No ano de 1843, o Governo da Província do Rio de Janeiro elaborou um plano para a construção de estradas, canais e a rodovia que se estenderia até Minas Gerais. No ano seguinte, assinou contrato com Eugênio Pisani, agente da Firma Delrue, de Dunquerque (Norte da França), para que trouxesse ao Rio de Janeiro 600 famílias no prazo de 18 meses. A Província pagaria o transporte e daria a Pisani/Delrue 245 francos por pessoa adulta e 25 francos por criança.
Foi, então, feita propaganda na Renânia de língua alemã, com muitas promessas que jamais seriam cumpridas. Quando os emigrantes chegaram ao porto de Dunquerque, não havia navio nem alojamento. Gastaram suas economias, mendigaram. Depois de muita espera, apareceu o navio “Maria”, capitaneado pelo Capitão “Castel”. Na viagem, houve violência contra mulheres emigrantes.
Quando, finalmente, chegaram à bela cidade do Rio de Janeiro, o governo provincial havia desistido de seu projeto e nada tinha a oferecer aos que chegavam. Ficaram jogados na Praia Grande. Nada de comida, nada de alojamento, nada de perspectivas. Em três semanas morreram 314 pessoas.
Por fim, comerciantes alemães da cidade do Rio intercederam junto ao Imperador Pedro II. Alguns foram enviados para colônias já existentes, outros para a propriedade imperial do “Córrego Seco”, onde receberam terra livre de impostos por dez anos. Córrego Seco era aldeia pobre com cinco casebres, onde também não encontraram alimentos, nem moradia. Tudo estava por fazer. Foram explorados pelo Diretor da nova colônia, que usava de violência, censurava cartas.
Hoje, Córrego Seco leva o nome de Petrópolis, no Estado do Rio de Janeiro. Em 19 de julho de 1846, o Pastor Avé-Lallement, atuante na cidade do Rio, subiu a serra e celebrou com aquelas pessoas miseráveis o primeiro culto evangélico-luterano em Petrópolis. Ao cantarem, comungarem e ouvirem a Palavra de Deus, experimentaram que Deus é o nosso socorro em meio às tribulações. Redescobriram que, mesmo em meio a pandemias,
“Deus está presente, todos o adoremos, com respeito nos prostremos.
Quem o ouvir ou sentir, baixe os olhos crente! Vinde ao Pai clemente”.
Há 196 anos, essa é a experiência da IECLB, iniciando em Nova Friburgo/RJ e, depois, São Leopoldo/RS, passando para todo o Brasil. Louvado seja Deus que está bem presente nas tribulações. Até aqui nos trouxe Deus!
Pastor Dr. Martin N. Dreher