O Tema do Ano entre Pessoas Adultas
Não se preocupem com a sua vida, quanto ao que irão comer ou beber; nem com o corpo, quanto ao que irão vestir (Mt 6.25). Provavelmente, a primeira ideia que ocorre a muitas pessoas quando ouvem esse texto é a seguinte: Como vamos viver sem nos preocuparmos com o hoje e com o amanhã? É possível viver sem se preocupar e sem fazer projetos? Elas estão certas. Quem seria capaz de dizer e garantir que podemos viver, como se diz, ‘ao Deus dará’? É isso o que diz o texto de Mateus 6.25-34?
No Sermão da Montanha, há uma conhecida passagem que diz: Ninguém pode servir a dois senhores [...]. Vocês não podem servir a Deus e às riquezas (Mateus 6.24). Obviamente, a questão não são os bens materiais, mas a dificuldade de evitar que o nosso coração seja contaminado pela ‘febre do metal’.
O texto de Mateus 6.25-34 procura dizer justamente isso: (a) A vida é mais do que bens (mesmo os mais necessários para a existência: comida, bebida, roupas), (c) Deus sabe as nossas necessidades e (c) A existência cristã precisa se construir exclusivamente em torno da justiça de Deus. Por essa razão, Lutero insistia tanto na centralidade do primeiro mandamento: Eu sou o SENHOR, teu Deus (Ex 20.2a).
Aceitar o senhorio de Deus em nossas vidas implica viver a justiça do Reino. Nada mais pode ocupar o centro da existência cristã. Lutero escreveu fortes críticas aos abusos na vida econômica do seu tempo. Ele percebeu que a busca frenética (ansiosa, inquieta, obcecada, gananciosa) pelos bens materiais se convertia em uma idolatria, isso é, o centro da existência cristã deixava de ser Deus e a sua justiça.
Nessa convicção reside o núcleo da compreensão luterana da Graça: todas as coisas são concedidas a quem se entrega à vivência da justiça do Reino de Deus. A Economia que surge a partir da Graça de Deus é baseada na vivência comunitária, na justiça e no cuidado com a Criação de Deus.
Prof. P. Dr. Valério Schaper | Encontro com Pessoas Adultas (Caderno de Estudos do TA2018)