O que celebramos no Natal?
Temos que resgatar o verdadeiro significado do Natal!. É uma frase comum de se ouvir no final do ano. Mas, para nós, essa frase nunca fez muito sentido durante boa parte de nossas vidas. Quando éramos crianças, como filho e filha de pastores, pensávamos em várias possíveis respostas, algo como a profecia que se cumpre, o verbo que se fez carne ou o sinal do amor de Deus pela Criação. Ao crescermos, porém, descobrirmos que a resposta era mais simples do que parecia: a celebração do nascimento de Cristo.
Para quem cresceu participando do culto infantil, encenando o presépio na igreja e recitando poesias no culto de Natal, associar a data com Maria, José e o menino Jesus soa muito óbvio. Mas isso está mudando. No Reino Unido, um terço das crianças com idade entre 10 e 13 anos não sabia que a data celebra o nascimento de Jesus, conforme pesquisa feita com 2.000 famílias em 2014 pela entidade ecumênica Christmas starts with Christ. Estamos falando de um país que celebra o Natal há mais de mil anos!
Mas outros dados também são curiosos: nos Estados Unidos, uma pesquisa de 2013 da Pew Research Center indicou que a maioria (81%) dos não cristãos também celebram o Natal, incluindo não só pessoas sem religião, mas também budistas e hindus.
Mas, espera um momento: quer dizer que cada vez menos pessoas sabem a origem do Natal, mas até mesmo as não cristãs celebram o 25 de dezembro? Resta saber, afinal: o quê as pessoas estão realmente comemorando?
Parte da explicação está na secularização das sociedades mais ricas, mas não precisamos olhar para outros países para tentar entender melhor a dissociação. Basta olhar as vitrines em pleno mês de novembro para ver que o deus mais celebrado no final do ano é o próprio mercado. O Natal se tornou um grande evento industrial e comercial, que transformou um período que deveria ser de reflexão e esperança num período de correria e estresse.
Inspirados e inspiradas pelo próprio menino Jesus, talvez a dica para resgatar o verdadeiro sentido do Natal esteja lá na nossa infância mesmo, preservando os bons momentos vividos em família e comunidade, tão importantes para nossa vida de fé. Um feliz e abençoado Natal a todos e todas!
Eduardo Borchardt
Thalita Rossow Vollbrecht
Representantes do Sínodo Espírito Santo a Belém no Conaje