Auxílios Homiléticos - Proclamar Libertação



ID: 2911

Lucas 14.1,7-14 - 12º Domingo após Pentecostes - 28 de agosto de 2022

Auxílio Homilético

28/08/2022

Prédica: Lucas 14.1,7-14
Leituras: Salmo 112 e Hebreus 13.1-8, 15-16
Autoria: Cristiano Ritzmann
Data Litúrgica: 12º Domingo após Pentecostes
Data da Pregação: 28/08/2022
Proclamar Libertação - Volume: XLVI

Quem se humilha será engrandecido!

1. Introdução

No capítulo 14, o Evangelho de Lucas narra o episódio de Jesus na casa de um dos principais fariseus para uma refeição. A casa desse líder tornou-se cenário de um grande milagre e de ensinamentos da mais alta relevância sobre a salvação e o discipulado. Os v. 7-14 relatam que Jesus era observado pelos convidados na casa desse fariseu e que também Jesus os observa. Ao mesmo tempo em que eles censuram Jesus por curar um homem no sábado, eles estão alimentando no coração, nessa mesma refeição, uma atitude de soberba. Então Jesus faz uma comparação para ensinar especialmente duas lições:

1. o ser humano deve agir com humildade (14.7-11);
2. o ser humano deve agir pelos motivos certos (14.12-14).

Os dois outros textos previstos para este 12º Domingo após Pentecostes, Salmo 112 e Hebreus 13.1-8,15-16, também tratam do tema “humildade” indiretamente, pois convidam para uma vida de serviço em favor do próximo e em obediência aos mandamentos de Deus. Poderíamos dizer que apontam para uma ação concreta a partir de uma vida de humildade e obediência.

Nosso texto, Lucas 14.1,7-14, já foi trabalhado quatro vezes em Proclamar Libertação: nos volumes XVII, 23, 29 e 40. Sugere-se a leitura dessas publicações, pois cada qual traz diferentes enfoques no estudo do texto.

2. Exegese

Os versículos anteriores a Lucas 14 revelam com clareza o contexto em que nossa história acontece. Tratava-se de um sábado, um dia em que os judeus costumavam realizar uma importante refeição.

O texto bíblico nos informa que um dos principais dos fariseus havia convidado Jesus para uma dessas refeições. Era comum que vários convidados comparecessem nesses banquetes. Esse homem que convidou Jesus possivelmente era alguém abastado de bens (v. 12).

V. 1 – Aparentemente Jesus recebe um convite amável para uma refeição, mas logo podemos perceber que as intenções daquele anfitrião e dos demais fariseus que ali estavam não eram as melhores, pois estavam interessados em observar as atitudes de Jesus e o faziam atentamente, quem sabe com o propósito de achar algum motivo para incriminá-lo. Os versículos que se seguem (v. 2-6) mostram Jesus curando um homem em meio a uma discussão sobre a legitimidade de curar um doente no sábado.

Talvez até possamos imaginar que aquele homem doente foi colocado diante de Jesus de propósito, ou seja, os próprios religiosos o colocaram ali como um tipo de armadilha na qual esperavam que Jesus caísse. De fato essa possibilidade existe, porém de forma alguma podemos afirmá-la com certeza, pois também não era incomum que alguém entrasse em uma celebração sem ser convidado, como nos relata o mesmo Evangelho de Lucas 7.37-38.

V. 7-11 – Após essa narrativa do milagre nos v. 2-6 e do triunfo de Jesus sobre os religiosos fariseus que ficaram calados diante dos questionamentos de Jesus acerca do sábado, o evangelista Lucas relata que Jesus começou a reparar na forma como os convidados daquela refeição estavam escolhendo os lugares em volta da mesa, fez uma comparação ensinando humildade e hospitalidade.

Na época de Jesus, na sala onde se comiam as refeições, havia uma mesa baixa cercada de divãs que tinham a capacidade para acomodar até três pessoas. Esses divãs eram colocados em forma de um “U” ao redor da mesa que era retangular.

Na posição central da mesa, isto é, na cabeceira, ficava a pessoa de maior importância. Ao seu lado esquerdo ficava a segunda pessoa em importância, e no lado direito a terceira pessoa em importância.

Dessa forma, o divã que ficava à esquerda da cabeceira da mesa era o segundo em honra, e, depois, vinha o divã da direita, e assim sucessivamente durante toda a extensão da mesa. Essa era uma regra de hierarquia social que orientava os judeus naquela época.

Entretanto, na refeição em que Jesus estava, essa regra parecia estar sendo ignorada, e os convidados estavam demonstrando todo egoísmo, orgulho e preconceito na escolha dos lugares.

O significado da comparação é bastante claro e fica expresso na sentença do v. 11, onde lemos: Porque quem se engrandece será humilhado, mas quem se humilha será engrandecido. Jesus estava ensinando, nessa comparação, uma importante lição sobre a humildade.

Certamente os escribas e fariseus conheciam muito bem a vontade de Deus a respeito da humildade e o chamado de Deus ao temor e à obediência aos mandamentos, assim como nos testemunha o Salmo 112.

De maneira muito apropriada, Jesus finalizou a comparação com as palavras do v. 11, um ensino tão importante, quem se engrandece será humilhado (Mt 23.12; Lc 18.14) e quem se humilha será engrandecido (Tg 4.10; 1Pe 5.6).

Esse ensino expressa uma verdade bíblica que pode ser conferida por toda a Escritura. Encontramos vários personagens bíblicos que provaram na prática esse ensino como, por exemplo, a princesa Jezabel, o rei Nabucodonosor e Herodes Agripa I, exaltados que foram humilhados (1Rs 21.7,23; 2Rs 9.30-37; Dn 4.30-33; At 12.20-23); enquanto José, no Egito, Ana, e o publicano são exemplos de humilhados que foram exaltados (Gn 41.41; 1Sm 1.12-20; Lc 18.9-14).

Por fim, ainda que a exaltação não venha nesta terra, vemos que a história do rico e do Lázaro prova que tanto a exaltação como a humilhação final e plena se darão na vida por vir (Lc 16.19-31), um ensino que também foi compreendido pelo salmista (Sl 73).

V. 12-14 – Apesar da comparação terminar no v. 11, o ensino de Jesus continua nos versículos seguintes. A comparação foi dirigida aos convidados, mas a lição presente entre os v. 12 a 14 foi direcionada ao anfitrião. A esse homem Jesus ensina que não se deve convidar pessoas para sua refeição apenas com a intenção de ser recompensado. Jesus havia notado que naquele banquete havia muitas pessoas importantes que competiam umas com as outras em busca do lugar mais honrado.

Jesus diz ao anfitrião que convide também as pessoas oprimidas. Ele não estava dizendo que só era apropriado convidar os oprimidos, mas com essa exortação ele estava chamando a atenção para a necessidade do amor desinteressado, ágape, da compaixão para com o próximo e do espírito humilde.

Em outras palavras, Jesus estava alertando sobre a importância que há em partilhar com aqueles que nada têm. Jesus chama para a prática da diaconia. Diferente das pessoas importantes da sociedade que poderão recompensá-lo, quando se age com compaixão para com os oprimidos, a recompensa vem do próprio Deus (Mt 25.31-46).

3. Meditação

Que a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus o Pai e a comunhão do Espírito Santo esteja com todos e todas!

Amados irmãos, amadas irmãs, não deveria ser uma tarefa difícil para nós cristãos sermos humildes, apesar de sempre termos muito do que nos orgulhar, ainda assim, como cristãos, devemos assumir o lugar mais simples sem que alguém nos diga que devemos fazer isso. E isso, especialmente no trabalho da seara do Senhor, diante do Senhor, quando estamos em oração, quando nos reunimos em comunidade, somos chamados e chamadas a servir e a assumir uma postura humilde.

E, especialmente diante de Deus, não podemos falar a respeito de nossos méritos, pois não temos nenhum e carecemos dos méritos de Cristo. Nosso apelo a Deus deve ser por perdão e misericórdia.

Quando aqui vivemos de forma humilde, vivemos pela promessa de Deus de que seremos exaltados pelo Senhor Jesus Cristo. Seremos exaltados se formos humildes. Para nós, pessoas de fé, o caminho da exaltação é a humildade.

Quando nos despimos de nosso “eu”, somos vestidos com humildade. E essa é a melhor das vestimentas. O Senhor nos exaltará em paz e felicidade de espírito. Ele nos exaltará ao conhecimento de sua vontade e à comunhão consigo mesmo. O Senhor nos exaltará na alegria da justificação e do perdão dos pecados. Deus coloca as suas honras sobre aqueles e aquelas que são capazes de vesti-las, para a glória dele.

Olhemos para o exemplo de Cristo Jesus, que desceu às profundezas da humilhação e foi elevado à posição máxima de exaltação. Jesus Cristo se esvaziou e se humilhou. Ele não se exaltou, mas foi exaltado pelo Pai. Porque se humilhou até a morte e morte de cruz, o Pai o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome. Não há como exaltar alguém mais do que Jesus foi exaltado.

Jesus Cristo é o Senhor! Diante dele todo joelho deve se prostrar tanto no céu como sobre a terra e também debaixo da terra. Todos e todas precisam se curvar e reconhecer a autoridade suprema de Jesus. Toda língua precisa confessar que ele é Senhor.

Jesus, para todo o sempre, será exaltado como o cordeiro que foi morto, mas está vivo pelos séculos dos séculos e tem as chaves da morte e do inferno. Todos os reinos dos povos serão dele. Ele colocará todos os seus inimigos debaixo de seus pés e reinará para sempre. Porém sua exaltação tem um propósito último, a glória do Pai.

Nossa vida deve se espelhar na vida de Jesus, que viveu humilde e fez tudo para honra e glória do Pai. Aprendamos com Jesus conforme ele ensina em Mateus 5.16: Assim a luz de vocês também deve brilhar, para que os outros vejam as coisas boas que vocês fazem e louvem o Pai de vocês que está no céu!. Que vivamos em humildade e façamos tudo pelo motivo certo, para honra e glória de Deus! Amém!

4. Imagens para a prédica

Oração de São Francisco de Assis

Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor, onde houver ofensa, que eu leve o perdão, onde houver discórdia, que eu leve a união, onde houver dúvida, que eu leve a fé, onde houver erro, que eu leve a verdade, onde houver desespero, que eu leve a esperança, onde houver tristeza, que eu leve a alegria, onde houver trevas, que eu leve a luz.

Ó Mestre, fazei que eu procure mais consolar que ser consolado; compreender que ser compreendido, amar, que ser amado. Pois é dando que se recebe, é perdoando que se é perdoado e é morrendo que se nasce para a vida eterna. Amém.

5. Subsídios litúrgicos

Sugestões de hinos: LCI 31; LCI 526; LCI 565; LCI 571.

Bibliografia

LOPES, Hernandes Dias. Lucas: Jesus, o homem perfeito. São Paulo: Hagnos, 2017.
STÖGER, Alois. O Evangelho Segundo Lucas. Petrópolis: Vozes, 1974.


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Autor(a): Cristiano Ritzmann
Âmbito: IECLB
Área: Celebração / Nível: Celebração - Ano Eclesiástico / Subnível: Celebração - Ano Eclesiástico - Ciclo do Tempo Comum
Área: Governança / Nível: Governança - Rede de Recursos / Subnível: Governança-Rede de Recursos-Auxílios Homiléticos-Proclamar Libertação
Natureza do Domingo: Pentecostes
Perfil do Domingo: 12º Domingo após Pentecostes
Testamento: Novo / Livro: Lucas / Capitulo: 14 / Versículo Inicial: 1 / Versículo Final: 14
Título da publicação: Proclamar Libertação / Editora: Editora Sinodal / Ano: 2021 / Volume: 46
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Auxílio homilético
ID: 68635

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O amor só é verdadeiro quando também a fé é verdadeira. É o amor que não busca o seu bem, mas o bem do próximo.
Martim Lutero
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Ó Senhor Deus, o teu amor chega até o céu e a tua fidelidade vai até as nuvens. A tua justiça é firme como as grandes montanhas e os teus julgamentos são profundos como o mar.
Salmo 36.5-6
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