Jornal Evangélico Luterano

Ano 2016 | número 791

Quinta-feira, 26 de Dezembro de 2024

Porto Alegre / RS - 21:18

Atualidade - P. Oneide Bobsin

Arautos de desgraças

   Por que os grandes os meios de comunicação espalham más notícias quando há tantas experiências boas para serem comunicadas? Essa foi a pergunta que fiz ao Jornalista que comanda um programa de rádio do qual participo quinzenalmente. Sabendo a resposta, fiz outra pergunta: Por que preciso saber que um trem descarrilou no interior da Índia e matou dez pessoas, não tendo eu chance nenhuma de auxiliar aquelas famílias? 

   Não sei as respostas, mas, fora do ar, o Jornalista ‘matou a charada’. Se não anunciarmos desgraças, diminui a audiência e perdemos os patrocinadores. Afinal, são as desgraças e as notícias ruins que mantêm certo público ligado ao rádio e com os olhos pregados nas páginas policias dos jornais.

   Violência, sexo, futebol, corrupção e temas envolvendo desgraças vendem muito e muito mesmo! É o ‘antiEvangelho’ que chama a atenção e não o Evangelho, a Boa Notícia. Essa não dá audiência. ‘Notícias ruins correm rápido’, disse um vizinho preocupado com o sumiço do seu sobrinho.

Deus acredita no ser humano

   Uma pessoa estudiosa do comportamento humano disse que a atração pela desgraça nasce do sentimento estranho de que o outro está em uma situação pior que a minha. Além disso, sinto que estou vivo.

   Penso que essa seja uma parte da verdade. A outra pode estar relacionada à manipulação interesseira: desanimar as pessoas, torná-las impotentes, acomodá-las. Já que a sociedade é uma droga, vamos consumi-la assim como nos é apresentada! Obviamente, alguém lucra muito com isso.

   As boas notícias do Natal de Jesus, no cântico de Maria, uma mulher simples do povo, vão na contramão do desânimo imposto pelos poderes. Vale a pena lembrar algumas palavras sobre o Deus que não focou nos palácios: Agiu com força de seu braço, dispersou os homens de coração orgulhoso. Depôs os poderosos de seus tronos, e a humildes exaltou. (Lc 1.46-56). 

   Outra mulher grávida, Maria Aparecida, sorridente e com a mão na barriga, diz para o Repórter que há esperança, apesar de a casa estar soterrada de rejeitos de minério de ferro da Samarco. É uma boa notícia, como aquela inscrita em um quadro dado a Leonardo Boff por um paciente psiquiátrico: Sempre que nasce uma criança é sinal de que Deus acredita no ser humano. Especialmente, se for em uma estrebaria, entre animais.

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