Prédica: Mateus 28.16-20
Leituras: Salmo 8 e 2 Coríntios 13.11-13
Autoria: Hans Alfred Trein
Data Litúrgica: 1º. Domingo após Pentecostes (Trindade)
Data da Pregação: 11/06/2017
Proclamar Libertação - Volume: XLI
Todos os povos são eleitos
1. Introdução
Estamos no período pós-Pentecostes. O Espírito Santo já foi derramado. O medo da perseguição e o sentimento de fracasso ainda vinculado à experiência da cruz foram vencidos pela disposição ao testemunho. Os discípulos reclusos já tinham experimentado as aparições encorajadoras de Jesus, recebiam o estímulo da ascensão do Senhor, embora também ela não tenha dirimido todas as dúvidas (Mt 28.17). A fé não isenta de dúvidas.
O texto de Mateus é a referência bíblica sempre invocada para embasar a missão cristã. Jesus está se ausentando e confere a seus discípulos a tarefa de continuar seu projeto de instalação do reino de Deus. Não promete prosperidade nem ausência de dificuldades e dilemas. Promete presença, promete não deixar seus discípulos e discípulas sozinhos. “E estarei convosco até a consumação dos séculos” é a reafirmação de seu nome Emanuel (Is 7.14; Mt 1.23) – Deus conos- co – e a lembrança da própria identidade de Javé, cujo significado é: “Eu estou e estarei aí” com vocês (Êx 3.14).
O Salmo 8 revela uma noção antropológica contraditória. No versículo 4, a pergunta dá a entender que, diante da grandeza de toda a criação, o ser humano é nada. Já nos versículos 5-7, o salmista elabora a ideia de o ser humano estar só um pouco abaixo de Deus e dominar sobre o restante da criação. É a ideia que consta no primeiro relato da criação, recheado de verbos devastadores sobre esse domínio, o que aqui se repete na expressão “e sob os pés tudo lhe puseste” (6b). Essa mesma expressão se repete em 1 Coríntios 15.27; Efésios 1.22; Hebreus 2.8. O fecho da Segunda Carta aos Coríntios reafirma a presença do Deus de amor conosco, o que se materializa no voto tão apreciado como saudação litúrgica no púlpito.
2. Exegese
Para a maioria de nós, acostumados a identificar a grande comissão com o texto de Mateus 28, é uma surpresa descobrir que cada um dos quatro evangelhos traz uma tarefa missionária com ênfases próprias: Mateus acentua o “fazer discípulos”, Marcos (16.15) foca “proclamar o evangelho”, Lucas (24.47ss) sublinha “ser testemunhas” e João (20.21) “ser enviados”. Além disso, pode surpreender também que Jesus nunca falou de uma grande comissão, mas sim de um grande mandamento.
Refletindo criticamente sobre a missão realizada historicamente em nosso continente, cabe perguntar por que outros textos, de conteúdo missionário mais respeitoso com seu público-alvo, acabaram debaixo do tapete. Por exemplo, o envio dos doze em Mateus 10 e dos setenta em Lucas 10, o método animador de Jesus com os discípulos de Emaús (Lc 24) ou de Felipe com o eunuco em Atos 8, a história de Pedro e Cornélio em Atos 10, que poderia ter se tornado um paradigma metodológico da missão cristã... Minha hipótese é de que a “grande comissão” de Mateus e seu emprego isolado do evangelho todo se adequavam mais para embasar a missão colonizadora do que outros. E para tornar isso possível, um gerúndio foi traduzido por imperativo.
Durante o V Encontro Continental de Teologia Índia, com o tema A Força dos Pequenos – Vida para o Mundo, em Manaus/AM, entre os dias 23 e 26 de abril de 20061, estávamos sentados à mesa conversando sobre a relação entre a fé cristã e os povos indígenas quando um indígena do Peru nos interpelou: “Vocês sabiam que o tão badalado imperativo missionário da grande comissão, na verdade, é um gerúndio? Jesus não mandou seus discípulos irem a todas as nações, apenas os instruiu a testemunhar o reino de Deus onde estivessem!” Essa leitura, de certa forma, desautoriza biblicamente toda a empresa missionária colonialista, destruidora das culturas e das espiritualidades indígenas, que se abateu sobre a América Latina desde o período medieval.
Como, naquela ocasião, eu não tinha acesso ao meu NT grego, fui olhar em casa, e de fato: no v. 19, a forma verbal que está traduzida por ‘Ide’ é poreuthentes, grego do verbo poreuomai – ir, uma forma verbal (gerúndio no aoristo) que indica uma ação concluída e deveria ser traduzida por “tendo ido”. Talvez se pudesse traduzir poreuthentes mais adequadamente com “onde vocês estiverem”. A mesma forma verbal também aparece no texto análogo de Marcos 16.15. Além disso, a maioria dos pesquisadores concorda que Mateus, membro de uma comunidade cristã judaica, emigrado da Judeia antes da Guerra Judaica, já estava estabelecido num ambiente predominantemente gentílico, provavelmente na Síria (Cf. Mateus 4.24) (BOSCH, 2009, p. 83). Portanto, para a comunidade de Mateus, não havia nenhuma necessidade do imperativo “Ide”.
Nesse contexto, lembrei-me de uma constatação: “cada tradução é uma traição” e pode ter consequências históricas imprevisíveis.2 E aí vem a pergunta: Como pode ser que, depois de tantos séculos de pesquisa, essa tradução ainda não foi consertada? Quando foi que essa tradução se inferiu e passou a induzir que se aliassem a colonização e a missão para submeter as nações a um cristianismo eurocêntrico, desrespeitando as diferentes revelações de Deus a outros povos e nações?
Fui olhar como esse verbo é traduzido na Vulgata, que foi base para muitas traduções para outras línguas: Euntes, “indo” ou “quando forem”, é a formulação de Jerônimo na primeira tradução para o latim depois da formação do cânone bíblico no século IV. Já Lutero adotou a forma imperativa “Gehet hin”. Será que o ímpeto missionário aliado à expansão colonizadora3 foi capaz de influenciar até a tradução bíblica? Onde mais é necessário descolonizar nossa teologia? As traduções do Almeida, da BLH, da Bíblia Sagrada da Vozes, da Bíblia de Jerusalém, de La Bíblia Latinoamericana, da Bíblia Sagrada Edição Pastoral..., para citar apenas as mais importantes no vernáculo, todas traduzem o gerúndio como imperativo.
Outra consideração exegética veio do colega Werner Fuchs. Um objeto direto do “fazei discípulos” todas as nações é traduzido pelo Almeida4 como objeto indireto: de todas as nações. O correto seria: Tornai discípulas todas as nações (como na tradução alemã de Lutero) ou, num neologismo mais adequado ao matheteusate grego (aqui, sim, um imperativo), discipulai todas as nações. Portanto não se trata de cada denominação ou “missionário” catar membros num bairro, numa cidade ou país, mas de “evangelizar” o bairro todo, o país todo e de ser sal e luz nele com suas mazelas, falta de saneamento, jogo político, exploração do trabalho, violência cotidiana, etc.
Fazer discípulos5, batizando e ensinando são os três termos que resumem a missão para Mateus. Interessantemente falta o verbo “pregar”. Jesus nunca “pregou” nas sinagogas, no templo ou para seus discípulos. Ele sempre “ensinou”. Entretanto Mateus usa a palavra “pregar” nove vezes, “proclamar o evangelho” quatro vezes, evangelizar uma vez, sempre se referindo a pessoas de fora. Por que ela falta na “grande comissão”, pensada como de alcance universal?
É necessário ainda considerar a tensão existente entre as comunidades cristãs de origem judaica e as primeiras comunidades cristãs de origem gentílica, que visivelmente é uma realidade na comunidade de Mateus. O mesmo Mateus que coloca na boca de Jesus “discipulai todos os povos” é o mesmo que também o faz dizer: “Não tomeis rumo aos gentios, nem entreis em cidade de samaritanos, mas, de preferência, procurai as ovelhas perdidas da casa de Israel” (Mt 10.5b-6). Pedro e Paulo lideram movimentos em parte contraditórios nas primeiras comunidades. Enquanto Pedro advoga um cristianismo mais intestino, em continuidade com a fé judaica, quase um judaísmo reformado, Paulo apóstolo aposta na expansão da fé cristã entre os gentios, enfatizando a descontinuidade e o novo. Enquanto Pedro continua na postura judaica reservada, na consciência de que cabe uma tarefa especial ao “povo eleito”, Paulo empenha-se por um novo conceito de eleição ekklesia6, inclusiva de todos os povos que estão dispostos a aceitar e viver o evangelho do reino de Deus instaurado por Jesus Cristo. A ação missionária acabou se impondo, não por último, como atividade necessária a um pequeno grupo que, diante do tamanho da missão recebida, certamente teve razoáveis receios de diminuir, de definhar e de morrer com sua mensagem tão revolucionária em meio a uma hegemonia imperial totalmente hostil. Quando os evangelhos foram escritos, a atividade missionária de Paulo já havia criado e ajudado a consolidar pequenas comunidades, já constituíra fatos históricos em vários pontos da Ásia Menor, o que está em consonância com a ênfase universalista de Mateus.
3. Meditação
Inicialmente restringindo sua atuação ao povo eleito de Israel em continuidade com a primeira aliança vigente, Jesus comunica nesse mandato uma mudança de método7 na implantação do projeto de reino de Deus. Não são mais um povo e uma nação apenas8 que têm a tarefa de ser nes amim, luz para os povos: mostrar como se pode construir uma sociedade igualitária e pacífica com justiça social e econômica. Agora todas as nações devem ser convocadas para participar dessa empreitada. Mas o que são nações discípulas? Será que dá para imaginar que elas existam ou possam existir? As nações colonizadoras, que se entendiam cristãs, apropriaram-se desse mandato de Jesus e atribuíram a si mesmas submeter outras nações com a espada e a cruz à sua cultura socioeconômica, política e religiosa. Teria sido esse o sentido original de discipular todos os povos? Apesar de todos nós termos tido acesso ao evangelho do reino de Deus por meio dessa história infame, não é possível responder essa pergunta com um límpido sim. Além disso, há que distinguir claramente entre discipular um Estado-nação e um povo culturalmente definido. Muito antes, entendo que o discipular todos os povos deve ser interpretado à luz da primeira aliança com Israel. Ou seja: os discípulos são encarregados de atribuir a todos os povos a condição de eleitos de Deus para a implantação de seu reino. Todos os povos são capazes da nova aliança, cada qual contribuindo com o que tem de mais precioso em sua cultura. Cada povo tem sua revelação de Deus. Todos os povos são objetos do discipulai, mas a partir daí passam a ser sujeitos no projeto do reino de Deus. Não precisa haver colonização cultural.
O método colonialista de forçar ou mesmo induzir sutilmente pessoas de outras culturas a tornar-se cristãs, mesmo que seja apenas de nome, parece mais com um plano de metas de banco; para alcançá-lo, os funcionários têm de se desdobrar para convencer os clientes a comprar títulos de capitalização e outros produtos para que o banco tenha lucros. Pior ainda é saber que a palavra missão foi emprestada do âmbito militar, significando conquista e submissão de outros aos domínios políticos próprios. Talvez as igrejas visíveis não vivam sem isso, mas a igreja de Jesus Cristo não precisa de lucros desse tipo, e missão cristã não pode significar sujeição e sim imitatio Christi. Basta o testemunho concreto da boa-nova do reino de Deus em amor, compaixão, solidariedade, serviço a exemplo de Jesus e se as pessoas perguntarem pela razão da esperança que há em nós, também pela pregação da multiforme graça de Deus. O restante é obra do Espírito Santo. Não somos nós humanos os responsáveis por produzir o reino de Deus, mesmo que muitas vezes tenhamos a sensação de estar apenas um pouquinho abaixo de Deus (Sl 8).
De mãos dadas com o poder de Estado, na fatídica aliança de espada e cruz, a pretensa evangelização discursiva só podia resultar em perversão. Aí mesmo as pessoas bem-intencionadas na missão não escaparam de ser engolidas por esse projeto colonialista. O cristianismo ficou marcado por esse projeto e hoje tem dificuldades para desvencilhar-se dele. Talvez uma boa parte do marasmo em que nos encontramos com a fé cristã tenha a ver exatamente com o equívoco do gerúndio traduzido por imperativo. “Tendo ido” ou “onde estiverem” parece partir do princípio de que cristãos e cristãs são migrantes por excelência e que a migração, da qual estamos tomando mais e mais consciência nos últimos anos, na verdade é o maior fenômeno global, como bem afirmou o fotógrafo Sebastião Salgado com sua grandiosa exposição fotográfica sobre o tema. A ênfase está na vivência do reino de Deus, no fazer a vontade do Pai e não na “cristianização” nominal. A produção missionária de cristãos nominais foi uma traição ao Evangelho de Mateus, cuja ênfase está no discipulado que vive e aprende a tornar-se cidadão no reino de Deus, onde reina a justiça, notadamente superior à dos fariseus (dikaiosyne). “Essa é a dimensão constitutiva: Deus nos justifica, tornando-nos retos e santos a seus olhos. Depois de constituídos na justiça de Deus, ‘Deus nos usa para fazer brotar a justiça e o louvor perante todas as nações’ (Is 61.11). Deus suscita pessoas que tornam-se para outras ministros da mesma justiça que experimentaram da parte de Deus... É isso o que expressa o tempo verbal consecutivo na língua hebraica, que lamentavelmente não existe em nossas línguas ocidentais. A justiça humana é o esforço que nós fazemos para responder à bondade de Deus, cumprindo a sua vontade” (BOSCH, 2009, p. 99s). Mateus destaca o “fazer a vontade de Deus”. Só ele traz a petição “seja feita tua vontade...” na oração do Pai-nosso (6.10b). Dela depende a entrada no reino dos céus (7.21) e que nenhum só desses pequeninos pereça (18.14). O único aspecto que distingue os dois filhos da parábola (21.28-31), exclusiva de Mateus, é que um fez a vontade do pai e o outro não.
4. Assuntos para a prédica
Valho-me das questões formuladas por Arias (2003, p. 22-48).
• O método para a missão: fazer discípulos e discípulas, batizando e ensinando. Cristãos não nascem, fazem-se durante toda a vida. O catecumenato é permanente. Como estão o ensino e o estudo do evangelho em nossa comunidade? A dimensão catequética da prédica é insuficiente se não for acompanhada de um programa de formação cristã permanente na comunidade com ênfase na vivência do evangelho e não apenas no aprendizado intelectual. A meta é formar discípulos do reino de Deus, imitando Jesus Cristo, e não consumidores do mercado religioso. Ortopraxis em lugar de ortodoxia.
• O conteúdo da missão: cumprir tudo o que Jesus ordenou, ou seja, viver o reino de Deus. Esse é o tema de Jesus em palavra e ação. No sermão do monte encontram-se o caráter, o estilo de vida e a espiritualidade dos discípulos e discípulas do reino. Buscar em primeiro lugar o reino de Deus e sua justiça. Pregar, ensinar e curar. A ênfase ética está na justiça. Mateus apresenta Jesus e sua mensagem do reino como o cumprimento da visão de Isaías do servo sofredor, que “proclamará justiça às nações” (12.18s). Trata-se da justiça maior do que a dos escribas e fariseus, não apenas em nível pessoal, mas nas estruturas da sociedade. Os discípulos e discípulas são bem-aventurados quando têm fome e sede de justiça (5.6). A justiça passa pelo próximo. “Não existe discagem direta para Jesus; nosso próximo está na central telefônica!” (p. 36).
• A motivação para a missão: a experiência do Cristo vivente. Cristo vive e está conosco! As dúvidas não são só de hoje. “Como dizia Calvino: A história da igreja é uma história de morte e ressurreição”. Ter compaixão como Cristo teve com o sofrimento das pessoas desamparadas e dispersas, ovelhas sem pastor. As pessoas não são apenas pecadoras, mas também são vítimas do pecado.
• Os destinatários da missão: as nações e as pessoas mais pequenas. Todas as nações estão habilitadas a tornar-se discípulas do reino. A Galileia das pessoas empobrecidas e desprezadas é o ponto de partida e de chegada de toda a evangelização. A Galileia é o lugar, território semigentio para Mateus, de onde a boa-nova do reino de Deus passa a se espalhar. A Galileia, e não Jerusalém, é o lugar privilegiado da missão. Os pequenos são destinatários e sujeitos preferidos da missão: as crianças, as pessoas humildes, as pessoas sobrecarregadas, as pessoas privadas de direitos e dignidade... lidando com elas, lida-se diretamente com Cristo.
• O sujeito da missão: uma igreja de discípulos. Onde está essa igreja apostólica capaz de fazer discípulos do reino? Nossas igrejas divididas e imperfeitas ainda têm autoridade para cumprir o mandato de fazer discípulos? A igreja primitiva também não era perfeita: havia desentendimentos, falsos profetas, falsos messias, onde se enganavam uns aos outros, onde a maldade se multiplicava e o amor de muitos esfriava. Mesmo assim, a igreja primitiva foi encarregada de fazer discípulos, como nós somos hoje.
5. Subsídios litúrgicos
Hino de entrada
HPD 1 – 94: Corações em fé unidos.
Oração inicial
Em conjunto com a comunidade, HPD 1 – p. 381: Sal da terra.
Oração de coleta
Deus de amor e de justiça, que escolheste o povo de Israel para viver exemplarmente o teu projeto de vida para toda a criação e que através de Jesus Cristo escolheste todos os povos para viver exemplarmente o teu reino, nós te pedimos: Olha para nossa comunidade e assiste-nos na missão que nos deste de fazer discípulos, para que sejamos fiéis ao mandato que nos deste. Isso te pedimos em nome de Jesus Cristo, teu Filho, que contigo e com o Espírito Santo vive e reina de eternidade a eternidade. Amém.
Saudação do púlpito
A graça de nosso Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vós (2Co 13.13).
Hino depois da prédica
HPD 1 – 197: Buscai primeiro o reino de Deus.
Oração de intercessão
Deus de misericórdia! Agradecemos pelo ânimo que nos deste através de tua palavra. Agradecemos pela confiança imerecida que tens em nossa comunidade para que façamos discípulos de teu reino, onde quer que estivermos. Abençoa toda a pregação do evangelho. Anima tuas comunidades a investir na educação cristã permanente e na formação de cidadãos de teu reino. Sobretudo, capacita-nos a lutar pela justiça e a enxergar-te em todos os pequeninos irmãos e irmãs aqui em (nome do lugar). Esteja com nosso povo humilde e com nossos governantes. Dá que possamos livrar-nos da corrupção e dos desmandos, dá-nos um governo que olha as reais necessidades da população e que priorize as pessoas mais fragilizadas. Acompanha de perto todas as pessoas que estão tristes e sem esperança. Dá-lhes a experiência da ressurreição para que também se engajem como discípulas do teu reino. E tudo o mais... Pai-Nosso.
Hino de saída
HPD 1 – 117: Jesus, pastor amado.
Notas
1. Participaram 178 pessoas de 16 diferentes países latino-americanos e duas de países europeus. 106 eram indígenas de 50 diferentes povos e 72 não indígenas, 125 eram homens, 53 mulheres, ao redor de 15 os representantes indígenas não cristãos.
2. Um exemplo clássico: a tradução na Septuaginta do termo hebraico almah (de Is 7.14, citado em Mt 1.23): jovem mulher em idade de conceber, para o grego parthenos: mulher virgem que ainda não teve relação sexual, resultou no dogma da virgindade que, nos dias atuais, mais atrapalha do que ajuda.
3. BOSCH, 2009, p. 17 sustenta que “missão” adquiriu o significado de difusão da fé cristã a partir do século 16. “Antes, o termo era usado exclusivamente com referência à doutrina da Trindade.”
4. A Edição Pastoral traduz: “Vão e façam com que todos os povos se tornem meus discípulos”. A BLH traduz: “Vão a todos os povos do mundo e façam que sejam meus seguidores”.
5. Esse verbo só ocorre quatro vezes no Novo Testamento, três delas em Mateus (13.52; 27.57; 28.19) e uma em Atos (14.21). O substantivo “discípulos” é comum aos quatro evangelhos e em Atos, mas Paulo nunca o usa.
6. Aliás, dos quatro evangelhos apenas Mateus utiliza o termo ekklesia por duas vezes (16.18; 18.17).
7. Jesus nunca foi missionar os gentios, os gentios é que vieram a ele. Mateus enfatiza a mudança de método em coerência com as histórias de fé de não judeus, os magos do Oriente (2), o centurião de Cafarnaum (Mt 8.10s), a mulher cananeia (Mt 15.21-28), a reação do centurião romano e de seus acompanhantes sob a cruz (27.54).
8. Embora Mateus em 21.33ss coloque a substituição do povo eleito na boca de Jesus e a vinha a ser entregue a outros arrendatários, depois que o Filho foi morto, a eleição de Israel nunca foi revogada, o que deveria inibir as investidas missionárias conversionistas sobre os judeus. A missão de Deus com Jesus deu um salto metodológico de qualidade.
Bibliografia
ARIAS, Mortimer; ARIAS, Eunice. El Último Mandato. La Gran Comisión, Relectura desde América Latina. Bogotá: Ediciones Clara-Semilla; San José: Visión Mundial, 2003.
BOSCH, David J. Missão Transformadora – Mudanças de Paradigma na Teologia da Missão. 3. ed. São Leopoldo: EST/Sinodal, 2009.
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