Amor e fé nas Ordens da Criação
Para Martim Lutero, Igreja, Economia e Política são as três Ordens da Criação divina. Por meio dessas três Ordens, Deus manifesta a sua vontade no mundo. As três Ordens da Criação são âmbitos da vida e modos pelos quais Deus atua e por meio dos quais o ser humano coopera com Deus. Nesse sentido, um âmbito não é mais sagrado ou mais profano, mais espiritual ou menos espiritual que o outro:
‘Tudo isso é santidade e vida santificada diante de Deus, posto que essas três Instituições ou Ordens estão baseadas na Palavra de Deus. O que estiver fundamentado na Palavra de Deus é necessariamente coisa santa, pois a Palavra de Deus é santa e santifica a tudo quanto a ela estiver ligado ou nela contido’ (Lutero, Obras Selecionadas, vol. 4, p. 370s).
O amor cristão é o princípio que determina a ação nas três Ordens: ‘Acima dessas três Instituições ou Ordens está somente a instituição universal do amor cristão, na qual não se serve apenas às três Ordens, mas também, de uma forma geral, a qualquer necessitado com todo tipo de benefícios, tais como: alimentar famintos, dar de beber aos sedentos, perdoar aos inimigos, rogar por todos os homens na terra, suportar todo tipo de mal na terra, etc.’ (Lutero, OS, p. 371).
O amor que deve ser concretizado nas três Ordens é igualmente destacado na Confissão de Augsburgo: ‘cada qual, de acordo com a sua vocação, mostre, em tais ordenações, amor cristão e obras verdadeiramente boas’ (Confissão de Augsburgo, Artigo 16).
Se o amor é o critério de ação, a fé é o caminho de salvação: ‘Vê, todas essas são obras santas e boas. Mesmo assim, nenhuma dessas instituições se constitui em caminho de salvação. Acima de todas elas permanece o caminho único, ou seja, a fé em Jesus Cristo’ (Lutero, OS, p. 371).
P. Dr. Emilio Voigt | Coordenador do Núcleo de Produção e Assessoria da IECLB