Busca conjunta pela verdadeira paz em Cristo
Vivemos um tempo em que as pessoas são rotuladas a partir das suas opiniões. Dependendo da opinião, facilmente as pessoas se agridem com palavras e/ou gestos, desfazem amizades, alimentam o caminho da polarização, do ódio e das divisões.
O apóstolo Paulo lembra das características da Comunidade em Corinto (1Co 3). Enquanto cidade portuária, era marcada pela pluralidade de culturas e pessoas. Os problemas surgem quando os membros da Comunidade olham apenas para as suas diferenças, provocando desavenças e o enfraquecimento da mesma.
Não focaram na comunhão conjunta em torno de Cristo e as suas infantilidades causaram divisões. Ainda estavam no berçário da Igreja, ao invés de avançarem para a maioridade da vida cristã. Paulo irá dizer: são ‘crianças na fé cristã’, que precisam ser alimentadas com ‘leite e não com comida forte’. A Comunidade em Corinto havia deixado de caminhar em respeito e de mãos dadas.
Somos lembrados e lembradas que a Comunidade é o lugar em que as pessoas diferentes se encontram. Ali, cada pessoa, com o seu jeito de ser, pode aproximar-se de Cristo para cantar, orar e alimentar a fé. Cristo chama para a união e a vivência da paz. Dali, a pessoa segue para a vida diária e aplica o que aprendeu e confessou. Isso é possível quando o foco está em Cristo.
Busquemos viver a Pregação feita por Jesus. Deixemos os interesses pessoais e nos guiemos pelos valores da fé. |
Lembro-me da história de duas irmãs que preparavam o jantar. Elas fizeram um recheio especial e o colocaram dentro do frango. Antes de levá-lo ao forno, pegaram uma folha de alumínio para cobrir a carne. A primeira irmã começou a enrolar a folha de alumínio no frango, quando a segunda contestou: ‘Isso não está certo! O lado brilhante do papel deve ficar para fora’. A primeira respondeu: ‘Isso é ridículo! Todo mundo sabe que o lado brilhante deve ficar virado para dentro’. Seguiu-se uma discussão em que cada uma queria ter razão. Só mais tarde descobriu-se que ambas as irmãs tinham razão. O lado do papel não fazia essa diferença e frango iria assar de igual modo. Quase que o frango não foi assado em prejuízo maior de todas.
Enquanto pessoas batizadas, somos chamadas a caminhar em conjunto, como Corpo de Cristo (1Co 12.27), focadas em Jesus Cristo, promovendo a convivência e, consequentemente, a paz.
Busquemos viver a Pregação feita por Jesus Cristo. Ao invés de discórdia, busquemos a paz. Ao invés de brigas, busquemos a reconciliação. Foquemos na vida e no trabalho convivendo em paz. Deixemos de lado os interesses pessoais e nos deixemos guiar pelos valores da fé.
Se ficarmos discutindo se a parte brilhante do papel alumínio fica para dentro ou para fora, quando nada disso importa, correremos o risco de não poder experimentar um ‘delicioso frango assado’, a saber: a verdadeira paz em Cristo. Felizes as pessoas que trabalham pela paz, pois Deus as tratará como seus filhos (Mt 5.9).
Para refletir, leia 1Coríntios 3.1-9
P. Charles Werlich | Pastor Vice-Sinodal do Sínodo Nordeste Gaúcho e Ministro na Paróquia em Linha Pinheiro Machado, Brochier/RS
Pontes para o melhoramento do mundo
Quando criança, gostava muito de observar pontes. Ao atravessá-las, parava bem no meio para apreciar as águas que corriam por baixo delas.
Quando adolescente, ainda gostava das pontes, porque, ao cruzá-las, o caminho me levava para onde eu queria ir, dava a sensação de liberdade, de poder buscar novos rumos e desafios.
Sou adulta, continuo andando sobre pontes e levo comigo a certeza que precisamos sempre olhar a base, a arquitetura das pontes para nos sentirmos seguros, seguras e encontrar outras pessoas na travessia.
A ponte inicia muito antes de os pontos se ligarem. Exige planejamento, técnica, estratégia, além de recursos humanos e materiais.
O avanço em todas as áreas não pode nem deve renegar aquilo que pulsa em nosso coração. O amor e a paz devem prevalecer. |
Em tempos idos, as pontes serviam para ligar pequenos lugares separados por córregos e rios. Com isso, as pessoas se uniam e se ajudavam mutuamente.
Nos tempos de hoje, as nossas pontes precisam ser refeitas e não apenas aquelas que já fazem parte da história dos nossos antepassados.
Precisamos construir pontes que nos aproximem – pontes entre nós – a fim de melhorar o mundo que Deus nos confiou.
Genesis 1 relata, com riqueza de detalhes, a composição do mundo e, na sequência, a criação e descendência do ser humano com o propósito de cuidar e multiplicar.
Somos, portanto, como cristãos e cristãs, desafiados e desafiadas, nos dias atuais, a olhar ao redor e construir pontes toda vez que:
- sorrimos para alguém, pois melhora a autoestima da pessoa e a nossa capacidade de amar o nosso semelhante;
- estendemos a mão para ajudar alguém, pois praticamos a diaconia, restabelecendo a dignidade e a solidariedade;
- visitamos alguém doente, porque essa ação ajuda na esperança e no restabelecimento da saúde;
- falamos sobre o amor de Deus para que outras pessoas também creiam;
- espalhamos sinais de paz, falando de modo positivo e perseverante sobre o que cada pessoa pode fazer em prol de uma convivência mais fraterna;
- lembramos das palavras mágicas que aproximam pessoas e geram gentileza;
- mudamos as nossas atitudes e somos proativos e proativas nas vivências familiares, com os nossos vizinhos, as nossas vizinhas, os nossos amigos, as nossas amigas, mas também com quem não conhecemos, seja ajudando a atravessar a rua, carregando compras, fazendo orações, divulgando campanhas de conscientização, separando lixo, reciclando o que for o possível, reutilizando o que temos em casa e assim por diante.
Acredito no resgate de valores que perdemos ao longo da história. O avanço em todas as áreas não pode nem deve renegar aquilo que pulsa em nosso coração. O amor e a paz devem prevalecer sempre.
Que possamos construir pontes entre as pessoas, de modo que haja aproximação para o melhoramento do mundo.
Para refletir, leia Gênesis 1 e 2
Pa. Betina Schlittler Cavallin | Pastora Vice-Sinodal do Sínodo Planalto Rio-grandense e Ministra na Paróquia de Chapada, em Chapada/RS