Jornal Evangélico Luterano

Ano 2016 | número 797

Quinta-feira, 21 de Novembro de 2024

Porto Alegre / RS - 09:02

Atualidade - P. Oneide Bobsin

Religiões e detergentes

   Na aula de pós-graduação, estávamos estudando as grandes religiões. Para a aula sobre Islã, convidamos um Professor de História que professa esta fé, assim como o fizemos com outras religiões. Sendo Professor com muita habilidade para o ensino, começou com um levantamento de opiniões sobre o Islã, a religião que mais cresce no mundo, que já alcançou um bilhão e quatrocentos milhões de fiéis.

   A primeira a se manifestar foi uma Freira católica. Ela disse que estão construindo uma mesquita na região onde trabalha, próximo a Porto Alegre/RS. O Professor sorriu e, com jeito, disse: ‘Irmã, não é uma mesquita. É um motel com traços do mundo árabe, os quais podem ser confundidos com a religião islâmica’. Enquanto todos riam, o Professor questionou: ‘Como vocês se sentiriam se alguém construísse um motel com os traços de um templo cristão’? Houve silêncio!

Os diferentes, impuros, precisam ser eliminados

   Os atentados recentes na França foram assumidos por um grupo terrorista que se vincula a uma interpretação extremista do Islã. Certamente, a maioria do povo muçulmano sente-se muito mal vendo a nós, ocidentais, associando a sua fé ao terror. Prefiro dizer que são grupos fundamentalistas religiosos e não associar a uma religião em particular. Por quê? Por uma razão muito simples: há grupos fundamentalistas em quase todas as Igrejas e nas grandes religiões.

   Alguém poderia objetar, dizendo que, do lado cristão ocidental, tais grupos extremistas não pegam em armas. Podemos concordar com isto, mas há outro problema. De onde vêm as armas dos extremistas? Como não as fabricam, eles as recebem de Governos que compram armas da Alemanha, da Suécia, da França, da Rússia, dos Estados Unidos, países que se identificam como Ocidente cristão.

   Donald Trump, candidato à Presidência dos Estados Unidos, escolheu para seu Vice o Governador de Indiana, que assim se apresentou: ‘sou cristão, conservador e republicano’. Não teve coragem de se dizer fundamentalista ou extremista religioso, já que não podemos ignorar que o fundamentalismo moderno nasceu nos Estados Unidos no início do século passado.

   Um dos muitos traços do fundamentalismo ou extremismo religioso reside na ideia de que o outro, o diferente, é impuro e os impuros precisam ser eliminados. Há muita fé parecida com detergente, por isso Lucas mostra Pedro entrando na casa de um estrangeiro, onde fez uma confissão: Deus acaba de mostrar-me que a nenhum homem se deve chamar de profano ou impuro (Atos do Apóstolo, 10.28).

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