Missão e Comunicação (parte 2/2)
Os nossos objetivos missionários visam a uma relação de ‘contrato’, ou seja, queremos que as pessoas se comprometam com a nossa Igreja, tornem-se membros. As religiosidades midiáticas buscam, ao contrário, ‘contagiar’, ou seja, estabelecer uma adesão a produtos sem compromisso institucional. Tanto a Comunicação Comunitária como a Comunicação Midiática devem fazer parte das estratégias da Ação Missionária. Ao reconhecer essas duas dimensões da Comunicação para a proposição de estratégias missionárias, estamos levando em conta que uma e outra se inter-relacionam. Por exemplo, vai adiantar muito pouco, em termos de Ação Missionária, realizar uma grande campanha publicitária na cidade sobre a nossa Comunidade se a nossa Ação Comunicativa de acolhimento for um fracasso. Por outro lado, ainda que tenhamos uma Comunidade acolhedora, se as pessoas não souberem que ela existe, se não puderem encontrá-la, a nossa Ação Missionária se tornará inócua.
Públicos diferentes pedem Estratégias de Comunicação diferentes! Público é o conjunto de pessoas com as quais buscamos estabelecer uma interação. Podemos dividi-lo em público interno (os membros da Comunidade) e público externo (os que não são membros), mas também podemos separá-los por idade, renda, localidade, etc. , pois um Meio de Comunicação pode ser mais eficaz com um tipo de público que com outro. Daí a importância estratégica de fazer circular por diferentes meios a mesma mensagem.
Pensar estrategicamente a Comunicação é estabelecer o percurso da Comunidade para o público que pretendemos alcançar e do público para a Comunidade, garantindo que, ao final do percurso, as pessoas queiram voltar e se vincular à nossa Igreja. |
Meios de Comunicação diferentes pedem estratégias diferentes! Todo mundo sabe a diferença entre o rádio e a televisão. Todo mundo sabe que um jornal é diferente da Internet, mas, quando pensamos em usá-los para o anúncio do Evangelho, geralmente, não nos preocupamos com as diferenças, porque pensamos que, se o conteúdo está bom, a forma não importa. Importa tanto quanto é diferente um Culto de Batismo de um Ofício de Sepultamento. As nossas Estraté- gias de Comunicação devem levar em conta os Meios de Comunicação em suas diferenças, porque os públicos estão ‘alfabetizados’ para aquele determinado meio.
Amadorismo e voluntariado têm limites. Um dos traços marcantes da nossa Igreja é a sua capacidade de mobilizar pessoas para servirem na Comunidade, com os seus dons. O Sacerdócio Geral de todos as Pessoas Cristãs é uma conquista luterana que deve ser sempre lembrada e valorizada. No entanto, é preciso também reconhecer que todo voluntariado tem limites, assim como o serviço comunitário feito por amor à causa. O mundo da mídia religiosa faz circular na economia bilhões de reais. Essa indústria não é movida por voluntários e militantes. Há um grau de profissionalismo muito grande, que tem implicações sobre o nosso cotidiano comunitário. Fazer frente a essa concorrência exige de nós mais que boas intenções. Sempre que possível, as nossas Comunidades deveriam buscar o auxílio de pessoas da Área da Comunicação para ajudar no planejamento e na execução de Estratégias Midiáticas e, até mesmo, na formação de pessoas para realizar essas tarefas.
Contar com mão de obra qualificada pode representar um salto qualitativo na Missão da nossa Comunidade. Comunicação Midiática é uma relação de parcerias em torno de interesses, uma das características da relação entre instituições e os Meios de Comunicação. Não tomemos ‘interesse’ na sua acepção negativa. É uma troca. Por exemplo, se um Meio de Comunicação concede espaço para publicar material sobre a nossa Igreja, ele o faz porque tem interesse no público que essa informação vai alcançar, seja porque poderá ser assinante, seja porque constitui consumidor de produtos dos seus anunciantes, ou seja, apenas porque ganha em credibilidade junto à Comunidade e aos seus membros.
Núcleo de Comunicação da IECLB