“Ensina-nos, Senhor, a contar nossos anos para que alcancemos um coração sábio”
Salmo 90,12
Pastor Victor Linn
Estamos no início de um novo ano.
Assim como no início do ano passado, do retrasado e dos anteriores, provavelmente, também agora você deve ter feito algum balanço de sua vida, avaliado pontos fortes e fracos, e estar com alguma expectativa. Um novo ano desperta esperanças. Significa que teremos novas possibilidades, novas chances de realizar o que não conseguimos em 2008, de acertar o que erramos, talvez até imaginemos que esse ano seja o ano da virada em nossa vida. Faz parte de nossa vida esperar e desejar alguma coisa a mais, ou melhor. Também é muito forte o desejo de uma nova chance, de poder recomeçar ou fazer de novo. Nesse sentido, há na repetição dos anos uma generosidade.
Ou você é daquelas pessoas que já não se empolgam mais? Não são muitas, mas essas pessoas existem. Elas não partilham do otimismo típico do início do ano, nem agüentam mais ouvir todas essas expectativas. Elas oscilam entre o medo e o desânimo.
Alguns desanimam porque afirmam que, apesar do ano ser novo, as coisas têm a tendência de se repetir. Tantas vezes esperaram e imaginaram que as coisas viessem diferentes e, nada! O que aconteceu foi a repetição das mesmas coisas de sempre, as queixas, as frustrações, as crises... A repetição dos anos traz consigo a repetição dos velhos sintomas que não permitem o reconhecimento das diferenças e novidades.
Outros são tomados pelo medo. Conheço uma pessoa que todo ano novo tem um mesmo pensamento: “...das pessoas que eu conheço, quem não estará mais viva no final do ano?” Ao pensar nisso perde a alegria para qualquer comemoração. Mais do que isso, o medo de que poderia ser alguém de sua família, alguma pessoa que ama, ou até ela mesma, faz com que perca a energia necessária para formular novos projetos de vida. O resultado é que fica apenas transitando nostalgicamente nas memórias do passado. Nada mais de bom virá. O que é bom já passou, está lá no passado, geralmente nas lembranças idealizadas de um tempo em que tudo parecia mais seguro.
Temos medo porque sabemos e experimentos que temos limites. A vida, a saúde, os recursos, tudo tem seus limites. Por mais que tentemos nos enganar a respeito deles, em algum momento seremos confrontados com isso. Não obstante, podemos descobrir uma riqueza infinita de experiências positivas, especialmente do amor, apesar dos limites.
Quem está certo? São três posições distintas, porém, eu acredito que a maioria das pessoas tem um pouco de cada. Cada uma dessas posições tem um fundo de verdade. E também um pouco de ilusão e engano.
Um novo ano, assim como um novo dia, traz inúmeras possibilidades de fazer coisas diferentes. Isso é uma graça maravilhosa. Realmente podemos mudar. Talvez os ciclos da vida existam para nos lembrar da generosidade da própria vida e de Deus, que, mesmo em vista do fato de sermos mortais e limitados, podemos aproveitar toda nova possibilidade, toda repetição para fazer diferente, fazer mais e melhor o que nosso desejo, nosso amor, espera ou exige de nós. Muitas coisas vão se repetir, mas algumas se repetirão com algumas diferenças. Graças a Deus!