Jornal Evangélico Luterano

Ano 2019 | número 833

Quinta-feira, 21 de Novembro de 2024

Porto Alegre / RS - 08:44

Fé Luterana

Fazer o bem sem olhar a quem?!

Por que Deus amou o mundo de tal maneira que nos deu o seu Filho único por amor a todos nós. Nas Sagradas Escrituras, Cristo nos ensina a viver de acordo com os seus ensinamentos. Jesus Cristo diz: Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e o meu Pai o amará, e viremos para Ele e faremos nele morada (Jo 14.23).

Para nós, seres humanos, simultaneamente justos e pecadores, nem sempre é fácil amar, até mesmo as pessoas que não conhecemos, porém esta é a chave para uma vida plena e feliz. Deus não deixou de entregar o próprio Filho, mas o ofereceu por todos nós! Se ele nos deu o seu Filho, será que não nos dará todas as coisas? (Rm 8.32).

Por vezes, nós esquecemos a promessa de Cristo, que nada nos faltará. A ganância e a falta de fé tomam conta de muitos lares e corações. Pessoas vivem em condições sub-humanas e matam umas às outras até por alguns trocados. A nossa missão, como pessoas cristãs, é mostrar ao mundo a nossa fé e fazer a diferença aonde quer que estejamos, bem como transformar o mundo à nossa volta, começando pelo lugar onde vivemos.

A nossa vida é repleta de vários acontecimentos. Pessoas que não são da família e não conhecemos cruzam o nosso caminho todos os dias e nos dizem muito com apenas um olhar. São filhos de Deus assim como eu e você. Cada qual tem a sua história e seu jeito de ser, cada qual carrega as suas dores e os seus medos. A parábola do bom samaritano também tem muito a nos ensinar.

Quantas pessoas que não são da família ou conhecidas terminam se tornando anjos da paz e do amor em nossa vida?

Alguém de quem poucos esperavam algo, por ser considerado fraco na fé, é justamente este quem vai em direção ao homem caído e o ajuda a restabelecer-se fisicamente com dignidade. Essa parábola é uma grande lição para nós, pessoas cristãs. Ela nos traz o valor do amor ao próximo, mesmo que este nos seja um completo estranho.

Devemos e podemos amar, porque Cristo nos amou primeiro. É dando que se recebe. É perdoando que se é perdoado. Somos sacerdócio real, chamados, chamadas, vocacionados e vocacionadas a fazer o bem sem olhar a quem, orar por todas aquelas pessoas que necessitam e não somente por aquelas que conhecemos.

Ao refletirmos sobre a nossa história de vida, podemos nos questionar quantas pessoas que não são da família ou conhecidas terminam se tornando anjos da paz e do amor em nossa vida? No Ministério Pastoral, para o qual fui ordenada, vivencio isso todos os dias e guardo, de cada pessoa, algo bom para a minha vida, até mesmo daquelas pessoas consideradas ‘difíceis’, pois estas também têm algo a nos ensinar.

Certamente, podemos amar até mesmo as pessoas que não conhecemos, porque Cristo nos amou primeiro e nos ensinou, por meio da sua morte e do seu sofrimento na cruz, que este é o verdadeiro caminho de toda pessoa cristã: o caminho, a verdade e a vida que é Cristo Jesus, o nosso Senhor e salvador.

Pa. Mônica Barden Dahlke

Pastora Vice-Sinodal do Sínodo Uruguai e Ministra na Paróquia de Seara/SC

Para refletir, leia João 3.16

 

A promoção da verdadeira paz busca o encontro

Acima de tudo isso, porém, o amor, que é vínculo da perfeição (Cl 3.14). A busca incansável pela promoção e busca da paz nos confronta com novos desafios. Vivemos tempos em que é mais fácil (e cômodo) viver cercado somente por quem pensa como nós. Dessa forma, haverá consenso e o clima de plena paz tomará conta do nosso viver... Será?

Se você também acompanha um pouco as Redes Sociais, há de concordar que, muitas vezes, a expressão da opinião de algumas pessoas causa inúmeras justificativas para posturas ásperas e até de falta de respeito entre pessoas amigas. Aliás, é bom que nas Redes Sociais só aceitamos amizades e não inimizades. A realidade que nos confronta e nos faz perceber que somos diferentes não deveria ser justificativa para a falta de paz.

Viver o amor nos torna capazes de ir além do óbvio, pois não fazemos nada de novo quando amamos somente quem nos ama.

Para todas as pessoas que têm no Evangelho o indicador da verdadeira paz e, em Cristo Jesus, a centralidade da fé, promover a paz não é apenas uma postura individual. A paz que buscamos não é limitada nem exclusiva. É desafiadora e nos convida a olhar para além da nossa área de conforto e comodidade. A paz busca o encontro.

A busca pela promoção da verdadeira paz nos coloca em movimento, nos desafia e desacomoda. O que seria mais fácil quando constatamos as nossas diferenças diante da realidade: construir muros ou pontes? O que nos parece mais lógico é, infelizmente, sempre que confrontados e confrontadas por algo ou alguém diferente, nos isolarmos, construirmos muros. Dessa forma, ‘protegemos’ a nossa forma de pensar. Construir pontes, a partir do diálogo e da tolerância, exige-nos para além da lógica e daquilo que é mais fácil.

Permanecer no amor é um convite para ter a capacidade de encontrar espaços e oportunidades para fortalecer a fé, a comunhão, o testemunho e a ação, não apenas entre quem pensa da mesma forma.

Ter o nosso pensar e agir confrontados com o pensar e agir de outras pessoas nos coloca diante de novos desafios e possibilidades. De Jesus aprendemos a tolerância. Ele pode assim agir porque a sua motivação era e é o amor. Viver esse amor, que rompia conceitos e preconceitos, torna cada um e cada uma de nós capazes de ir além do óbvio, que é amar quem nos ama.

Viver a partir da compreensão de crer em Cristo, fundamentada no amor, se expande no cuidado com todos e todas, com a Criação, até mesmo com quem não conhecemos ou aquilo que não concordamos. Não fazemos nada de novo quando amamos somente quem nos ama.

A promoção da paz acontece de forma relacional, no respeito, na tolerância, no cuidado e na capacidade que temos em sairmos do comodismo e nos deixar desafiar por esta motivação: não espere pela paz, construa a paz! O seu agir fará diferença sempre!

Pa. Mirian Ratz

Pastora Vice-Sinodal do Sínodo Vale do Itajaí e Ministra na Paróquia em Timbó/SC 

Para refletir, leia Mateus 5.43-47

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