Um adulto desavisado acharia que nada do mundo do rock presta, mas essa visão fatalista da realidade do jovem que gosta de rock não corresponde à realidade. Há pelo menos uma grande exceção: a banda irlandesa U2.
A idéia de formar um grupo de rock partiu de Larry, baterista, quando colocou um anúncio no mural da escola procurando músicos. Apareceram Paul Hewson, que mais tarde se tornou o vocalista Bono Vox, o baixista Adam Clayton e Dave Evans ou The Edge, como guitarrista. A banda recém-formada ganhou vários nomes antes de se chamar U2, referência a um avião que ambiguamente poderia também significar you too (vocês também) ou you two (vocês dois).
A partir de shows em Dublin e de um concurso para novos talentos, a banda foi chamando a atenção. Em 1979, o U2 lançou seu primeiro EP, inicialmente só vendido na Irlanda. Em 1980, a banda assinou um contrato com outra gravadora, lançando o disco “Boy” que fez a banda ficar conhecida no Reino Unido. O sucesso mesmo só veio em 1983, com o disco “War”. A música “Sunday Bloody Sunday”, virou sucesso no mundo inteiro e símbolo da luta do U2. A letra foi inspirada nos eventos do chamado Domingo Sangrento (Bloody Sunday), de 1972, em que, durante um protesto, 14 irlandeses que foram mortos por soldados britânicos em Belfast. O álbum ficou em 1° lugar nas paradas inglesas e em 12º nos Estados Unidos. Depois disso, o U2 passou a fazer shows em estádios para milhares de pessoas.
Essa história seria semelhante ao surgimento de tantas outras bandas não fosse o fato de três dos integrantes terem experimentado uma marcante conversão durante o começo da banda. Por isso, desde o começo, suas músicas eram marcadas por sua espiritualidade.
Essa história seria semelhante ao surgimento de tantas outras bandas não fosse o fato de três dos integrantes terem experimentado uma marcante conversão durante o começo da banda. Nem o sucesso, nem o patrulhamento de igrejas cristãs os fizeram desistir de sua postura. Bono afirmou certa vez, referindo-se criticamente à postura rígida das igrejas: Não vejo Jesus Cristo como sendo parte de uma religião. Religião para mim é quase a idéia de Deus indo embora, e as pessoas estabelecendo um conjunto de regras para preencher o espaço deixado por ele.
O U2 passou por várias fases. De um início espiritualizante, passou por uma fase de intenso ativismo social quando o próprio Bono Vox se tornou se uma espécie de embaixador de lutas sociais do terceiro mundo. Passou então por uma fase de uma crítica sarcástica da sociedade, quando Bono interpretava personagens que a identificavam. Foi um período de mudanças e experimentações em termos de seu estilo musical.
A fase atual é marcada pela maturidade de suas posturas e pelo retorno ao estilo de rock, que os identificou desde o começo.
No entanto, chama a atenção que nada os fez desistir da idéia de falar abertamente do quanto a fé determina sua visão de mundo. Suas letras transbordam espiritualidade. Seus shows parecem seguir uma liturgia de culto. O show recente no Estádio do Morumbi foi marcante. O detalhe do fim do espetáculo não me sai da memória: a banda cantando o Salmo 40 e Bono, ao sair do palco, colocando um crucifixo pendurado no seu microfone.
Orgulho (Em Nome do Amor)*
Um homem veio em nome do amor
Um homem veio e foi
Um homem veio ele para justificar
Um homem para subverter
Em nome do amor
O que mais em nome do amor
Em nome do amor
O que mais em nome do amor
Um homem foi pego numa cerca de arame farpado
Um homem ele resiste
Um homem lavado numa praia vazia
Um homem traído com um beijo
Em nome do amor
O que mais em nome do amor
Em nome do amor
O que mais em nome do amor(ninguém como você...)
Manhã cedo,
4 de Abril tiros zumbem nos céus de Menphis
Livre ao final, eles pegaram a sua vida
Eles não poderiam pegar o seu orgulho
Em nome do amor
O que mais em nome do amor
Em nome do amor
* título original em ingles “Pride (In The Name Of Love)”
Pastor Cláudio Kupka