“Pare de falar e prega o evangelho” (autor desconhecido).
A diaconia cristã é sempre transformadora. É pela diaconia que Jesus se define a si mesmo, conforme Marcos 10.45: “O filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e entregar a sua vida pela multidão” (Estudos Teológicos, vol. 39, n. 3 p. 207).
Jesus se coloca como servo de Deus por excelência. Todo o servir, toda a tarefa relacionada ao evangelho é diaconia. Por isso deve ter caráter transformador. Quem transforma – desacomoda, propõe movimento e então surge algo novo.
Vejamos alguns exemplos de ações concretas de Jesus. Em João 13.1-10 a diaconia de Jesus é feita à humanidade propondo a salvação e parte do Reino de Deus. Neste gesto há inversão de valores, visto pelos olhos do mundo. A transformação é radical. O maior é aquele que serve. É preciso deixar-se servir para depois poder servir.
O evangelista Lucas, no capítulo 9, versículos 10 a 17 relata um gesto diaconal de Jesus, mostrando a integralidade da pessoa. O ser humano não é fragmento entre “corpo e alma”, conforme Platão, mas visto como inteiro. Alguém que tem fome de pão. (No mundo há muitos que morrem a cada dia por não terem o que comer).
Jesus mostra a seus discípulos e a todas as pessoas que lêem, ouvem esta sua ação solidária, que somos sim, responsáveis pelo nosso contexto, pelas pessoas que nos cercam. A gratidão de Jesus por poder repartir o que tinha à disposição é um poder que transforma. Receber para dar – eis a questão.
Um último exemplo diaconal de Jesus, que desejamos apontar nesta reflexão é o texto de uma das curas de Jesus. Em Lucas 8.40-48, Jesus está sendo seguido por muitas pessoas que esperam por uma transformação. Entre estas muitas têm uma mulher doente. Ela é hemorrágica há 12 anos. Quem sabe por um momento de silêncio vamos nos colocar no lugar dela.
No versículo 42 diz: estava morrendo. Em sua fraqueza se aproxima de Jesus e toca as vestes. Ela quebra os costumes da época, pois uma mulher não podia se dirigir a um homem em público. Ela havia gastado o que tinha com os médicos, estava à beira da morte, mas não desistiu da esperança de ser transformada. A resposta de Jesus foi: “Minha Filha, você sarou porque teve fé. Vá em paz”.
Hoje cabe a nós cristãos e cristãs continuar a missão diaconal de Jesus. Precisamos primeiro deixar-nos servir pelo Diácono Maior – Jesus Cristo – para depois poder servir. Assim, juntos, transformar o mundo, deixando sinais concretos do grande amor de Deus em nosso contexto.
“A essência da ação solidária da Igreja tem sua fonte e inspiração no evangelho. Solidariedade mais evangelho é Diaconia. Por isso, diz-se que a Diaconia é mais que solidariedade, porque ela é ação que parte da solidariedade de Deus para com a sua gente (evangelho) e busca, com as pessoas, restabelecer a plena dignidade da vida. A Diaconia, portanto, é o testemunho do amor de Deus. É a fé que se manifesta no amor ao próximo. É ação solidária que nasce da gratidão a Deus. Diaconia é a obra da fé.” (Desafio Diaconia - O Livro. Porto Alegre: IECLB,
2005, p. 2)
“Diaconia é ação da misericórdia e da justiça, realizada na forma de assistência, solidariedade, parceria e ação política.” (Diaconia Evangélica,
Documento nº 4, IECLB, 1988)
“O Departamento de Diaconia da IECLB busca fomentar e apoiar, a partir do evangelho, ações comunitárias e institucionais que visem ao desenvolvimento humano integral, à promoção de sujeitos autônomos e à formação de comunidades inclusivas.” (Missão do Departamento de
Diaconia da IECLB)
Atividade
1. Escolhe um dos três exemplos bíblicos citados. Procure aprofundar em seu grupo a ação diaconal de Jesus.
2. Como e onde você encontra Cristo em meio às ações diaconais de sua comunidade e/ou instituição?
3. O que falta para que as nossas comunidades luteranas possam ainda mais e melhor expressar ações diaconais transformadoras? (Ações que vão além da solidariedade). Reflita sobre isso também a partir das frases em destaque.
Hildegart Hertel, diaconisa e psicóloga
Dia Nacional da Diaconia - 10 de abril de 2005