Missão com Jovens



ID: 2751

Democracia

Palavr@ção 22

11/12/2014

Palavr@ção on-line 22 - DEMOCRACIA

Expediente
PALAVRAÇÃO é uma publicação da IECLB - Secretaria de Formação
Postagem: Portal Luteranos - dezembro de 2014
Colaboração: Secretaria de Ação Comunitária e Conselho Nacional da Juventude Evangélica CONAJE
Elaborador: Rodolfo Fuchs dos Santos
Equipe de revisão: P. Jaime Jung, Diac. Simone Engel Voigt e Prof. Katilene Willms Labes
Revisão Ortográfica: Martha Regina Maas
Projeto Gráfico: Artur Sanfelice Nunes
Coordenação: P. Antonio Carlos Oliveira
Contato: secretariageral@ieclb.org.br


PALAVR@ÇÃO é um material destinado às pessoas que orientam os trabalhos com grupos de jovens na IECLB. Cada estudo possui duas partes: uma teórica (PALAVRA) e outra prática (AÇÃO). Dessa forma, a reflexão sobre um assunto importante vem conectada a sugestões de atividades práticas para a juventude.

Palavra
Oferece uma reflexão a respeito do tema proposto. Dessa maneira, você terá acesso a um subsídio de auxílio para a preparação de estudos sobre determinada temática.

Ação
Apresenta sugestões de dinâmicas e atividades para o estudo. Você pode adaptá-las e complementá-las para melhor atender à realidade e às necessidades do grupo de jovens.


Palavra: A democracia do dia a dia

Democracia vem da palavra grega “demos” que significa povo. No entanto, quando pensamos em democracia, a primeira coisa que nos vem à cabeça são as eleições que, atualmente, ocorrem a cada dois anos. Porém, como está expresso na Constituição Federal vigente em nosso país, vivemos em um Estado Democrático que tem por finalidade assegurar: o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos. Isso dá à democracia, e às pessoas envolvidas, uma complexidade muito maior do que alguns votos a cada dois anos: o Estado Democrático deve ser constante.

Levando isso em consideração, será que vivemos realmente em um Estado Democrático?

Em nossa sociedade, constatamos que os direitos sociais e individuais ainda não são plenamente garantidos: ainda existem pessoas e, muitas delas crianças, que trabalham em regime de escravidão; mulheres são discriminadas no mercado de trabalho e milhares delas convivem diariamente com a violência doméstica; penitenciárias brasileiras submetem seres humanos a uma vivência totalmente desumana e degradante; pessoas são repreendidas física e moralmente por expressarem suas opiniões e a intolerância religiosa, principalmente com as religiões de matriz africana, ainda é muito grande.

Convivemos com a insegurança, pois milhares de jovens são assassinados anualmente. Dados do Ministério da Saúde mostram que mais da metade dos 52.198 mortos por homicídios em 2011, no Brasil, eram jovens (27.471, equivalente a 52,63%), dos quais 71,44% eram negros (pretos e pardos) e 93,03% do sexo masculino. Jovem, negro e pobre: esse é o perfil de quem mais sofre com a violência hoje em nosso país. Parte dessa violência é brutalemente realizada por quem deveria garantir a segurança.

É possível evidenciar a falta de bem-estar e a desigualdade de muitas formas, umas delas é olhando para o aspecto econômico. O Brasil, reconhecidos os avanços dos últimos dez, quinze anos, continua sendo um dos países mais desiguais do mundo. Dados do Censo 2010 apontavam que 56% dos domicílios brasileiros tinham renda per capita menor que um salário mínimo por mês, R$ 510,00 na época da pesquisa.

Vivemos em uma sociedade pouco fraterna e muito, cada vez mais, individualista. O Brasil é plural, muito plural, mas muito dessa pluralidade é intolerada e julgada como intolerável por muitos, vivemos rodeados de preconceitos ou, ainda, de pré-conceitos.

No que se refere ao sistema eleitoral brasileiro, está evidenciado que precisamos de profundas reformas para avançar na democracia. O que é mais notável é que, na maioria das vezes, quem tem mais dinheiro na campanha vence a eleição. E quem doa esse dinheiro para a campanha normalmente são grandes empresas, muitas vezes empreiteiras ou empresas de transporte que têm interesse na eleição de determinado ou determinados candidatos para que depois de eleitos retribuam a eles com benefícios.

Passando a Palavra

Hoje, muitas pessoas se mostram indiferentes com o bem estar das outras e com as situações de injustiça existentes em nosso país. Certamente, esta postura não contribui para a democracia e não é uma atitude que deveríamos ter enquanto cristãos e cristãs de confissão luterana. Somos chamados e chamadas para o testemunho, também no campo da política, não só a eleitoral, mas a política que vivemos no dia a dia, em todo e qualquer espaço de influência e decisão. Não podemos nos omitir!

Bibliografia:

- Constituição Federal: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
- http://www.luteranos.com.br/conteudo/igreja-e-politica-1988
- http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Economia/Entraves-ao-crescimento-a-ma-distribuicao-de-renda/7/29545
- http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2011/06/03/ibge-divulga-dados-demograficos-mais-detalhados-do-censo-2010.htm


SAIBA MAIS

Dica de livro:

- SANTOS, Boaventura de Sousa: Se Deus fosse um ativista dos direitos humanos. Editora Almedina, Coimbra, 2013.

Dica de filmes:

- Em Teu Nome. Ano: 2009; Gênero: Drama; Direção: Paulo Nascimento; Elenco: Leonardo Machado, Fernanda Moro, César Troncoso; Nacionalidade: Brasil; Duração: 102min; Classificação: 14 anos.

- Não (No). Ano: 2012; Gênero: Drama; Direção: Pablo Larraín; Elenco: Gael García Bernal, Alfredo Castro, Antonia Zegers; Nacionalidade: Chile; Duração: 118min; Classificação: 14 anos.

- A Onda (Die Welle). Ano: 2008; Gênero: Drama/suspense; Direção: Dennis Gansel; Elenco: Jürgen Vogel, Frederick Lau, Max Riemelt, Jennifer Ulrich; Nacionalidade: Alemanha; Duração: 107min; Classificação: 14 anos.


Ação: Vivendo a democracia e a justiça

Dinâmica inicial: divisão das balas

Material necessário: balas (ou outro doce) em número suficiente para toda a turma.

Sequência:

- Forme um círculo e peça que as pessoas juntem e estendam as suas mãos.

- Distribua as balas desproporcionalmente: para algumas pessoas, coloque 03 ou 04 balas e, para outras, não coloque nenhuma. Peça que ainda não abram as balas.

- Pergunte se estão satisfeitos e satisfeitas com a quantidade que receberam. Ouça e acolha as manifestações.

- Pergunte se aquelas pessoas que receberam mais gostariam de dividir com aquelas que nada receberam. Quem quiser pode fazê-lo.
 

Observação: Tenha atenção para que, no final da dinâmica, todas as pessoas recebam pelo menos uma bala. Por isso tenham mais algumas de reserva, caso seja necessário.

Leitura Bíblica: Mateus 20.1-16

Neste texto, o reino de Deus é comparado com a realidade de um ser humano e, neste caso, com um senhor proprietário de terras. Uma moeda de prata era o que normalmente as pessoas recebiam como diária pelo seu trabalho. Ao fim do dia, o dono da vinha paga o mesmo valor para todos e todas, não se importando se começaram às 7h ou às 17h, ou se trabalharam uma ou dez horas. Obviamente, há protestos, sobretudo entre aqueles e aquelas que trabalharam mais tempo na vinha. Mas, o proprietário paga segundo o que é justo e conforme sua bondade.

Impulsos para a meditação:

- Vocês consideram justo que todas as pessoas da parábola recebam o mesmo pagamento?

- Há alguma relação desta parábola com a vida das pessoas em nossa sociedade hoje em dia?

Comentário: Se pensamos nas pessoas desempregadas, a espera de uma oportunidade de ganharem o seu sustento e o de suas famílias, compreendemos que muitas delas não estão paradas por não estarem a fim de trabalhar, mas por falta de oportunidade. Este texto bíblico de Mt 20.1-16 é profundamente libertador, pois nele Jesus nos ensina que todas as pessoas têm direito a um salário justo, à sobrevivência, à vida digna.

Dinâmica: Elegendo prioridades

Material necessário: Folhas e canetas para cada participante; Papel pardo ou cartolina e canetões.

Objetivo: Esta dinâmica pretende estimular o diálogo entre as pessoas do grupo para que cada participante possa expor a sua opinião livremente. É importante que a pessoa que coordena o encontro fique atenta e faça anotações de temas que precisam ser revistos e aprofundados mais tarde.

Primeira parte:

- Distribua as folhas e as canetas.

- Peça que, levando em conta a realidade de sua cidade ou localidade, cada pessoa individualmente escreva cinco temas que mereceriam ser discutidos. Por exemplo: a limpeza das ruas; a falta de segurança nos bairros; a má conservação das estradas; o melhoramento dos postos de saúde; ampliação da biblioteca; mais opções de lazer, etc.

- Quando todas as pessoas tiverem apontado os cinco temas, peça que numerem os temas de 01 a 05 de acordo com o grau de importância.

Segunda parte:

- Depois, forme grupos de até quatro pessoas e distribua o papel pardo ou a cartolina e os canetões.

- Peça para as pessoas compartilharem com o seu grupo os temas que escolheram e a importância que lhes atribuíram. Cada grupo, em consenso, escolhe apenas dois desses temas e os numera com 01 e 02 segundo o grau de prioridade.

- Cada grupo apresenta para o restante da turma o cartaz com os temas que escolheu e explica porque selecionou esses temas.

Terceira parte:

- Após as apresentações, a turma elege um único tema. A decisão pode vir por consenso ou por votação.

- Escreva o tema eleito pela turma em uma folha de papel pardo ou cartolina. Motive o diálogo com as seguintes perguntas:

a) O que podemos fazer a respeito deste tema?

b) Como a nossa comunidade/igreja pode contribuir?

c) Quais outras pessoas, grupos e associações podem ser parceiras?

- Anote as opiniões e sugestões da turma. Não é necessário encontrar uma resposta comum para cada uma das perguntas, o importante é que ideias fluam e que se levantem possibilidades para interagir com o tema proposto.

- Para concluir, se for possível, planejem algumas ações que possam colaborar positivamente com o tema eleito pela turma. Por exemplo: um abaixo assinado, uma campanha de conscientização, um mutirão, um dia de orações, etc.

Atividade Complementar: Visita democrática

Convide o seu grupo de jovens para fazer uma vista a uma seção da Câmera de Vereadores/as de seu município. Para isso, verifique antecipadamente o horário das seções e se há alguma regra quanto à entrada e participação. Se for possível, busque saber qual será a pauta e quais assuntos e temas serão tratados, repasse para a turma pedindo que manifestem alguma opinião. Depois da visita, em um próximo encontro, comentem sobre essa experiência.

Sobre o Autor

Rodolfo Fuchs dos Santos mora em Sapucaia do Sul/RS é estudante de economia na UFRGS e é o atual Coordenador do CONAJE – Conselho Nacional da Juventude Evangélica da IECLB.
 


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