Sou parte da Comunidade!
A participação em uma Comunidade é parte fundamental da vida cristã. É na Comunidade que aprendemos mais sobre a vontade de Deus, somos consolados, consoladas, fortalecidos e fortalecidas. É na comunidade que conhecemos os nossos dons, concedidos pelo Espirito Santo. Somos capacitados, capacitadas, animados e animadas para exercitá-los e servir ao nosso próximo.
Durante a Reforma, Lutero enfatizou o Sacerdócio Geral de todas as Pessoas Crentes, baseando a sua afirmação em dois textos: Vós [...] sois [...] sacerdócio real (1Pe 2.9), e nos constituiu Reino, sacerdotes (Ap 1.6). O Sacerdócio Geral é tanto uma responsabilidade quanto um privilégio. A nossa unidade e igualdade em Cristo é demonstrada por nosso amor mútuo e nosso cuidado de umas pessoas pelas outras. Participamos da comunhão dos santos, isso implica que ninguém pode ser uma pessoa cristã sozinha (conforme Timothy George, em A Teologia dos Reformadores).
Muito importante, no entanto, é saber que não podemos nos acomodar simplesmente com a Comunidade já existente e com as pessoas que vão chegando por meio de amizades, casamentos e evangelizações. Precisamos lembrar do ide de Jesus (Mt 28.19) e ser uma Comunidade intencionalmente missional. Precisamos aprender a ir até as pessoas nesta sociedade e nessa cultura cada vez mais secularizada, em que muita gente tem vergonha de ir a uma Igreja ou foge de qualquer conversa sobre espiritualidade.
Muitas vezes, até mesmo membros afastados da IECLB têm uma visão distorcida, em que a Igreja perdeu o sentido de ser. Então, a pergunta é: Como podemos alcançar pessoas completamente secularizadas ou sem interesse por Deus? Precisamos ter atitudes intencionais de nos relacionar e entrar na vida de pessoas que não são cristãs.
Podemos começar na nossa vizinhança ou com pessoas das nossas relações diárias: no mercado, no posto de combustível, no trabalho ou na escola. O simples fato de você se interessar verdadeiramente pela vida de uma pessoa, passando a vê-la como alvo do amor de Deus, fará toda diferença.
Outra ideia é criar espaços neutros ou eventos nos quais pessoas cristãs e não cristãs possam interagir significativamente. Por que não pensar sobre isso em nossas Comunidades? A organização de fóruns ou conversas temáticas em um café, por exemplo, pode quebrar tabus, conquistando pessoas que, mais tarde, passarão a ser parte da Comunidade. As pessoas precisam se sentir aceitas e amadas, sem distinção. A partir do bom perfume de Cristo, exalado pelas pessoas cristãs (2Co 2.14 e 15), outras podem sentir o significado da vivência comunitária.
Em meio a uma sociedade cada vez mais individualista, as pessoas sentirão a diferença quando se perceberem valorizadas e ajudadas em meio ao sofrimento e à solidão. Uma Comunidade que está sempre investindo em novos participantes é uma Comunidade em novidade de vida, na qual o tédio e as desavenças não têm lugar nem tempo. Será uma Comunidade que constantemente se atualiza em relação ao que tem para oferecer aos novos membros, tornando os Cultos e demais trabalhos mais atrativos. Isso tudo custa tempo, mas vale a pena!
Uma Comunidade viva é formada por pessoas cristãs maduras, que discipulam outras, que mais tarde farão novas pessoas discípulas, sempre com vistas para fora dos muros da Igreja. Se não for assim, a Igreja pode passar a ser vista como um clube, no qual as pessoas são servidas, mas nunca, de fato, confrontadas com o Evangelho, sem, portanto, vivenciar a alegria de ser instrumento de Deus na transformação de vidas.
Uma Comunidade atuante é relevante para o seu contexto. Assim, gostaria de concluir com uma frase do Pastor Dietrich Bonhoeffer: Igreja é apenas Igreja quando ela existe para os de fora.
Pa. Dra. Marceli Fritz Winkel | Ministra na Paróquia em Presidente Getúlio/SC