Prédica: Êxodo 16.2-4,9-15
Leituras: João 6.24-35 e Efésios 4.1-16
Autoria: Gerson Correia de Lacerda
Data Litúrgica: 10° Domingo após Pentecostes
Data da Pregação: 01/08/2021
Proclamar Libertação - Volume: XLV
A oportunidade da crise
1. Introdução
Com pequena variação dos versículos bíblicos, está é a quarta vez que o capítulo 16 de Êxodo é objeto de estudo em Proclamar Libertação. Sugerimos que, na utilização do presente auxílio homilético, os outros textos publicados sejam igualmente examinados. Eles encontram-se nos volumes: 14, p. 283, escrito por Clóvis Horst Lindner; 28, p. 276, texto de Martin Volkmann; 36, p. 251, por Carlos A. Dreher.
O primeiro texto não seguia o padrão atual da publicação. Assim, não menciona outras leituras bíblicas, limitando a comentar o texto da prédica (Êx 16.2-3,11-18). O segundo, além de comentar o texto da prédica (Êx 16.1-5,12-21), faz breve referência ao texto de João, que, aliás, não era um dos indicados para as demais leituras. O terceiro texto, de 2012, relaciona o texto da prédica com o texto de João, mas observa que é muito difícil estabelecer alguma vinculação entre os textos de Êxodo e de Efésios.
De fato, é fácil relacionar os textos de Êxodo e de João. O evangelho narra o encontro de uma multidão com Jesus. Aquela multidão fora alimentada gratuitamente com os pães e peixes multiplicados pelo Senhor. Ao encontrá-lo, as próprias pessoas referiram-se ao maná no deserto. Jesus aproveitou para declarar: Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim jamais terá fome, e quem crê em mim jamais terá sede (Jo 6.25).
Por sua vez, o texto de Efésios fala de Jesus como aquele que desceu dos céus (Ef 4.10). Recomenda que as pessoas deixem de ser crianças instáveis (Ef 4.14), exatamente como ocorrera com o povo de Israel no deserto. Também apela para que as pessoas cristãs, diferentemente do povo de Israel, que murmurara contra Deus no deserto, vivesse de maneira digna da vocação a que fora chamado, com toda a humildade [...] (Ef 4.1). Nesses três pontos destacados é possível estabelecer conexão com o texto da prédica.
2. Exegese
Deserto: lugar de tentação ou caminho de libertação? (v. 1)
Na Bíblia, temos duas interpretações para o significado do deserto. Para constatarmos isso, basta examinar dois textos antagônicos a respeito da peregrinação apresentada no livro do Êxodo: Diz o Senhor: A casa de Israel se rebelou contra mim no deserto, não andando nos meus estatutos e rejeitando os meus juízos [...] (Ez 20.13; cf. Ez 20.10-25). Assim diz o Senhor: “Lembro-me de você, meu povo, da sua afeição quando era jovem, do seu amor quando noiva e de como você me seguia no deserto, numa terra que não é semeada” (Jr 2.2).
Na verdade, não há que se optar entre as duas alternativas. De fato, o termo deserto contém essa ambiguidade. Não é isso o que demonstra a narrativa do que ocorreu com Jesus? O texto do evangelho afirma que ele foi levado para o deserto para ser tentado pelo diabo e, ao mesmo tempo, que ele permaneceu fiel e saiu fortalecido para iniciar seu ministério. Ou, como diz o Evangelho de Marcos, no deserto, Jesus estava com as feras e os anjos o serviam (Mc 1.13).
Murmuração: simples crítica ou verdadeira rebelião? (v. 2)
A tradução de Almeida refere-se à murmuração, que tem o sentido de criticar, lastimar, queixar-se etc. Na verdade, o termo hebraico tem um significado muito mais intenso. Refere-se, de fato, a uma rebelião. Além disso, deve-se notar que o texto bíblico não fala simplesmente da queixa do povo (texto paralelo de Nm 11.1), mas de uma rebelião de toda a congregação de Israel (Êx 16.2), o que possui um significado mais específico, referindo-se à “assembleia do povo de Deus” ou, ainda, à “comunidade reunida”.
Rebelião: contra Moisés ou contra Deus? (v. 8)
Outra questão importante é contra quem o povo estava se rebelando organizadamente. O texto bíblico, por um lado, repete duas vezes que a rebelião era contra Moisés e Arão (Êx 16.2,3), mas, por outro lado, em ambas as ocasiões, afirma que a rebelião era contra Deus (Êx 16.7-19). Na verdade, Moisés e Arão consideravam-se simples representantes de Deus. Não eram eles os heróis da libertação, mas Deus era o grande libertador.
Egito: visão do passado correta ou idealizada? (v. 3)
Um argumento forte a favor da rebelião apresentado pelo povo procede da comparação entre a situação vivida no Egito e a situação vivida no deserto. É certo que o deserto era o caminho da libertação. Porém não era um caminho suave e florido. Ao contrário, era um caminho de privações e dificuldades. Nesse caminho, o povo de Israel pôs-se a fazer uma revisão de sua avaliação sobre o passado. Contudo, não era uma revisão justa e imparcial. Na verdade, era uma revisão distorcida, que fornecia uma interpretação idealizada do passado. O Egito não era mais relembrado como local em que os egípcios, com tirania, escravizaram os filhos de Israel, e lhes amargaram a vida com dura servidão (Êx 1.13,14). Ninguém lembrava mais que os filhos de Israel gemiam por causa da sua escravidão. Eles clamaram, e o seu clamor chegou até Deus (Êx 2.23). No deserto, os filhos de Israel lembravam-se que, no Egito, sentavam-se junto às panelas de carne e comiam pão à vontade (Êx 16.3). Certamente, era uma interpretação idealizada do passado causada pelas dificuldades do presente. Tal interpretação trazia no seu bojo o desejo de volta a um passado que nunca existira e a desistência de uma caminhada rumo a um promissor futuro de liberdade.
Pão do céu: fé em Deus ou confiança no acúmulo? (v. 4)
Diante da rebelião do povo de Israel, o Senhor se dirige a Moisés e lhe diz: Eis que farei chover do céu pão para vocês (Êx 16.4). Carlos A. Dreher explica claramente a origem do “pão do céu” representada pelo maná e pelas codornizes:
Tais milagres, na verdade, são fenômenos naturais, comuns na região do Sinai até hoje. As codornizes são aves que, por volta de setembro, ao voltarem de sua migração para a Europa, já cansadas pelo longo voo e impulsionadas pelo vento sobre o mar, pousam no deserto, semimortas de cansaço. Então fica bem fácil capturá-las. O maná é resultado do trabalho de pequenos insetos que sorvem a seiva de algumas tamareiras para alimentar suas larvas. Deixam o resto cair no chão, em forma de pequenas gotas endurecidas e com sabor de mel. Tais gotas ficam parecendo pequenas sementes espalhadas pelo solo. E são comestíveis (Proclamar Libertação 36, p. 252s).
Aqui temos dois pontos a destacar: a) Jesus aproveitou exatamente a imagem do pão do céu, destacando que assim como Deus deu, pela sua graça, o pão do céu para alimentar os filhos de Israel no deserto, da mesma forma, referindo-se a si mesmo, ele é o verdadeiro pão do céu que dá vida ao mundo (Jo 6.33). b) Deus não forneceu alimentação antecipada para todos os dias da peregrinação. Ao contrário, a cada dia, os filhos de Israel tinham de colher o maná suficiente para o sustento de um dia somente. Não deviam acumular para garantir todo o sustento, mas tinham de se colocar na dependência de Deus, confiando, a cada dia, na sua providência. Aliás, foi isso mesmo o que o Senhor Jesus ensinou aos seus discípulos quando lhes disse para orarem dizendo: O pão nosso de cada dia nos dá hoje.
Provação: o ser humano prova Deus ou Deus prova o ser humano? (v. 4)
A rebelião dos filhos de Israel pode ser interpretada, realmente, como um ato deliberado de colocar Deus a prova. Isso não é descrito exatamente com tais palavras no texto bíblico da prédica. Contudo, é exatamente dessa maneira que a rebelião é interpretada na ótica divina em outros textos (Nm 14.11,22). Isso quer dizer que, mesmo depois de terem presenciado grandes e poderosos milagres da atuação divina, os filhos de Israel ainda não depositavam sua confiança em Deus. Ao contrário, desejavam ter mais garantias da presença de Senhor em seu meio. Na verdade, isso ocorre frequentemente. Na dúvida, o ser humano sempre quer ter provas e mais provas da presença contínua de Deus. Diante da falta de fé do ser humano, que busca provar Deus, o Senhor não se submete, mas faz exatamente o oposto, ou seja, Deus coloca o ser humano a prova. Foi o que ocorreu no deserto. Ao prometer a chuva de pão do céu, ele ordenou que o povo saísse e recolhesse somente a porção para cada dia, declarando: Eu os porei à prova [...] (Êx 16.4). Em outras palavras, enquanto os filhos de Israel desejavam uma solução definitiva para seu problema de alimentação, Deus respondia concedendo uma solução provisória. Eles estavam sendo provados pelo Senhor que tencionaram provar.
A resposta de Deus: lei ou graça? (v. 9)
Já destacamos que essa rebelião dos filhos de Israel contra Deus não foi a única a ocorrer no tempo da peregrinação. No texto semelhante de Números, o Senhor respondeu a Moisés que foram dez as rebeliões. Certamente, aquele povo era rebelde. No texto da prédica deste domingo, ao afirmar que iria colocar os filhos de Israel à prova, Deus acrescentou: [...] para ver se andam na minha lei ou não (Êx 16.4). Diante dessa expressão, somos levados a concluir que o Senhor é um Deus legalista, ou seja, uma divindade que exige obediência à sua lei para se relacionar com o seu povo? Se assim for, tendo em vista a rebelião dos filhos de Israel, então Deus deveria aguardar, primeiramente, arrependimento e mudança de vida para, posteriormente, providenciar socorro. No entanto, segundo o texto bíblico, nada disso sucedeu. De fato, o povo revoltou-se e acusou Moisés e Arão de trazê-lo para o deserto a fim de matá-lo. Diante da rebelião, Deus declarou: Cheguem-se à presença do Senhor, pois ele ouviu as murmurações de vocês (Êx 16.9). De um lado, pois, estava um povo rebelde; de outro lado, estava um Deus gracioso. Aliás, no texto semelhante de Números, quando o povo se revoltou, Moisés intercedeu por ele junto ao Senhor. Nessa oportunidade, em nenhum momento, argumentou em favor do seu povo destacando suas virtudes, boas obras ou obediência à lei divina. Foi exatamente o contrário. Moisés orou dizendo: Perdoa, pois, a iniquidade deste povo, segundo a grandeza da tua misericórdia e como também tens perdoado a este povo, desde a terra do Egito até aqui (Nm 14.19). Portanto Deus não respondeu à rebelião com os rigores da lei, mas com a manifestação de sua maravilhosa graça.
3. Meditação
Neste momento em que estamos preparando este auxílio homilético, nosso mundo atravessa uma crise terrível, provocada pela Covid-19. Tudo começou numa província chinesa, no ano de 2019, de onde surgiram as primeiras notícias de uma epidemia provocada por um novo vírus, contra o qual não existiam medicamentos eficazes. Rapidamente, aquela província foi fechada, mas, mesmo assim, já era tarde demais. Com uma velocidade incrível, o vírus foi se espalhando. Finalmente, chegou ao nosso país. Já não era uma epidemia, mas uma pandemia, segundo a Organização Mundial da Saúde. No Brasil, juntamente com a grave crise no setor da saúde, acrescentaram-se a crise econômica e a crise política.
Diante disso, passou-se a falar de uma crise sem nenhum precedente na história de nosso país. Decretou-se o isolamento das pessoas nas suas casas e o distanciamento social. Com isso, também o campo religioso foi afetado. Os templos tiveram de permanecer fechados. Os cultos e demais atividades das igrejas passaram a ser virtuais.
Nesse contexto, a boataria tornou-se imensa, inclusive a boataria de teor religioso. Muita gente começou a identificar na crise atual o início do fim do mundo, utilizando para isso versículos bíblicos isolados, totalmente fora de seu contexto.
Por isso sugerimos como tema para a prédica deste domingo a ideia de crise (qualquer crise). A crise não tem somente um sentido negativo. Ela não significa somente fim, mas também oportunidade.
Foi exatamente isso o que ocorreu na grave crise enfrentada pelos filhos de Israel, segundo o texto principal da prédica. Inicialmente, eles foram beneficiados por José, filho de Jacó. Receberam, no Egito, a terra de Gósen para habitar e nela adquiriram propriedades, foram fecundos e se multiplicaram (Gn 47.27). Depois, com a subida de um novo faraó (talvez o início de uma nova dinastia), passaram a viver como escravos.
O sofrimento foi tão intenso, que houve um clamor ao Senhor que, em resposta, providenciou a libertação por intermédio de seu servo Moisés, prometendo levar os filhos de Israel para uma terra boa e ampla, terra que mana leite e mel (Êx 3.8).
Foi com essa promessa divina que eles saíram do Egito. Estavam deixando a terra da escravidão para a terra da liberdade.
Havia, contudo, um porém: entre a terra da escravidão e a terra da liberdade havia o deserto. E foi no deserto que sobreveio a crise: a crise da fome, a crise da falta de água, a crise da peregrinação, a crise da dúvida da presença de Deus. Nessa crise, os filhos de Israel sentiram que tinham chegado ao fim. Por isso disseram a Moisés e Arão: Vocês nos trouxeram a este deserto a fim de matarem de fome toda esta multidão (Êx 16.3).
Temos de entender bem a atitude do povo. Afinal, os filhos de Israel habitaram o Egito por 430 anos (Êx 12.40). Foram séculos de opressão, em uma situação de vida à qual tinham se acostumado. Por mais contraditório que possa parecer, na escravidão, os filhos de Israel estavam na sua zona de conforto.
A libertação foi o rompimento com a estabilidade da escravidão. A peregrinação pelo deserto representava a novidade desconhecida. Não dispunham de um mapa de viagem a ser seguido. Caminhavam seguindo uma coluna de nuvem durante o dia e seguindo uma coluna de fogo durante a noite (Êx 13.21). Caminhavam como Abraão tinha caminhado, sem saber o caminho (Gn 12.1-4). Ou, como escreveu o poeta espanhol Antônio Machado (1875-1912): “Caminhante, não há caminho; o caminho se faz ao caminhar”.
Contudo, essa crise da libertação e da peregrinação sem rumo conhecido previamente também era a oportunidade de uma nova vida. Não a vida de segurança na zona de conforto da escravidão, mas a vida de fé na liberdade em uma terra desconhecida.
Indicamos, a seguir, ainda que rapidamente, alguns aspectos da oportunidade oferecida pela crise vivida pelos filhos de Israel na peregrinação.
Oportunidade de viver olhando para frente
O texto da prédica indica claramente que os filhos de Israel, diante da insegurança da vida de peregrinação no deserto, olharam para trás. Não viram as oportunidades do futuro nem as agruras do passado. Pior ainda: perderam a memória fiel do passado, passando a enxergá-lo como um tempo de bem-aventurança.
Podemos lembrar aqui as palavras do Senhor Jesus que disse: Ninguém que põe a mão no arado e olha para trás é apto para o Reino de Deus (Lc 9.62). Era isso o que o povo de Israel tinha de aprender, caminhando com fé no futuro providenciado por Deus.
Oportunidade de viver com confiança sob a soberania de Deus
Uma característica do ser humano é a busca do controle da existência. Foi exatamente isso o que demonstrou Jesus na parábola do rico tolo. Nela, ele falou de um homem que se preocupou em acumular bens. Sua intenção era a de possuir tanta riqueza a ponto de poder dizer para si mesmo: Você tem em depósito muitos bens para muitos anos; descanse, coma, beba e aproveite a vida (Lc 12.19). Mas Deus lhe disse: Louco! Esta noite pedirão a sua alma; e o que você tem preparado, para quem será? (Lc 12.20)
Não é fácil viver com segurança tendo fé na soberania de Deus! Mas era isso que os filhos de Israel teriam de aprender recolhendo o maná para cada dia.
Oportunidade de viver sob a graça de Deus
Uma característica que marcou a peregrinação dos filhos de Israel no deserto foi a murmuração contra Deus. Tal rebelião pressupõe a exigência de um direito que lhes fora concedido, visto terem sido eleitos por Deus como filhos de Abraão. No entanto, a libertação da escravidão não era o atendimento a um direito, mas a manifestação da graça de Deus. O mesmo se pode dizer a respeito da concessão divina de sustento em pleno deserto. Em tudo, Deus estava, solicitamente, manifestando a sua graça.
Podemos lembrar aqui a pregação de João Batista no deserto, na qual, dirigindo-se aos fariseus e saduceus, disse: Raça de víboras! [...] Não pensem que podem dizer uns aos outros: “Temos por pai Abraão [...]” (Mt 3.8). Os filhos de Israel precisavam, pois, aprender que nada podiam reivindicar, mas tão somente viver sob a graça de um Deus amoroso.
4. Imagens para a prédica
O nosso sustento vem do Senhor
Um jovem pastor foi visitar uma igreja que pretendia convidá-lo para o pastorado. Depois, foi visitar um colega mais velho para lhe contar as novas. Ele apresentou uma adversativa terrível:
– O problema é que eles não estão oferecendo um bom salário e, pelo que estão oferecendo, eu não vou.
O colega mais experiente ficou desapontado. Quando o jovem pastor se retirou, um dos filhos do pastor disse:
– Que coisa triste colocar o dinheiro em primeiro lugar! Todas as vezes que nos mudamos, você nunca colocou o salário em primeiro lugar.
Constrangido, o pai completou:
– Deus nunca deixou faltar nada. O sustento vem dele.1
Pegadas na areia
Uma noite eu tive um sonho... Sonhei que andava a passear na praia com o Senhor e, no firmamento, passavam cenas da minha vida. Em cada cena que passava, percebi que ficavam dois pares de pegadas na areia: um era meu e outro era do Senhor. Quando a última cena da minha vida passou diante de nós, olhei para trás, para as pegadas na areia, e notei que muitas vezes, no caminho da minha vida, havia apenas um par de pegadas na areia. Notei também que isso aconteceu nos momentos mais difíceis e angustiosos do meu viver. Isso me aborreceu e perguntei ao Senhor:
– Senhor, tu disseste-me que andarias sempre comigo, em todos os caminhos. Contudo, notei que, durante as maiores atribulações do meu viver, havia apenas um par de pegadas na areia. Não compreendo por que, nas horas em que eu mais necessitava, tu me deixaste sozinho.
O Senhor respondeu-me:
– Meu querido filho. Jamais te deixaria nas horas da prova e do sofrimento. Quando viste, na areia, apenas um par de pegadas, eram as minhas. Foi exatamente aí que eu te carreguei no colo.2
Caminhante
Caminhante, são teus passos o caminho e nada mais.
Caminhante, não há caminho; faz-se caminho ao andar.
Ao andar se faz caminho e, ao voltar a vista atrás,
se vê a senda que nunca se voltará a pisar.
Caminhante, não há caminho, mas sulcos de escuma ao mar.3
5. Subsídios litúrgicos
Oração suplicando esperança
Deus de nossas vidas, tu nos chamas para seguir-te rumo ao futuro.
Tu nos convidas a novas aventuras, a contemplar novos horizontes.
Tu sempre encontras novas maneiras de tocar o nosso coração.
Quando estivermos com medo do desconhecido, dá-nos coragem.
Quando nos lamentarmos considerando-nos incapazes,
e quando nos sentirmos cansados e desapontados,
relembra-nos que tu geras o novo e a esperança.4
Oração de gratidão
Graças, Senhor, pela graça da vida e da ressurreição. Graças pelo corpo maravilhoso que nos deste, pelo ar que respiramos, pelo chão que pisamos, pelo céu que nos cobre. Graças pelo corpo espiritual que há de vir, pela ressurreição em Cristo para a herança do reino. É maravilhoso, Senhor, saber que os que choram serão consolados; os humildes serão exaltados; e os mansos herdarão a terra. Graças, Senhor, pela paz que virá depois das aflições, das lutas e das guerras. Graças, Senhor, pela tua igreja. Graças, Senhor, pela graça da fé que nos reconcilia com a tua justiça e nos permite a graça de te agradecer. Amém. (Autoria desconhecida.)
Bênção
Nas noites do deserto, que o Senhor caminhe à nossa frente.
Nas tempestades da vida, que o Senhor seja a nossa proteção.
Nas incertezas da alma, que o Senhor seja a nossa esperança.
Nas alegrias e nas vitórias, que ao Senhor seja o nosso louvor.
A bênção do Deus Pai, Filho e Espírito esteja sempre conosco. Amém!5
Notas:
1 MORAES, Jilton. Ilustrações e Poemas para Diferentes Ocasiões. São Paulo: Editora Vida, 2010. p. 114.
2 Autoria reivindicada por várias pessoas.
3 Antonio Machado, Poema XXIX de Provérbios e Cantares.
4 ALVES, Rubem (Org.). CultoArte – Celebrando a Vida – Tempo Comum. Petrópolis: Vozes; Cebep, 2000. p. 29.
5 ALVES, Rubem (Org.). CultoArte – Celebrando a Vida – Quaresma e Páscoa. Petrópolis: Vozes; Cebep, 2001. p. 36.
Bibliografia
BORTOLINI, José. Roteiros Homiléticos – Anos A, B, C – Festas e Solenidades. São Paulo: Paulus, 2012.
BUZZI, A. R.; BOFF, Leonardo (Coord.). A Mesa da Palavra. Petrópolis: Vozes, 1983.
DAVIDSON, F. (Ed.). O Novo Comentário da Bíblia. São Paulo: Vida Nova, 1963.
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