A IECLB na Missão Global
A Missão Global quer levar a sério e realizar o envio de Jesus Cristo: Vão a todos os povos do mundo e façam que sejam meus seguidores, batizando-os em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo e ensinandoos a obedecer tudo o que tenho ordenado a vocês! Lembrem disto: Eu estou com vocês todos os dias, até o fim dos tempos! (Evangelho de Mateus 28.19- 20).
O desafio da Missão Global é importante e é encarado conjuntamente pela comunhão de Igrejas Luteranas. Juntas, Igrejas do hemisfério Norte e do hemisfério Sul, somos participantes na Missão de Deus no mundo e chamados a testemunhar, em palavra e ação, o Evangelho de Jesus Cristo no mundo. Assim, quando construímos e fortalecemos relações de mutualidade, estamos conscientes de que uma Igreja sozinha não é capaz de fazer o que Deus convoca a fazermos juntos.
Nos seus 70 anos de caminhada conjunta, a comunhão luterana tem exemplos de boas práticas de solidariedade e ajuda entre as suas Igrejasmembro para realizar a tarefa missionária e diaconal. Há muitas lições aprendidas e uma delas é a necessidade de neutralizar relações que expressem qualquer tipo de superioridade de Igrejas que tenham poder econômico e financeiro sobre aquelas que necessitam de apoio e solidariedade.
Não é o tamanho nem o poder econômico que define quem precisa de ajuda. O ex-Presidente da Federação Luterana Mundial (FLM), Bispo Joshua Kibira, da Tanzânia, já nos anos 1970, costumava dizer: ‘Nenhuma Igreja é tão rica que não necessite de nenhuma ajuda, e nenhuma Igreja é tão pobre que não tenha nada para compartilhar’.
A história da missão do Norte para o Sul tem momentos vergonhosos e questionáveis. Muitas vezes, as sociedades missionárias nada mais eram do que testas de ferro dos colonizadores e impunham as culturas dos seus países de origem sobre os povos, legitimavam a exploração das riquezas naturais e minerais e a submissão ao conquistador. Felizmente, a época do colonialismo terminou e, hoje, os países são politicamente independentes, apesar de as consequências do domínio estrangeiro ainda serem sentidas em forma de pobreza extrema e falta de capacidade de resposta às demandas básicas de alimentação, saúde, educação e moradia. As Igrejas do Norte mudaram a sua atitude em relação ao Sul e buscam construir, juntas, relações de mutualidade, apoio e fortalecimento de capacidades.
Diferentemente do Sul, que, por séculos, era tido como área de missão e onde hoje as Igrejas mais crescem numericamente, no Norte as Igrejas diminuem o seu número de membros a olhos vistos. Toma-se gradativamente consciência da importância da missão e da necessidade de evangelização para elas mesmas em seus respectivos contextos. Para isso, estão pedindo a ajuda das Igrejas do Sul.
As relações globais da IECLB têm a ver com a sua própria história, pois a origem dos seus membros está na imigração alemã desde o século XIX e, por isso, mantém relações fortes de cooperação com a Igreja Evangélica na Alemanha e várias das suas Igrejas membro e instituições diaconais. Essas relações foram crescendo na medida em que, gradativamente, se substituiu o esquema de doador e receptor pela prática de parceria e mutualidade nos dois sentidos.
Há bons exemplos de acordos de cooperação bilateral da IECLB com outras Igrejas e sociedades missionárias do Norte (Estados Unidos, Noruega e Suécia) e do Oriente (Japão). Em nível de região latino-americana e caribenha, nos relacionamos com as Igrejas da região, especialmente da Argentina (IERP e IELU), Chile (IELCH) e com a CILCA – Comunhão de Igrejas Luteranas Centro-americanas, sempre visando à mutualidade e ao fortalecimento de capacidades locais por meio do intercâmbio de Ministros e Ministras e acesso à formação teológica. Neste modelo, também participam as Igrejas de Angola e Moçambique, países africanos de Língua Portuguesa. Como membros do mesmo corpo, nos inteiramos das necessidades e desafios e desejamos nos apoiar e fortalecer mutuamente para melhor participar da Missão de Deus.
Se olharmos mais de perto, é um caminho de uma só via: de nós para eles. É uma relação ainda distante um do outro. Para vivenciar e incorporar comunhão, somos desafiados a identificar possibilidades de exercitar mutualidade, perguntando-nos: O que as Igrejas africanas têm para compartilhar e que pode ser interessante e necessário para as Comunidades da IECLB?
Por graça de Deus, perdão e reconciliação: um novo sentido à vida
A IECLB é parte da comunhão de Igrejas Luteranas em todo o mundo reunidas desde 1947 na Federação Luterana Mundial (FLM). A FLM é uma comunhão global de 145 Igrejas de tradição luterana, representando mais de 74 milhões de cristãos e cristãs em 98 países e que, em maio de 2017, celebrará a sua XX Assembleia Geral, em Windhoek, na Namíbia, sob o tema Libertados pela Graça de Deus.
Experimentamos unidade na diversidade |
Esta comunhão luterana de Igrejas encontra a sua expressão visível na comunhão de púlpito e altar, no testemunho e serviço comuns, no cumprimento conjunto da tarefa missionária e na abertura à cooperação, ao diálogo e à comunhão ecumênicos.
Como expressão da incondicionalidade do amor de Deus manifesto em Jesus Cristo, a mesa da comunhão é redonda e não tem cabeceira, em cima ou embaixo, pequeno ou grande, rico ou pobre que definam poder e importância. Todas e todos são convidados a experimentar perdão e reconciliação por graça de Deus e dar um novo sentido às suas vidas, amando a Deus e ao seu próximo.
Deus chama à comunhão e a sustenta. Significa que somos chamados a construir e nutrir relações e tornando-nos o que somos, comunhão de pessoas batizadas em nível local e nacional, ou seja, Igreja, e, além disso, sendo parte da Igreja, corpo de Jesus Cristo, em todo o mundo.
Como membros de um mesmo corpo, experimentamos unidade na diversidade. Quando um membro sofre, a dor é sentida em todo o corpo. Se uma parte do corpo é elogiada, todas as outras se alegram com ela (1Coríntios 12.12-27).
P. Silvio Schneider, atuou na Comunidade Evangélica Luterana de Curitiba/PR (1972-1980), foi Secretário de Comunicação da IECLB (1980-1992), trabalhou na Sede da Federação Luterana Mundial - FLM, em Genebra, na Suíça (1992-2000 e 2015), foi Secretário Executivo da Fundação Luterana de Diaconia - FLD (2000-2008) e Diretor de Programas do Serviço Mundial da FLM na Colômbia e em Moçambique (2008-2014). Atua como Assessor para assuntos de Missão Global na Sede Nacional da IECLB e de Planejamento para as Unidades Sociais da Comunidade Evangélica de Porto Alegre/RS