Tema da Igreja para 2019 (Igreja - Economia - Política)
Segundo Lutero, Igreja, Economia e Política são as três Ordens da Criação de Deus. Recordamos do Texto-base de 2018: Igreja (que ensina a Palavra de Deus), Economia (que organiza a produção e a distribuição justa dos meios de sustento da vida) e Política (que zela pela boa convivência humana) são os instrumentos que Deus usa para evidenciar quem Ele é e o que Ele quer.
O ensino de Lutero sobre as três Ordens da Criação se refere a um estado ideal que não existe mais. A natureza humana foi corrompida pelo pecado e, com isso, também as Ordens da Criação estão corrompidas. Ainda assim, todas permanecem sob a promessa de Deus e continuam sendo os âmbitos nos quais Deus atua.
O ser humano está inserido nas três Ordens da Criação. Pela fé, apesar da nossa condição de pessoas pecadoras, atuamos nas três Ordens e por meio delas. A nossa ação pode ser compreendida como colaboração com Deus para o melhoramento do mundo. A pessoa cristã é, simultaneamente, cidadã.
Em 2018, tivemos a oportunidade de compreender a concepção luterana das Ordens da Criação. Em 2019, queremos avançar, identificando e indicando ações para o melhoramento do mundo a partir das três Ordens.
Tudo passa. O amor fi ca. É esse amor que quer a paz. Paz é o alvo. Amor é o meio. Igreja, Economia e Política... Diante das Ordens criadas pelo Pai, o Filho afi ançou: Deixo com vocês a paz, a minha paz lhes dou. |
Na concepção luterana, o alvo da Economia e da Política é a promoção do bemestar das pessoas. Em seu comentário ao Magnificat, Lutero diz ser necessário que ‘governantes se deixem governar pela graça e ajuda de Deus, para o bem do povo. A qualidade de vida do povo evidenciará se o governante é governado ou não pela graça de Deus’. Diante dessa visão e, considerando o novo Lema, a tarefa de governantes e de pessoas cidadãs, particularmente do povo de Deus, é promover a paz e o bem-estar de todas as pessoas. Para isso, é preciso compreender o que é paz.
É disto que trata o Lema de 2019: Deixo com vocês a paz, a minha paz lhes dou (Jo 14.27a). Jesus não define a paz nessa sua frase. Também em outras ocasiões em que fala sobre a paz, o Mestre nunca defi ne o termo. A razão é que paz era um termo conhecido e, seguidamente, usado em saudações pessoais.
Para o povo judeu, shalom – palavra judaica para a paz – é um termo abrangente e que pode ser resumido assim: felicidade, mútuo entendimento e bem-estar espiritual, físico, social, econômico e político das pessoas, das famílias ou grupos com quem elas se relacionam, das cidades em que moram, dos povos aos quais pertencem.
Paz é, portanto, felicidade, saúde, bom entendimento e bemestar em todos os sentidos. Para a Bíblia, paz é uma dádiva de Deus, assim como a bênção: O Senhor te abençoe e te guarde [...] e te dê a paz (Nm 6.24-26).
A ausência de guerra é insuficiente para caracterizar a nossa vida como estando ‘em paz’, por isso, no Antigo Testamento, a paz tem uma coirmã, denominada justiça (cf. Is 48.18). Sem paz, dificilmente haverá justiça. Sem justiça, certamente não haverá paz: O efeito da justiça será paz e o fruto da justiça será repouso e segurança para sempre (Is 32.17). Daí resulta a importância da justiça social para a paz.
No Salmo 85.10-13, a paz tem mais uma coirmã: além da justiça, a verdade. A graça e a verdade se encontraram, a justiça e a paz se beijaram. Da terra brota a verdade, dos céus a justiça baixa o seu olhar. A verdade como segundo fundamento da paz tem uma importância decisiva para Jesus no Evangelho de João. O conhecimento da verdade tem função libertadora: conhecereis a verdade e a verdade vos libertará (Jo 8.32).
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