Jornal Evangélico Luterano

Ano 2019 | número 834

Quinta-feira, 21 de Novembro de 2024

Porto Alegre / RS - 08:59

Fé Luterana

Diálogo para alcançar a paz

Percebe-se de uma forma crescente na sociedade e na Igreja que as pessoas não querem mais ouvir o outro, ouvir a outra. O diálogo, a conversa sincera para o bom entendimento não acontece mais. O que se tem são palavras distorcidas e que levam a mal-entendidos, brigas, desentendimentos, discórdias e desconfianças. O que fazer diante destas constatações?

Pensando no desafio dessa temática lembrei da frase do Chacrinha (José Abelardo Barbosa de Medeiros, foi Comunicador de rádio e televisão do Brasil e viveu entre 1917 e 1988), que dizia o seu bordão lá nos anos 80: ‘Quem não se comunica, se trumbica’. Em um momento no qual, na sociedade, todas as pessoas querem ter a razão, faltam o diálogo e a comunicação correta sobre o que pensamos e queremos dizer. Quanto tempo e quanta energia gastamos por causa do ‘ódio nosso de cada dia’?!

Jesus Cristo nos oferece a paz (Jo 14.27) e é a ela que podemos e devemos recorrer. A partir dos Evangelhos, os ensinamentos de Jesus Cristo nos ajudam a buscar formas de reconciliação e cuidado com a outra pessoa, atitudes que promovem a paz nos relacionamentos. ‘Talvez a maior contribuição de Jesus para uma prática de paz nas diferentes dimensões dos relacionamentos humanos seja a sua insistência no perdão sem limites. Foi Jesus Cristo quem disse para perdoar não apenas sete vezes, mas setenta vezes sete. O perdão traz a paz para relacionamentos tensos, difíceis e carregados de culpa’  (Texto-Base do Tema 2019).

Em um momento no qual, na sociedade, todas as pessoas querem ter a razão, faltam o diálogo e a comunicação correta.

De forma prática, podemos recorrer ao diálogo franco e honesto para romper com discursos de ódio, racismo e preconceito. Devemos comunicar claramente sobre intenções, opiniões e conclusões, evitando a má compreensão do que foi dito. É fundamental afastarse de fofocas e intrigas. O objetivo é um consenso daquilo que une as pessoas e, assim, buscar a paz nas relações, não necessariamente aceitando tudo. Promovendo o diálogo com palavras que fomentem a paz e com menos ofensas, conquistaremos a paz nas relações e promoveremos o amor.

A mediação por meio do diálogo e da reconciliação aproxima de novo o que estava separado. No diálogo, não se trata de aproximar as pessoas para que pensem da mesma maneira, mas de encontrar iniciativas a partir das quais se pode caminhar junto, na mesma direção, vislumbrando a paz que Jesus Cristo deixou para nós.

Muitas vezes, concordar ou discordar da outra pessoa não é estar contra ou a favor da pessoa, mas, sim, daquilo que ela defende e acredita. O diálogo é importante para ouvir a outra pessoa, colocar o seu ponto de vista e, assim, chegar a um consenso em que todas as pessoas ganham. O apóstolo Paulo recomenda ‘Sejam bons e atenciosos uns com os outros e perdoem uns aos outros, assim como Deus, por meio de Cristo, perdoou vocês’ (Ef 4.32).

Para refletir, leia Efésios 4.25-32

P. Fábio Steinert | Pastor Vice-Sinodal do Sínodo Sul-Rio-Grandense e Ministro na Paróquia Emanuel de Cerrito Alegre/RS

 

O propósito do amor é promover vida e paz

Somos como a flor do campo, que o vento forte carrega para lugares que olhos não veem (Sl 103.15 e 16). Tudo passa ligeiro e de maneira imprevisível. Não viemos para ficar, por isso convém tomar cuidado com as vaidades (Ec 2.2). É sábia a pessoa que aprende a contar os seus dias (Sl 90.12). O nosso maior desafio é encontrar na brevidade da vida o seu sentido profundo. O verdadeiro tesouro não está no que as traças e as ferrugens corroem nem naquilo que os ladrões podem escavar e roubar (Mt 6.19-21).

Curta ou longa, acolhemos a vida como uma dádiva, uma expressão do amor de Deus. Em meio à diversidade da Criação, estamos nós, seres humanos. Deus manifesta o seu amor diariamente, pois ‘concede, a cada dia, tudo que preciso para o corpo e a vida’, escreve Lutero. Por ser sem merecimento, a Criação e a manutenção da vida são atos de pura bondade e misericórdia, pelo qual devo dar ‘graças e louvor, servi-lo’ (Catecismo Menor). Falar em amor, portanto, é pisar em solo sagrado, pois Deus é amor (1Jo 4.8). É aconselhável tirar as sandálias, a exemplo de Moisés, quando se aproximou da sarça ardente (Ex 3.5). Só assim poderemos sentir o chão que estamos pisando.

O amor é o sentido mais profundo da nossa existência. Tudo passa, mas o amor fica, por isso deixe o que você tem de melhor, o amor.

Trata-se do vínculo da perfeição (Cl 3.14). Está acima e além das línguas celestiais, da fé que remove montanhas, da caridade extrema, da esperança e do sacrifício pessoal. Tudo passa, mas o amor jamais acaba (1Co 13.8). A sua maturidade se expressa na entrega plena, que não teme a rejeição e a morte (Jo 15.13). É um dar-se e derramar- -se sem esperar nada em troca. Amor liberta, não escraviza nem causa dependência. Porém, une de tal forma que nada no universo pode separar (Rm 8.39). Segundo a fé cristã, a sua plenitude está no crucificado, Jesus. Fraqueza e loucura para quem não o conhece, mas poder e sabedoria para quem ouve o seu chamado (1Co 23 e 24).

O amor fica e carrega a marca da eternidade, porque emana de Deus. Ele se expressa na paciência, na bondade e na alegria pelo bem-estar da outra pessoa e de toda a Criação de Deus. Por não estar centrado em si mesmo, o amor deixa de lado o ciúme, o orgulho, a vaidade, o egoísmo, a irritação e as mágoas. É resistente (1Co 13.4- 7). O amor cria pontes entre os diferentes, sem distinção ou discriminação, aprecia a diversidade. É tão inclusivo que a sua plenitude alcança até os seus inimigos (Mt 5.43- 45). O seu propósito é promover vida e paz.

A forma de corresponder a tanto amor é amar: Assim como eu os amei, amem também uns aos outros (Jo 13.34). É a maneira privilegiada de conhecer a Deus (1Jo 4.7). Experimentamos da sua essência em cada gesto amoroso. É menos uma questão de sentimento e mais uma questão de atitude diante das necessidades da Criação e do próximo. Necessidades tão básicas como saciar a fome, matar a sede, acolher o forasteiro, vestir o nu, visitar os enfermos e os presos (Mt 25.35-36). É sair de si em direção ao outro, que é tão distinto e diferente, e não se perder, mas encontrar a vida verdadeira (Mt 10.39).

O amor é o sentido mais profundo da nossa breve existência. Tudo passa, mas o amor fica, por isso deixe o que você tem de melhor, o amor.

Para refletir, leia 1João 4.7-21

P. Luis Henrique Sievers | Pastor Vice-Sinodal do Sínodo Vale do Taquari e Ministro na Comunidade em Lajeado/RS

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