Textos bíblicos: Romanos 13.8 e...
Sou uma pessoa livre. Não sou escravo de ninguém. Mas, eu me fiz escravo de todos a fim de ganhar para Cristo o maior número possível de pessoas (1 Coríntios 9.19).
Estimadas comunidades de Garuva, Guaratuba e Itapoá reunidas, para, juntos celebrarmos este culto paroquial festivo.
O texto que lemos do apóstolo Paulo afirma SOU UMA PESSOA LIVRE!!! Como, nós comunidades luteranas reunidas entendemos esta afirmação. Para nós luteranos, a ideia de liberdade é muito importante.
E diante desta afirmação, pergunto: eu sou uma pessoa livre? Vocês são pessoas livres? Livres para fazer de tudo e a nada são sujeitados?
Ou ainda, podemos fazer essa pergunta de outra forma: o que nos limita a liberdade? O que nos aprisiona? Que situações e sentimentos vivenciamos na vida que nos faz sentir presos? Os nossos medos, limitações e fragilidades certamente contribuem para nos sentirmos presos.
Presos com medo da violência do mundo; podemos estar presos com sentimentos difíceis como o da dor da perda de pessoas; presos por conta de dívidas; ou por causa da falta de trabalho; por dificuldades familiares ou com doenças na família. Enfim, várias coisas, situações, sentimentos podem nos aprisionar.
E aí vem a questão mais importante: Como podemos nos libertar? A resposta para essas perguntar podemos encontrar no aniversariante do dia, Martin Luther.
Martinho Lutero nasceu no dia 10 de novembro de 1483 — Eisleben, nordeste da Alemanha. Era filho de Hans Luther e Margarethe Lindemann. Portanto, há 535 anos atrás.
O pai de Lutero, Hans, era mineiro. Eram de família humilde. Por isso, ele enviou Lutero, ainda adolescente, para estudar em escolas religiosas, internatos. Hans queria que seu filho se tornasse funcionário público, advogado, para ajudar a família humilde.
Estas escolas eram muito pobres. Por isso, Lutero precisava pedir comida na casa das pessoas para viver. Perto dos 18 anos, em 1501, Lutero ingressou na Universidade de Erfurt para estudar direito, onde tocava alaúde e onde recebeu o apelido de O Filósofo.
Na faculdade, Lutero descobriu a Bíblia. As palavras do evangelho o deixou tocado. Mas continuou seus estudos de direito por 7 anos. Mas, em meio, às muitas dificuldades, Lutero começou a questionar se era esse o destino que queria. Estava cheio de dúvidas.
Quem já assistiu o filme de Lutero se lembra de que Lutero, voltando da casa dos pais, enfrentou uma grande tempestade. Um raio quase lhe cai na cabeça. Joga Lutero no chão. Essa experiência faz tomar a decisão de se tornar monge.
Contrariando o pai, ingressa no monastério. Contudo, como monge, Lutero não encontrou paz. Pois, a lógica da igreja na época de que deveríamos conquistar nosso lugar no céu se apresentou como um grande fardo. Na verdade, aprisionou Lutero. A prática das indulgências, isto é, de que se pode comprar um lugar no céu com dinheiro ou com obras, atormentou Lutero. Na realidade, via que isso era impossível de acontecer. Se sentia preso a um modo de vida e de ver o mundo.
E literalmente se prendeu em seus medos e dúvidas. Pensar nas limitações humanas, nas suas fraquezas, o deixavam apavorados. Lutero estava enredado no drama de como se salvar e na vida de monge. Seu cotidiano era marcado pelos afazeres de monge, das atividades comuns a todos. Orava várias vezes por dia e lia a Bíblia. Um dia o encontraram quase morto por conta do jejum. E também porque se castigava para libertar a si própria por meio do autoflagelo.
O desespero tomava conta de sua e não encontrava resposta para suas angustias. Estava aprisionado pelo medo. Até que um dia leu a seguinte passagem no livro de Romanos: O Justo Viverá por fé. Desatar as mãos (libertação).
Estas palavras foram libertadoras para Lutero. O desamarraram de seus medos. Lutero se sentiu finalmente livre. A partir daí iniciou sua missão com muito mais segurança. Pode dizer ufa!!! Não carrego mais este peso.
A experiência de Lutero e a fé que ele nos transmitiu mudaram o jeito de ser igreja definitivamente. E nela também encontramos resposta sobre a pergunta sobre somos realmente livres. Lutero nos ensina que SIM. Somos livres. A fé em Jesus Cristo nos liberta, pois ela é gratuita. Não depende de nós.
Eu também precisei da ajuda para me desamarrar. Ninguém se liberta sozinho. Necessitamos da ação de Deus, do Seu Espírito Santo para entender nossas dores e nos fazer sentir livres.
E essa mensagem de que é Deus é quem nos concede liberdade, por meio de seu amor gratuito é profundamente libertadora. Somos pessoas frágeis e limitadas. A fé neste Deus amoroso que nos fortalece. Nos faz compreender melhor nossa missão neste mundo.
O que se exige de nós apenas é reconhecer que a liberdade vem de Deus, é LIBERTAÇÃO. A partir disso, nós como comunidade cristã nos reunimos. E também nos fortalecemos enquanto pessoas e como comunidade.
Por causa dessa liberdade que nos é concedida, não devemos nada a ninguém como escreve Paulo: “Não fiquem devendo nada a ninguém. A única dívida que vocês devem ter é a de amar uns aos outros. Quem ama os outros está obedecendo à lei”.
Porque somos libertos, podemos tomar a decisão de vir hoje neste culto e compartilharmos este momento em comunidade. Porque somos libertos pela fé podemos doar nossos dons para a comunidade. E como comunidades menores nos reunirmos com uma grande comunidade, que é Paróquia Martin Lutero, e nos abraçarmos. Não apenas para celebrarmos o 10 anos da paróquia, mas também para nos ajudarmos e servirmos mutuamente.
Com isso, praticamos a definição de Lutero para liberdade cristã: “O Cristão é o mais livre de todos os senhores, e sujeito a nenhum outro; o Cristão é o mais obediente de todos os servos, e sujeito a todos os outros”
Porque reconhecemos que somos libertos nos colocamos em serviço aos outros. Por isso, devemos lembrar de todas as pessoas que agora estão na cozinha preparando a comida. As pessoas que estão na churrasqueira assando a carne. As pessoas de todas as comunidades que preparam as lembranças e brindes. Lembrar de todas as pessoas que dispuseram de seu tempo para o serviço da comunidade neste dia.
Por fim, devemos pedir que o Espírito de Deus nos lembre sempre de nossa libertação e nos coloque a serviço dos outros, das pessoas que necessitam. E também para que nossas comunidades levem a mensagem do Cristo que liberta para todo o mundo.