“Não vos conformeis com este século...” (Romanos 12.2)
A vida da humanidade está ameaçada. Um grande mal ocupa todos os espaços, e há poderes querendo assumir o papel de Deus. Quem, porém, cede a essa tentação e é detentor de poder, procura despir-se de sua condição de criatura, para submeter homens e mulheres, jovens e crianças, a natureza e o mundo a seus próprios interesses. O fruto dessa auto-suficiência incorpora-se num verdadeiro ídolo – designado na Escritura como poder do dinheiro (“Mâmon”). Esse mesmo ídolo, adorado e venerado, é o fundamento do sistema sócio-econômico-político hegemônico no mundo de hoje. Somos testemunhas de que esse sistema requer sacrifícios, faz suas vítimas e promove dor, sofrimento e morte.
Toda esta realidade denunciada encontra-se em flagrante contradição com a imensa capacidade técnico-científica, hoje existente, de gerar recursos, capacidade jamais havida na história até os dias de hoje. Sendo socialmente bem distribuídos, esses recursos poderiam superar todas as iniqüidades mencionadas e garantir vida digna para a humanidade inteira. Essa contradição nos faz concluir que a realidade de sofrimento e injustiça denunciada não é fatalidade, muito menos vontade de Deus, mas fruto da ambição humana e da concentração de bens e poder entre pessoas, grupos e nações. Como Igreja, reconhecemos que participamos dessa culpa. Por isso mesmo, sentimo-nos na obrigação de, nesse contexto, confessar essa culpa, mas acima de tudo nossa fé, nossa esperança e nosso compromisso, baseados num Deus de justiça e paz.
Fonte: Manifesto de Chapada dos Guimarães, Concílio da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, 2000 – veja versão completa