Jornal Evangélico Luterano

Ano 2016 | número 792

Quinta-feira, 21 de Novembro de 2024

Porto Alegre / RS - 08:44

Comportamento

Música na missão de Deus

   A essência da Igreja cristã é ser missionária, conforme está expresso no texto-base do Plano de Ação Missionária da IECLB (PAMI). A música, por ser uma linguagem que permite um alto grau de expressão comunitária e de comunicação coletiva, por sua capacidade de envolvimento das pessoas e de expressão de gratidão e fé, pode ser muito utilizada na missão de Deus. Como povo luterano, participamos (nós, IECLB), dessa missão, manifestando a nossa confessionalidade por meio da música, sendo ela expressão da fé que confessamos. A música é o bom recheio da tarefa missionária da Igreja e pode ser amplamente utilizada nesta tarefa.

   Na autoanálise que a IECLB realiza no PAMI, o desafio de traduzir o Evangelho para a cultura na qual estamos inseridos evidencia-se prioritário. A comunicação da nossa tradição, entendida como a nossa herança espiritual, teológica e eclesial, precisa, porém, de planejamento de estratégias e ações efetivas articuladas.

   Ao planejar as estratégias de ação missionária, é necessário, antes de tudo:

   - reconhecer que música tem a ver com o contexto de forma crucial, ou seja, pensar em música para o Brasil, para toda a IECLB e para fora dos muros da IECLB, exige o reconhecimento de que não basta encontrar uma mesma música, uma mesma forma de expressão, e supor que ela será suficiente para todo e qualquer contexto. Aliás, os diferentes matizes sonoros são a nossa riqueza e não reconhecer isso seria a nossa maior falha em relação à musicalidade e à cultura brasileiras;

   - assegurar formas de garantir um núcleo comum, em meio à diversidade, e dar-se conta que tal núcleo é primariamente teológico e eclesiológico e não necessariamente musical.

   Quais são, então, as principais frentes de atuação para efetivar a tarefa musical com vistas à missão da Igreja? 

   - Zelar pela manutenção do cerne teológico e do bem-fazer musical da Igreja, lembrando que a música está relacionada à Teologia da hospitalidade, prevista no PAMI, e que há Teologia na forma e no conteúdo. A maneira como celebramos também fala sobre a identidade da Igreja. A música é um elemento que define o clima do encontro da Comunidade com Deus. A preocupação com a hospitalidade e até o impulso em direção a uma Teologia da hospitalidade passa, indiscutivelmente, pela música que acontece no espaço de celebração da Comunidade. Nesse sentido, vale a pena perguntar: que aspectos da cultura musical local favorecem o anúncio do Evangelho em cada região do Brasil? Que aspectos atrapalham?

   Diz o PAMI que ‘Os elementos litúrgicos, o modo como nos acomodamos no espaço do templo e os gestos que fazemos precisam contribuir para que cada participante sinta e entenda o amor de Deus. Nesse contexto, também a música tem um papel importante como expressão de fé e manifestação da nossa confessionalidade. Ela é um modo de externarmos a nossa gratidão, o nosso louvor e também de traduzirmos o Evangelho para a cultura na qual estamos inseridos como Comunidade cristã.

   - Despertar e capacitar lideranças musicais nas diferentes regiões do Brasil, aptas a desenvolverem projetos de educação musical comunitária, conscientes da tarefa de transmitir o legado teológico-musical da Igreja. Dentro de tal meta, inserem-se as ações de elaboração do novo hinário da Igreja e a participação ativa da área da música no Programa de Acompanhamento a Estudantes de Teologia, além de cursos como O Musicista, A Musicista e o Ofício da Música na Igreja e Educação e Gestão Musical em Espaço Comunitário. São frentes de capacitação para a tarefa missionária por meio da música.

   - Favorecer e a apoiar o desenvolvimento de organizações regionais – que se conectem com o todo – para pensar e organizar localmente ações musicais, sejam seminários, festivais, encontros de coros, entre outros, que fomentem a divulgação da identidade musical luterana.

   O contínuo acompanhamento da Igreja na área da música permitirá o crescimento qualitativo em uma das áreas mais marcantes da IECLB, a música sacra. Essa, por sua vez, está intimamente ligada à liturgia – celebração do amor divino, tendo ali seu ethos natural. Não será a Igreja criando música sacra, mas música sacra capacitando os membros para a expressão e a articulação missionária da fé. 

Música: convém a nós um olhar a partir do mercado?

   O ‘mercado musical’, há muito, é motivo de preocupações na vida comunitária. A pergunta inevitável: aderir ou não aderir aos modelos de mercado?

Não estamos procurando consumidores musicais

   À pergunta: por que a IECLB não adere ao mesmo tipo de música que temos no mercado ou não entra no mercado musical religioso brasileiro?, uma boa resposta é que, talvez, porque não queiramos aderir. Isso nos dá uma grande liberdade para fazer a música que precisamos ou queremos fazer. De fato, estar à margem significa, nesse caso, liberdade – um precioso tesouro! Também no meio secular sabemos que importantes artistas fazem questão de não aderir ao mercado, mas de construir uma história diferente. 

   Por outro lado, temos muito a aprimorar no uso das mídias disponíveis. Para as pessoas que se dedicam ao serviço musical na Igreja, os recursos midiáticos e técnicos sempre estarão voltados aos objetivos principais: dar glória a Deus, falar para os diferentes contextos e despertar ouvintes para um compromisso com o Evangelho. Isso exclui a doce tentação da fama ou da ostentação. Podemos – e deveríamos – nos assessorar de todo o cabedal de recursos técnicos para aprimorar cada vez mais a comunicação do Evangelho por meio da música. Não estar sujeito ao mercado não implica em fazer qualquer música.

   Pelo contrário! Ainda convém refletir sobre outra questão importante: a partir da dimensão do sacerdócio geral de todas as pessoas que creem, o canto comunitário, a voz do povo de Deus reunido, no culto, é o ‘lugar’ da mais bela e adequada sonoridade. Como consequência, o que identifica de forma indelével a música evangélicoluterana é que não estamos procurando consumidores musicais, mas protagonistas – e, no ‘mercado’, não há lugar para sermos todas e todos protagonistas... Pense nisso!

   Mus. Dra. Soraya Heinrich Eberle, Musicista, graduada em Música (Regência Coral) pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Mestre e Doutora em Teologia pela Faculdades EST, em São Leopoldo/RS, é Coordenadora do Projeto de Educação Musical da Comunidade da Ascensão, em Novo Hamburgo/RS, e Coordenadora de Música da IECLB

 

 

 

 

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