Auxílios Homiléticos - Proclamar Libertação



ID: 2911

João 12.20-30

09/04/2000

Prédica: João 12.20-30
Leituras: Jeremias 31.31-34 e Hebreus 5.7-9
Autor: Augusto Ernesto Kunert
Data Litúrgica: 5° Domingo da Quaresma
Data da Pregação: 09/04/2000
Proclamar Libertação - Volume: XXV
Tema: Quaresma

1. Observações sobre a perícope

Há opiniões divergentes quanto à delimitação dos versículos. A comissão litúrgica na Alemanha delimita a perícope em 12.20-26. Mas também aí há posições diferentes. Alguns exegetas a limitam desta maneira com o argumento de que os vv. 27-30 são inclusão posterior. Outros sugerem que os w. 27-30 completam o pensamento dos vv. 20-26. Um terceiro grupo estende a perícope até o v. 32, opinando que aí conclui-se o pensamento central do texto: a glorificação de Jesus. Bultmann tem posição isolada. Ele propõe o texto 12.20-33, colocando-o na mesma linha das perícopes 8.30-40 e 6.60-71 sob o tema O ministério da morte de Jesus (Käsemann, p. 129).

Vamos ficar com o texto de Jo 12.20-30. Ele abrange o pensamento básico de que é chegada a hora de ser glorificado o Filho do homem (v. 23).

2. Exegese

Vv. 20-22: Dois pensamentos significativos para a compreensão do texto antecedem a perícope:

a) Jesus é ungido. O ocorrido tem ligação com a sua morte.

b) A entrada triunfal em Jerusalém revela o desejo popular de um rei político, de um rei que resolva os problemas políticos, sociais e econômicos de Israel. Dois caminhos completamente diferentes colocam-se diante de Jesus.

Pessoas de classes e culturas diferentes procuram a Jesus. Os motivos são os mais diversos. Agora gregos querem falar com ele. Sua fama chegou ao estrangeiro. Pessoas do mundo pagão procuram-no. Querem conhecer o homem com reputação internacional. Os discípulos Filipe e André, ambos com nomes de origem grega, servem de ponte.

V. 1.1: Ao tomar conhecimento do interesse dos gregos, Jesus não dá resposta direta. Sua manifestação é surpreendente: É chegada a hora da glorificação do Filho do homem. O plano de Deus entra em sua fase decisiva. O pedido dos estrangeiros é o sinal. Jesus está diante da escolha: seguir o caminho da cruz, já indicado quando foi ungido, ou optar pelo caminho do triunfo secular, apontado com a entrada triunfal em Jerusalém.

V. 24: Neste versículo temos, de maneira indireta, a resposta ao pedido dos gregos. Ele nos diz o que vai acontecer. O símbolo do grão de trigo explica o plano de Deus em favor do mundo. O grão de trigo traz consigo a finalidade de entregar-se para produzir novos frutos. Em seu ciclo de vida estão o morrer e renascer. Ele cai na terra para morrer e produzir. O grão que não cair na terra não produz novos frutos. Assim, a obra de Jesus, sem a sua entrega obediente à cruz, ficaria vazia, sem poder de redenção. Falaríamos de Jesus como uma personalidade igual a tantas outras lembradas nas páginas da história.

Morrendo como o grão de trigo, Jesus trouxe para nós a reconciliação e a ressurreição. O Filho seguiu o caminho da cruz e cumpriu a vontade do Pai.

Os outros evangelhos não falam do grão de trigo no sentido deste texto. Eles revelam o sofrimento e a morte, o que cobre-se com Jo 12.20-30, para atestar que Jesus, em obediência, assume o caminho traçado pelo Pai (cf. Voigt, p. 511).

Vv. 25-26: O v. 25 introduz um pensamento chocante. Fazemos de tudo para conservar a vida. O suicida, sim, detesta e joga fora a vida. Agora o texto coloca a tese de que quem ama a vida vai perdê-la e de que quem detesta a sua vida vai ganhá-la. Só é possível entendê-lo a partir da fé em Jesus Cristo. Quem ama a Jesus está pronto para servi-lo. Vence o egoísmo e dispõe-se a perdoar. Ganhamos a vida na fé em Jesus e no serviço comandado pelo amor ao próximo. Na nova vida há novos parâmetros. E quem vive a vida na fé e no serviço ganha a vida. Considerar a vida propriedade pessoal, fechando-se em si, separando-se de tudo e de todos, nega e mata a comunhão de vida, e, conseqüentemente, perde-se a vida. A nova vida dispõe para o desprendimento. Ela é diferente da vida egoísta do velho Adão. Nela rege o amor de quem amou-nos primeiro. Podemos perder a vida no serviço da fé e do amor, mas Jesus nos qualifica com a nova vida, que inicia aqui e tem como alvo a vida eterna. Perdendo a vida nu vivência da fé, ganhamos a nova vida na comunhão com Jesus.

Há acentuação diferenciada entre João e os demais evangelhos. João ressalta o servir como seguir a Jesus. Os outros salientam o carregar a cruz. Os quatro evangelhos comungam do critério de que a lei sob a qual esta o caminho de Jesus é válida para os seus seguidores (Voigt, p. 514). Ganhamos a vida com a nossa renovação. Estamos sujeitos ao sofrimento e à morte. Temos aí dois aspectos. Ganhar a vida pode significar sofrimento e morte. Significa, todavia, a morte do velho Adão em nós e o ressurgir do novo ser humano que vive em justiça e pureza perante Deus (Catecismo Menor). O alvo, a dádiva suprema, é a vida eterna. E o estar com Jesus na casa do Pai.

No texto o verbo servir tem o sentido de seguir. Quem quer aproxi¬mar-se, quem quer ver e permanecer com Jesus deve segui-lo. Seguir a Jesus tem o sentido de estar lá onde ele se encontra. Isto no mundo pode trazer rejeição e sofrimento. Seguir a Jesus tem ligação com a cruz. Ele oferece uma vida em comunhão consigo e honrada pelo Pai. O serviço acontece superando o ego. Fachada nenhuma resolve. Nenhum faz-de-conta ilude o serviço do amor. Ele é a manifestação da fé em Jesus Cristo. O Filho é glorificado e os discípulos são honrados pelo Pai. A glorificação acontece unicamente com Jesus. Seu é o poder c ele nos diz: Atrairei a todos a mim mesmo (v. 32; cf. Eichholz, p. 229).

V. 27: Jesus reconhece na visita dos gregos que a hora é chegada. O símbolo do grão de trigo aponta para a linha do exemplo do bom pastor que dá a sua vida pelas ovelhas (10.11). Acontecerá o que Caifás, involuntariamente, profetizou: Convém que morra um só homem pelo povo (11.50). Esta situação causou angústia. Na obediência ao Pai aconteceu a glorificação. O sofrimento aproxima Mestre e discípulos. Identifica Jesus com os cansados e oprimidos. Em sua missão o grão de trigo sacrifica-se e traz a justificação e a ressurreição.

Vv. 28-30: Na razão de o Verbo tornar-se carne, na obediência ao plano de salvação, no caminho da cruz e na sepultura vazia concretiza-se o anúncio: Vereis o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do homem 1.51). Também no sofrimento e na morte o céu está aberto sobre Jesus. O Pai fala com o Filho. O Filho não fica sozinho em sua angústia. Pai e Filho são um. O Filho não é poupado. Ele assume o sacrifício. O Pai não poupou-se como o fizera com o pai que deveria sacrificar o filho em Moriá (Gn 22.12). Aqui o Pai não poupa a si nem ao Filho. Não abandona o Filho. Eleva-o à glorificação. Seu amor está com o Filho. Une-se ao Filho. E todos tomam conhecimento da posição do Pai: Eu já o glorifiquei, e ainda o glorificarei (v. 28).

3. Meditação

3.1. O contexto do texto: O cap. 12 tem marcas significativas:

a) Jesus é ungido. À reação de Judas, ele declara: Deixa-a! que ela guarde isto para o dia em que me embalsamarem (12.7).
b) Lázaro, o ressuscitado, é testemunha viva do poder de Jesus. Ele deve ser eliminado. O texto ressalta a morte e a ressur¬reição. Elas são marcas da obra de Deus em favor do povo pelo qual um só homem deve morrer: o Filho de Deus.
c) Com a entrada triunfal em Jerusalém caminhos diferentes oferecem-se a Jesus. A discrepância entre o humano e o Eterno é evidente. Jesus, um rei, sim, mas nunca um rei político. Jesus, um rei, mas o rei da humildade que, como cordeiro, cumpre a vontade de Deus, liberta e justifica o ser humano para a vida eterna.

3.2. Queremos ver a Jesus! O teólogo Ernst Käsemann opina: Aqui está representado em um quadro de máximo poder simbólico que o paganismo, com um grupo avançado, sem indicação para tanto, força o encontro com Jesus, enquanto que, ao mesmo tempo, os judeus planejam assassiná-lo (p. 254).

Os gregos representam aqui o mundo não-judeu. Os discípulos, surpresos com o desejo dos gregos, consultam-se entre si antes de atenderem ao pedido. O nome de seu Mestre ultrapassou as fronteiras de Israel. Há curiosidade em uns, ansiedade e esperança em outros. E Jesus reconhece que é chegada a hora da sua glorificação.

O texto fala em pessoas gregas. Isto é sintomático. Sua língua era o idioma da diplomacia internacional. As pessoas cultas falavam e correspondiam-se em grego. Falar, no contexto, em pessoas gregas significa que o mundo tomou conhecimento de Jesus, que o mundo vem ter com ele. Muitos teólogos vêem neste acontecimento o berço da missão mundial.

A visita deu-se na semana da Páscoa. Portanto, motivos religiosos devem ter levado os gregos a procurarem Jesus. Ele não atende de maneira direta ao seu pedido. A reação de Jesus é até surpreendente. Ele responde: É chegada a hora da glorificação do Filho do homem. Também os discípulos sentem-se confusos. O caminho de Jesus ainda está encoberto para os olhos do povo. Só o Pai e o Filho conhecem o caminho, a obra, o alvo. O Filho, obediente à vontade do Pai, rejeita as expectativas dos que buscam o rei secular e assume, com humildade, a via crucis do cordeiro de Deus.

O caminho do aplauso seria a negação da cruz e a ruptura da unidade com o Pai. Mesmo tendo pleno conhecimento da vontade do Pai, do motivo de sua vinda ao mundo, da via crucis que o aguardava, a submissão obediente causou-lhe angústia.

A resposta indireta de Jesus aos gregos está no exemplo do grão de trigo e no chamado aos discípulos. Pois, diz Voigt, com o querer ver a Jesus começa o discipulado (p. 510).

3.3. O símbolo do grão de trigo aponta para a morte de Jesus. Foi lançado ao mundo, como o é o grão de trigo na terra, para trazer o novo rebento da esperança e a haste dos novos frutos. Hoje a morte com a entrega total e obediente. No terceiro dia a nova vida da ressurreição. Abre-se para os seres humanos o caminho da esperança em um futuro com reconciliação e comunhão com Jesus aqui e na casa do Pai.

Contudo, Jesus não promete um mundo de alegria e bem-estar. Ele nos oferece a renovação em espírito e na verdade. Transmite uma ética sadia. Capacita para a luta contra a sujeira na sociedade. Ajuda-me a reagir quando me diz: Não adianta varrer a sujeira para debaixo do tapete. Eu sei de tudo. Tua vida é um livro aberto para mim. Ele estende-me a mão e me faz entender e assumir o verdadeiro sentido da vida.

O exemplo do grão de trigo me diz que sou fruto do sacrifício de Jesus, que sou convidado a viver em comunhão com ele e com os irmãos e a estar com ele, no amanhã, em sua casa paterna (Jo 14.2).

3.4. Os frutos nascidos do grão que se entregou consistem em comunidades. Em seu caminho estão a cruz e a ressurreição. Nelas buscam respostas para a sua função no mundo. Sem elas perderão a sua vocação e serão simples clubes de alguma ideologia.

A cruz é inquietante. Mesmo que para muitos seja um símbolo de maior ou menor valor material e usado como pingente em uma corrente de ouro para embelezar as mulheres, a cruz nos questiona. Ela nos é consciência. E é bom que o seja. Pois onde ela for degradada a um mero símbolo de enfeite, a consciência das pessoas está adormecida. O mal sente-se livre e invade a sociedade. Basta olharmos o panorama da vida pública e social para flagrar os efeitos negativos do esvaziamento da cruz de Jesus Cristo.

A Igreja deve manter presente a cruz de Cristo em sua jornada. Assim permanecerá fiel. Compreenderá e participará do sofrimento no mundo, dos problemas que machucam as pessoas. A cruz de Cristo não termina em Gólgota, lá em Jerusalém. Ela não se limita ao tempo da Quaresma. É centro orientador de todo o ano eclesiástico. O falar e o fazer, toda a obra da Igreja tem sua razão de ser somente sob a cruz e a ressurreição de Jesus Cristo.

3.5. A Igreja sem a cruz de Cristo seria um movimento igual a tantos outros pelo mundo afora. Nada de especial a destacaria. Um homem chamado Jesus teria reunido seguidores, mantendo influência sobre eles, desenvolvendo uma ética apurada, uma nova maneira de procedimento e convívio. Tudo, porém, limitado por um conceito moral sujeito ao tempo passageiro. Agora, a obra de Jesus Cristo também é um movimento na história da humanidade e tem características como as acima enumeradas. Mas ela não termina por aí. Sua procedência e alvo são transcendentais. Ela tem a cruz e a ressurreição de Jesus Cristo. É esta sua diferença de todos e quaisquer movimentos humanos.

A sua mensagem é levada por pessoas a pessoas. A Bíblia testemunha que os apóstolos assim procederam, e a Igreja o faz em nossos dias. Em l Jo l .3 lemos: O que temos visto e ouvido anunciamos também a vós outros. No testemunho da Palavra Jesus Cristo, o eterno, está presente. Ele fundou e mantém a Igreja. Os seus mensageiros estão a caminho em nome e por envio daquele a quem é dado todo o poder no céu e na terra (Mt 28.18).

A glorificação anuncia que Jesus deixou a limitação geográfica e assumiu função e posição universal. O Filho vindo do Pai para o mundo volta para junto do Pai e recebe um nome acima de todos os nomes (Fp 2.9). Sua mensagem é levada aos quatro cantos do mundo. Os seus mensageiros, estejam onde estiverem, são acompanhados por ele. Concretiza-se a promissão: Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, ali estou no meio deles. (Mt 18.20.) O grão de trigo caiu na terra, morreu e renasceu, frutifica e multiplica-se dia após dia.

3.6. O caminho de Jesus, da angústia à alegria, do amor ao serviço, da morte à ressurreição, deixa suas marcas na vida dos cristãos. Não estamos imunes ao sofrimento. A obra da salvação é da exclusividade de Jesus, o sofrimento, porém, é companheiro de jornada também de seus seguidores. Jesus assumiu a culpa dos seres humanos. Deu a vida pelas suas ovelhas (10.12-15). E os principais dos sacerdotes, planejando a morte de Jesus, não imaginavam que estavam servindo de instrumento do plano de Deus, quando Caifás falou: Convém que morra um só homem pelo povo (11.50).

Não é fácil aceitar que na jornada do cristão haja situações difíceis. Também não é viável o cristão julgar-se dono do evangelho, pretendendo classificar salvos e condenados. Não esqueçamos que Jesus veio para salvar o que estava perdido e condenado; que os doentes precisam do médico; que convidou os cansados e oprimidos; que procurou a ovelha perdida. Isto não é desestímulo para o discípulo, mas deve ser alegria pela integração de irmãos na comunhão com Jesus. Deve ser incentivo para a busca dos que sofrem, estendendo-lhes a mão do serviço do amor. Saber-se aceito por Jesus é saber-se seu discípulo e enviado para o testemunho em palavra e ação numa sociedade doente, com problemas éticos, na saúde, na educação e, na área política e pública, sufocada pela corrupção. São marcas a serem enfrentadas pelo cristão, o qual tem a incumbência da voz profética com o testemunho do evangelho neste emaranhado de culpa. Voz profética do evangelho de Jesus Cristo e não representante de alguma ideologia político-partidária. Não é possível silenciar e continuar de braços cruzados. Não podemos engolir tudo. Fugir dos problemas, bancar o indiferente e fazer-se de cego para os problemas e desafios, ganha o cheiro da negação da cruz.

3.7. Realmente, os cristãos não estão livres de dificuldades, doenças e perseguições. Vivemos no mundo caído. E nele tentação, sofrimento e morte são dura realidade. Jesus não promete uma vida banhada por um mar de rosas. Ele fala em perder e ganhar a vida. E os pregadores devem dar-se conta disso e não se entregar à tentação da promessa descabida, o que seria iludir os membros c desmerecer a cruz. O reformador Martim Lutero, sentindo angústia na dura jornada, orou: Tu nos levantas quando nos diminuis; nos ergues aos céus quando nos lanças no inferno; nos dás a vida quando nos deixas sofrer a derrota; nos vivificas quando deixas que nos matem (apud Voigt, p. 515).

O cristão vive constantemente situações de decisão. Conhecemos de perto a tendência do velho Adão. Concorda, em termos, com a existência de Deus, desde que não implique consigo. Jesus, e por que não, até pode ser d conveniente dar-se a fachada de cristão, mas Jesus que me deixe em pá/ e não venha com essa de mudar a minha vida. O velho Adão gosta de esconder-se por trás de desculpas. Ele quer ganhar a vida à sua maneira. Desprendimento não existe em seu vocabulário. Foge dos problemas da sociedade. Todos os interesses concentram-se nele mesmo. Cuidado com os Adãos de lábios soltos e sempre prontos para formular frases piedosas e cheias de doçura. Na verdade encobrem suas segundas intenções e, com elas, a escuridão do coração. Jesus os qualifica como lobos roubadores (Mt 7.15).

3.8. Devemos ser honestos com as colocações na prédica. Evasivas, não. Panos quentes, não. Também não queiras bancar o puritano e dono do pedaço. O pregador e o discípulo não se qualificam pela dureza puritana nem pelo flagelar-se. A sabedoria da fé age com liberdade, como os que têm como se nada tivessem (l Co 7.29s.). É decisivo sermos os senhores de nossos bens e não os seus escravos. A vida ensina e a fé exige desprendimento e renúncia. Isto não quer dizer que devamos rejeitar as boas dádivas como sendo tentação perigosa. Não, mas é necessário manter-nos conscientes de que a riqueza e o bem-estar não inocentam do pecado e não tornam supérflua a sensibilidade do amor ao próximo. Êxito no trabalho, sim! Êxito na vida, sim! E por que não? Mas colocar a vida a serviço do êxito, tornando-me serviçal do lucro e cego para os problemas de outros, levar-me-á à perda da vida.

Na busca da felicidade pessoal, esquecendo-me da companheira de matrimônio, vou terminar no fracasso; no mínimo causarei sofrimento à pessoa do meu lado com a qual deveria compartilhar alegria e dor. Ganhei a vida? Não, perdi a vida pelo descaso com a pessoa mais próxima de mim (Eichholz, p. 230).

A mania de bancar o eterno inocente, culpando a tudo e todos pelos erros a acontecer, cegando-me para as próprias falhas, empurra-me mais para o fundo do banhado da culpa. Veja a situação do fariseu e do publicano! Um apresentou-se a Deus querendo ser o gostoso e o tal! O outro assumiu a realidade da culpa em sua vida. E Jesus disse: Este desceu justificado para a sua casa. (Lc 18.14.) O publicano ganhou a vida!

4. Subsídios litúrgicos

Confissão dos pecados: Deus onipotente, tu queres tomar morada nos humildes e arrependidos. Vem a nós, Senhor! Diante de ti, o santo e justo, somos pecadores e não temos condições de suportar o teu juízo. Buscamos refugio em tua graça e depositamos em ti nossa esperança, pois nos amas e por nós te entregaste à cruz. A ti pedimos: tem piedade de nós, Senhor!

Absolvição: Assim também Cristo ofereceu-se uma vez para tirar os peca¬dos de muitos. Por este se vos anuncia a remissão dos pecados. Por ele é justificado todo aquele que crê. (Hb 9.28; At 13.38,39.)

Oração de coleta: Senhor Jesus Cristo, salvador do mundo, louvamos-te com os corações cheios de gratidão. A ti procuramos em tua angústia e morte. Faze com que o teu amor seja forte em nossos corações e que nem a alegria e a dor, nem a vida nem a morte possam vencê-lo. Ajuda-nos a levar a ti nossos corações em sacrifício, entregando nossas vidas ao serviço em amor. Queiras dar-nos o reconhecimento de que não pertencemos a nós mesmos, e sim que somos propriedade do Pai no céu. Amém.

Oração final: Senhor Jesus Cristo, salvador do mundo, agradecemos-te porque salvaste os pecadores pelo sacrifício de tua morte sem qualquer mérito de nossa parte. Grande foi o teu sofrimento, amarga foi a tua morte e inigualável foi o teu amor por nós. Tu, o Filho de Deus, vieste a nós, te curvaste sob o peso da cruz, tomando sobre ti a carga da nossa culpa. Agradecemos-te por tudo e te pedimos: faze com que diariamente consideremos o teu sofrimento e a tua morte e que nos sirvam de bênção. Ajuda-nos a viver na certeza de que nos reconci¬liaste com o Deus eterno! Santifica-nos com a tua cruz, fazendo de nós teus fiéis seguidores na alegria e na tristeza, ganhando a vida da tua graça e sendo levados à morada eterna do Pai! Amém. (Arper e Zillessen, p. 57 e 59.)

Bibliografia

ARPER, ZILLESSEN. Evangelisches Kirchenbuch : 1. Band: Gottesdienst. 7. ed. 1940.
BÜCHSEL, Friedrich. Viertes Evangelium. 5. ed. Göttingen : Vandenhoeck & Ruprecht, 1949. (Das Neue Testament Deutsch).
EICHHOLZ, Georg. Herr, tue meine Lippen auf. Wuppertal-Barmen : Emil Müller, 1964. vol. 3.
FALKENROTH, HELD. Hören und fragen. Neukirchen : Neukirchener, 1978. vol. 1.
KÄSEMANN, Ernst. Exegetische Versuche und Besinnungen. Göttingen : Vandenhoeck & Rup¬recht, 1965. vol. 1.
VOIGT, Gottfried. Der schmale Weg: Reihe 1. Berlin : Evangelische Verlagsanstalt, 1984.
Proclamar Libertação 25
Editora Sinodal e Escola Superior de Teologia
 


Autor(a): Augusto Ernesto Kunert
Âmbito: IECLB
Área: Celebração / Nível: Celebração - Ano Eclesiástico / Subnível: Celebração - Ano Eclesiástico - Ciclo da Páscoa
Área: Governança / Nível: Governança - Rede de Recursos / Subnível: Governança-Rede de Recursos-Auxílios Homiléticos-Proclamar Libertação
Natureza do Domingo: Quaresma
Perfil do Domingo: 5º Domingo na Quaresma
Testamento: Novo / Livro: João / Capitulo: 12 / Versículo Inicial: 20 / Versículo Final: 30
Título da publicação: Proclamar Libertação / Editora: Editora Sinodal / Ano: 1999 / Volume: 25
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Auxílio homilético
ID: 12799

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Que o Senhor, nosso Deus, esteja conosco. Que Ele nunca nos deixe nem nos abandone!
1Reis 8.57
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