O compromisso agora é outro!
É desejo de todo o ser humano ser feliz, realizar-se profissional e pessoalmente, ser aceito e valorizado na sociedade. Alcançar esses objetivos só é possível ao relacionar-se com outras pessoas e é nessa relação com o outro e com o meio que os sujeitos afirmam o seu comportamento, demonstram a sua personalidade e se sentem aceitos ou não.
Isso nos permite dizer que o ser humano é, por natureza, relacional. Entretanto, percebe-se que nós, seres humanos, engatinhamos no que diz respeito à interação, ao compromisso com o meio e com as pessoas à nossa volta. Vivese em uma época fortemente marcada por polarizações e predisposições a construir muros que separam ao invés de pontes que unem. Repetidas vezes, ouvimos exemplos de relações baseadas na disputa de poder, em que há procura pelo reconhecimento individual e pelo sucesso pessoal.
É na relação com o outro e com o meio em que está inserida, que toda pessoa define o seu comportamento e demonstra a sua personalidade. ‘O ser humano é, por excelência, um ser insatisfeito, não conseguindo jamais em sua vida o pleno cumprimento dos seus anseios. A fé descobre nessa insatisfação o espaço que só Deus pode preencher’ (P. Dr. Gottfried Brakemeier)
Também no que se refere às relações no âmbito das Comunidades, por vezes, esta forma de ser, pensar e agir também está em jogo, o que prejudica e impede que uma Comunidade se fortaleça. Algo semelhante aconteceu entre os discípulos de Jesus. Lembro o episódio no qual os discípulos questionam Jesus a respeito de quem seria o mais importante (Mateus 18.1-5). Nesse sentido, como a fé cristã pode nos orientar a sermos pessoas comprometidas para que haja mais cooperação entre as pessoas?
A fé cristã aponta para a necessidade de unir-se em torno do bem comum. Nos primórdios do cristianismo, essa necessidade foi uma questão fundamental para a preservação da doutrina e o fortalecimento da fé a partir da oração, da comunhão e no partir do pão (Atos 2.4247). O apóstolo Paulo, em vários momentos, aborda a questão da importância da unidade da Comunidade. A passagem mais conhecida é a de 1Coríntios 12.12ss
A partir do que apontamos até aqui, novamente somos pessoas desafiadas a nos comprometer com o Sacerdócio Geral de todas as Pessoas Crentes, que possibilita a todas as pessoas servirem a Deus a partir dos dons que Ele próprio concedeu a cada uma, fortalecendo as relações de coletividade, de respeito, de cuidado.
É fácil? Não é! No entanto, temos ferramentas à nossa disposição e que podem ser um bom auxílio. Uma destas ferramentas é o planejamento. Tanto no âmbito da vida pessoal, familiar, mas também na vida da Igreja. O planejamento é como um farol em meio ao oceano, que orienta a navegação e impede os navios de se chocarem contra icebergs. Planejar nos ajuda a ter uma visão mais ampla e segura de para onde devemos seguir.
Desta forma, ao caminharmos rumo ao Jubileu dos 500 anos da Reforma Protestante, como pessoas cristãs, somos lembrados e lembradas do nosso compromisso, firmado no Batismo, de sermos sal e luz no mundo. Mais do que isso, no Batismo, a pessoa é chamada pelo nome (tu és meu, minha), firmando um compromisso de ser discípulo, discípula de Jesus Cristo. A Comunidade Cristã é, justamente, o espaço para experimentar o bom sabor que a Palavra de Deus quer dar às nossas vidas, fazendo com que o nosso pensar e o nosso agir favoreçam o fortalecimento do Corpo de Cristo.
P. Sérgio Wruck Klippel | Pastorado Escolar e Universitário na Associação Educacional Luterana Bom Jesus/IELUSC, em Joinville/SC