade. Entre as possibilidades existentes, acreditamos que o Missão Criança oferece boas condições tanto para quem recebe o Batismo, quanto para familiares. Além disso, contribui para a reflexão que envolve as demais pessoas da Comunidade.
A integração de jovens e casais jovens não pode ser vista como algo importante para o futuro. É algo necessário para agora. O perfil de grupos e Comunidades é influenciado pelas pessoas que participam. Portanto, contar com essas pessoas permitirá que sejamos Igreja de Comunidades relevantes de acordo com anseios atuais, de pessoas que vivem e sentem dilemas a serem encarados sob a perspectiva da fé cristã.
Situações de vulnerabilidade afetam as pessoas drasticamente, por isso é justamente nestes momentos que precisamos estar presentes como IECLB. Pouco adianta questionarmos a postura de outras denominações que se aproximam dos nossos membros. É fundamental encontrarmos meios e viabilizarmos maneiras de estar ao lado. Avaliamos que a constituição da nossa Pastoral do Cuidado é um passo significativo nesta direção.
P. Ricardo Cassen | Pastor Sinodal do Sínodo Planalto Rio-grandense