Subsídio para Mensagem
Lucas 24.36b-48
Saudação:
“Lâmpada para os meus pés é a tua palavra, é luz para os meus caminhos” (Salmo 119.105). Amém!
Estimada comunidade.
Hoje nós celebramos, no calendário cristão litúrgico, o Domingo da Misericórdia, e a IECLB lembra neste culto o Dia Nacional da Diaconia.
E nunca é demais relembrar que diaconia é uma palavra grega que significa serviço. No Novo Testamento encontramos o verbo grego diakoneo, que significa principalmente servir à mesa. Originalmente é uma palavra sem conotações religiosas, pois indica o trabalho humilde de pessoas escravas. Foi a partir de Jesus que a palavra ganhou sentido para todo o ser da Igreja. Jesus disse em Marcos 10.45 “Pois o próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir (diakoneo) e dar a sua vida em resgate por muitos”.
É por isso que a Igreja guarda até hoje esta palavra. Diaconia não é mera tradição, mas desafio novo em cada tempo, pois ela representa todo o ser Igreja.
Jesus foi o verdadeiro diácono, aquele que serviu e ensinou a servir. Igreja de Jesus Cristo serve. Igreja que não serve não é de Jesus Cristo. Assim, a diaconia é a tarefa da Igreja. Uma vez alguém me disse: “Mas a missão da Igreja é anunciar o Evangelho”. Sim, mas Evangelho é palavra em ação. Todo ensino de Jesus acontecia na prática. Era palavra viva, palavra feita gesto de amor. Evangelho que não reverte em ação, em serviço, é palavra morta, sem sentido, que não ecoa...
O Evangelho busca a misericórdia, a solidariedade. Ele vai ao encontro das pessoas caídas à beira do caminho. Ele busca o cheiro ruim da miséria, da fome, do desemprego, da indignidade, para, lá, ser força transformadora. Ser esperança!
E o texto de hoje nos ajuda a refletir sobre nossa missão, sobre nossa tarefa diante do Evangelho, ou seja, diante de tudo aquilo que Jesus viveu e ensinou: a misericórdia, o serviço incondicional de amor às pessoas.
As pessoas que seguiram Jesus estavam reunidas, ouvindo aquilo que aconteceu no caminho de Emaús. Neste momento, Jesus apareceu, saudou com a paz e sentou em seu meio. Ao fim da conversa, Jesus deixou clara a missão de seus seguidores e suas seguidoras: dar testemunho de tudo isso!
Somos acolhidos e acolhidas por Deus. Somos amados e amadas por Deus. Somos libertos e libertas por Deus. Sim, a liberdade oferecida por Deus é lembrada e testemunhada desde os primórdios. A leitura do Antigo Testamento, do livro de Deuteronômio, deixa claro o compromisso de misericórdia para com as pessoas em fragilidade. É preciso deixar grãos da sua colheita para as viúvas ou pessoas estrangeiras que buscam migalhas nos campos. E o texto lembra por que a lei de Moisés orienta desta maneira: “Lembrem-se de que vocês foram escravos na terra do Egito; por isso lhes ordeno que façam assim” (Deuteronômio 24.22). Toda a instrução no Antigo Testamento tem como base o testemunho desta ação de Deus – a libertação da escravidão no Egito.
Deus nos torna livres para servir e amar. Para uma vida plena. Mas plena para todas as pessoas!
Somos testemunhas disso tudo há muito tempo. E somos testemunhas do agir amoroso e libertador, mais uma vez, de Deus, em Jesus Cristo. Somos pessoas amadas e acolhidas por Deus. E fomos servidas por Ele em Cristo, nos gestos concretos, nas ações de ir ao encontro, de não cruzar os braços, de buscar justiça e verdade em tudo.
Agora, pois, não tem outro caminho; não para quem crê. Não para a pessoa cristã. Se somos testemunhas, consequentemente somos impulsionados e impulsionadas a agir conforme o chamado de Deus.
O Evangelho, a Boa Notícia, é reconhecida no mundo quando nós a tornamos gesto concreto. A mensagem que vocês escutam agora, a comunhão com Deus e entre nós neste culto, só se mantém viva se resultar em serviço de amor, em gesto concreto. Sair do culto, dos encontros da Igreja e se fechar a sete chaves em seu ‘mundinho’ não edifica. Isto é afogar a Palavra de Deus. É não testemunhar.
Nós ouvimos por aí ou também já falamos: “este mundo não tem jeito”, “tanta miséria, tanta violência”; “ah o governo, as autoridades nada fazem”. Mas, e nós? Como estão os nossos braços? Cruzados? Ou abertos?
Muitas vezes estamos muito longe de ser a Igreja de Jesus Cristo. Estamos como pessoas perdidas sem saber para onde ir. Estamos paralisados e paralisadas. Faltam os testemunhos em palavras e ação de vida, de amor, de justiça, de verdade. E não adianta olhar para os lados e ver quem é que vai começar isso! Eu, você, nós somos aqueles e aquelas que precisamos começar a dar testemunho. Jesus falou a seus discípulos e suas discípulas: “Vocês são testemunhas destas coisas.” Estas palavras valem para nós hoje.
Amar a Deus e crer naquilo que Ele fez por nós nos compromete. Não dá para cruzar os braços. A cruz nos compromete. Deus vem até nós, nos salva e nos chama para sermos testemunhas vivas da sua Palavra. Isto podemos fazer agindo como diáconos, diáconas, como pessoas que trabalham e buscam a transformação do mundo, das situações de miséria, violência, fome, discriminação.
Somos pessoas que buscam levar vida e luz onde só existe morte e escuridão. É uma tarefa difícil, certamente! Impossível, não! Deus se faz caminho e vida. Deus é Deus conosco. Dele, de seu Santo Espírito, nos vem a força, a coragem, a esperança.
Querida comunidade, Jesus morreu de braços abertos. Abraçou o mundo. Vocês foram abraçados e abraçadas por Deus ao entrarem neste culto. Gesto concreto foi o abraço e a acolhida recebida hoje ao entrarem na igreja.
Abraçados e abraçadas por Deus, podemos abraçar este mundo e as pessoas com gestos concretos de amor e amizade, de ajuda, de respeito, de partilha, de visita, de encontro...
Somos, pois, testemunhas vivas do amor de Deus.
Encerro com um poema intitulado Cristo não tem mãos:
Cristo não tem mãos; só as nossas mãos para realizar seu trabalho hoje.
Ele não tem pés; só os nossos pés para conduzir pessoas em seu caminho.
Ele não tem lábios; só os nossos lábios para contar às pessoas sobre sua morte.
Ele não tem ajuda; só a nossa ajuda para levar as pessoas até Ele.
Nós somos a única bíblia que as pessoas ainda leem.
Nós somos a mensagem de Deus, escrita em palavras e ação.
Bênção:
Que a paz de Deus, que ultrapassa todo o nosso entender, falar e ouvir, guarde os nossos corações e as nossas mentes, em Cristo Jesus, Amém.
Diác. Nádia Mara Dal Castel de Oliveira
Joinville/SC